Sem
políticas públicas para a área, fotógrafos se articulam e formam rede visando
acompanhar tendências nacionais
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Foto: Fábio Cortez/DN
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“Imagem é tudo”. A frase virou quase aforismo. E
antes valorizasse o segmento da fotografia. E produtores fotográficos nem
querem “tudo” com suas imagens. Um movimento nacional já com braços articulados
em Natal reivindica apenas uma cota específica na hora da divisão do bolo do
orçamento destinado à cultura.
Depois da criação das redes potiguares de música, e
da formação das redes de teatro e cinema, fotógrafos têm se articulado em torno
da Rede Poti de Fotografia – uma espécie de braço da Rede de Produtores
Culturais da Fotografia no Brasil. A intenção é acompanhar a tendência nacional
de independência do setor nos meandros culturais.
“Não há política pública específica para a
fotografia. O orçamento federal é destinado ao audiovisual. E neste bojo está o
cinema, as artes plásticas, o grafite, a performance, o hip hop, a moda e
também a fotografia. Só o cinema abocanha 85% dos recursos. Praticamente nada
sobra pra gente”, lamentou o presidente da Aphoto, Alex Gurgel.
A Associação Potiguar de Fotografia é a única
entidade em defesa do segmento no Rio Grande do Norte. Possui 120 associados em
dia. Entre eles, profissionais renomados a exemplo de Marcelo Buainain,
Adrovando Claro, Pablo Pinheiro, Ricardo Junqueira, e outros, além de milhares
de simpatizantes cadastrados em suas redes sociais.
Alex Gurgel tem feito campanha para que fotógrafos
potiguares tomem a iniciativa de ingressar nos conselhos e câmaras setoriais da
cultura para defender mais espaço à categoria. “É claro que o conselheiro que é
músico olhará com melhores olhos projetos musicais. O cineasta com o cinema. O
poeta com a literatura. Precisamos de fotógrafos nesses campos para termos vez
e voz”, sugeriu.
Um dos setores importantes neste quesito já pode ser
pleiteado. Basta o fotógrafo entrar no site do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br/setoriais) e se cadastrar para a
seleção de delegados estaduais para representar o Rio Grande do Norte no
Conselho Nacional de Produtores Culturais da categoria. O Rio Grande do Norte
já possui 30 cadastrados, atrás apenas de São Paulo, com 32.
“A fotografia é a mãe do cinema e prima mais velha
das artes plásticas, da pintura. É o segundo produto mais consumido do mundo,
dizem especialistas. O primeiro é o sexo, que usa até fotografia para promoção.
É um segmento cultural que irá completar 200 anos. Merecemos mais atenção.
Queremos um Salão da Fotografia, e não concorrer junto com esculturas e todo
tipo de pinturas no Salão de Artes Visuais. Ou na disponibilidade dos recursos
públicos, concorrer com o audiovisual. Fotografia não tem som”, reclama Alex
Gurgel.
Encontro
nacional
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Foto: Divulgação
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No último fim de semana, Alex Gurgel participou do
Encontro Norte-Nordeste de Produtores Culturais da Fotografia. O evento
aconteceu em Belém do Pará, e funcionou como prévia do Encontro Nacional que
acontecerá no mês de Novembro, em Fortaleza. Antes disso, em 19 de Agosto, a
Aphoto promove o Fotoriografia do Norte: um fórum para discutir a radiografar a
fotografia potiguar.
“Abordaremos a questão a produção de livros de
fotografia, o direito autoral, projetos culturais que envolvam o setor, a
fotografia como veículo de inclusão digital, a história da fotografia no Rio
Grande do Norte, e pretendemos convidar Itamar Nobre, da UFRN para propormos um
curso de extensão na Universidade envolvendo a fotografia”. Alex ressalta que
deste fórum sairá a Carta de Natal, que será levada ao encontro em Fortaleza.
Memória perdida
Uma das ideias da Rede Poti de Fotografia é a
criação de uma Casa da Fotografia. Espaço para exposição, lançamento de livros,
e principalmente um ambiente climatizado para acervo fotográfico impresso e
digital, responsável pela memória fotográfica da cidade, hoje dispersa em
computadores particulares ou nos setores de arquivos de jornais.
“Darei um exemplo: faremos pelo oitavo ano seguido a
Expedição Noturna Natalina. Registramos em fotografia a iluminação de Natal. É
um acervo que fica pra história. E nada recebemos por isso. A prefeitura premia
a fachada mais bonita de casas e instituições. E quando acaba o período
natalino e as luzes são retiradas, o que fica? A foto, o registro! Mas isso não
é valorizado”, reclama Alex Gurgel.
A Aphoto também pretende criar o Dia do Fotógrafo
Potiguar. Um processo com o pleito já corre nos corredores da Assembleia
Legislativa. O Dia Nacional a Fotografia já é comemorado em 8 de janeiro. E o
Dia Mundial, em 19 de agosto. A data escolhida para celebrar o Dia Potiguar da
Fotografia foi 26 de setembro.
A data de 26 de setembro rende homenagem à provável
primeira fotos tirada no Rio Grande do Norte. A autoria é do alemão Bruno Max
Bourgard. Ele veio do Recife e clicou a imagem de flagelados da seca reunidos
em frente à casa do então governador Tavares de Lira, na subida da Junqueira
Aires – hoje o prédio abriga o Solar Bela Vista. A foto é datada de 1905.
Aphoto
– Associação Potiguar de Fotografia
CONVOCATÓRIA FOTOGRÁFICA - DIA 03 JULHO