A Grande Desaceleração
Por
Sidney Caicó*
As
pessoas estavam caminhando rápidas demais com invenções de valores que
fundamentassem e dessem um sentido à vida. Agregaram valores, muitos virtuais e
rituais, às diversas coisas, onde possivelmente não há nenhum: terras, papéis,
metais, combustíveis, tecidos, trabalhos, comidas, energias, economia global e nacional,
o dólar, tudo supervalorizado e muito além do que é necessário.
—
E agora durante a Grande Desaceleração, por causa da Covid 19, o que realmente
tem sentido e valor real? O que é real e o que era virtual na sua vida?
Uma
supervalorização virtual das coisas é uma imperfeição do nosso intelecto, tendo
em vista que engrandecer algo em níveis virtuais e muito além de seu valor real
é um embuste. Essa supervalorização das coisas só tem sentido para uma minoria
que habita o planeta terra; pois controlam e dominam as demais; o que é na
realidade uma falha durante o processo da evolução do nosso intelecto e dessa
forma nos prega uma peça.
Sabemos
que na antiguidade o Ser Humano era um Ser mais instintivo, pois a natureza
tinha o domínio e todo o intelecto circundava as formas biológicas da sobrevivência.
Todas as preocupações estavam relacionadas ao comer, ao abrigo, à
sobrevivência, a morte simplesmente passava, e o intelecto humano ainda estava
em formação. Na modernidade o Ser Humano é mais racional, acredita que possui o
domínio da natureza e todo seu intelecto submergiu parte dos mais primitivos
aspectos biológicos e as preocupações com a sobrevivência passaram para um
segundo estágio.
—
Isso é ótimo! Hoje ainda pensamos o que comer e onde encontrar o abrigo,
entretanto com algo bem maior no ápice das transformações do intelecto e das
suas efêmeras preocupações: a Cognição.
A
maravilha da Criação Divina, o farol dos náufragos, a luz fora da caverna: a
magna Cognição. Essa maestria e fabulosa capacidade de pensarmos o tudo e não
suas formas particulares. Podemos orquestrar os processos mentais e
transformarmos numa majestosa sinfonia; grandes são as imensuráveis descobertas
e inúmeras são as criações que podemos alcançar. Criamos mundos inimagináveis,
sejam virtuais ou reais, vivemos em diversos mundos; e tudo de forma gratuita.
Porém, agregaram às nossas criações e descobertas valores que são impostas e
com condições para que todas as pessoas possam dimensionar algo com tamanha
grandeza.
—
Mas, o que realmente tem valor e que valor é esse que faz os instintos entrarem
em erupção, submergindo a razão? Quando o Ser Humano ver o mundo real transcendendo
o virtual, logo habita uma caverna.
Com
o isolamento social, com o espírito da morte vigiando as ruas e o mundo, com
mercados fechados, empresas fechadas, com crescimento econômico e especulações
desvalorizadas, com templos fechados, com os grandes coliseus fechados,
galerias de artes ou demais vendas de bugigangas fechadas, com esse grande e
animado cabaré fechado, o mundo entrou no período da Grande Desaceleração.
Agora podemos tirar as traves dos olhos e vermos a verdade que pode nos libertar.
Em
que época realmente estais vivendo? Em uma primitiva ou racional?
Supervalorizamos a modernidade e supervalorizamos as tecnologias. Os nossos
guias até aqui foram os cegos, seguimos por atalhos que causaram bugs à nossa
cognição.
—
Olhem agora, tirem suas vendas, seus grilhões estão soltos, vejam a Grande
Desaceleração.
A
razão nos pregou uma peça. Vivemos ainda nas cavernas. Nunca fomos tão
selvagens.
*Texto produzido por
Sidney Caicó – colaborador de Assessorn.com
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