Ao longo de
milhares de anos, o ser humano vem trilhando o caminho da adaptação em busca da
sobrevivência. Na linha evolutiva, um dos aspectos que contribuíram para a
perpetuação da espécie humana foi a procura pela melhoria da qualidade de vida,
por meio da ciência e da tecnologia.
À medida que
novas descobertas são realizadas ou aprofundamos nossos saberes, com a
sistematização de métodos baseados na observação, a leitura do que já foi
publicado sobre determinado tema, a experimentação e a análise de causas e
efeitos, surgem novos conhecimentos que beneficiam a humanidade.
Aliada ao
rigor das pesquisas científicas, a curiosidade e a vontade de aprender são a
mola propulsora para o progresso da espécie humana, pois trazem resultados que
podem a ser desfrutados nas nossas vidas em atividades rotineiras, como a
escolha dos melhores alimentos para uma refeição, a compreensão de fatos do
nosso cotidiano com base na história, o cálculo para o orçamento do mês, o uso
de medicamentos para tratar doenças, as previsões climáticas, entre outros
inúmeros exemplos.
Dessa forma,
toda e qualquer pessoa precisa se apropriar do conhecimento científico para intervir
no mundo sobre temas complexos ou simples, pois a ciência tem impacto direto na
vida de todos. Nessa perspectiva, com foco na popularização da ciência e na
desmistificação da imagem do cientista, que costuma ser visto como uma pessoa
inalcançável, o Parque das Ciências da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) oferece um espaço de educação e de divulgação científica, que tem
o objetivo de despertar o interesse pelas ciências, cultura e tecnologia.
Mostrando
que todos nós devemos ter um pouco de cientista e aproximando a academia da
população, o parque é coordenado pela professora do Departamento de
Microbiologia e Parasitologia (DMP), Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo. “O
espaço nasceu com a intenção de ser um museu e já funciona há mais de 10 anos,
desde o início no MCC-UFRN. Então, esse é um local de ensino não formal, com
foco nas ciências como física, química e biologia”, explica a professora
Magnólia.
Hoje o
parque funciona como um programa de extensão, ligado ao Núcleo de Educação em
Ciências da UFRN. O espaço conta com três salas, com exposições interativas e
atividades diversas, além do ambiente externo com mesas para piquenique e
amostras artísticas de animais extintos.
Além das
oficinas para os visitantes do local, o programa oferta ainda capacitações para
professores de ciências da rede pública. Os cursos são divulgados pelas redes
sociais e em forma de convite enviado às Secretarias Públicas de Educação
(municipal e estadual). Diversas temáticas já foram debatidas, como a sustentabilidade
ou a respeito do ensino das ciências, com a exposição de experimentos a serem
reaplicados nas salas de aulas sem a necessidade de muitos materiais ou de uma
estrutura de laboratório.
Dessa forma,
o público-alvo de visitação é amplo, já que o espaço recebe de crianças bem
pequenas até adultos, como escolas infantis e professores em formação. Os
visitantes são recebidos por monitores como João Mateus Pinto de Araújo, que
trabalha há dois anos na sala de Biologia e considera a exposição dos crânios
de hominídeos a atividade que chama mais atenção do público.
Nessa
mostra, ocorre uma comparação entre as características dos crânios em cada
época da evolução, do Paranthropus bosei ao Homo sapiens, relativas ao formato
da cavidade ocular, dos ossos nasais ou do tamanho do cérebro. “No
evolucionismo, nem sempre o mais forte permanece, mas segue a espécie que
melhor se adapta. O ser humano é um exemplo porque está presente em boa parte
do planeta até hoje, em termo de população”, explica João Mateus.
Um dos
visitantes que se encantou com os crânios foi Rafael Oliveira, 8 anos, que
inicia a 4ª série do Ensino Fundamental em 2019. Para o garoto, as disciplinas
favoritas na escola são história, geografia e ciências, mas elas costumam ser
abordadas de forma predominantemente teórica, na opinião dele. “As aulas são
mais explicativas, então, fazer uma visita a um museu ou a um parque é muito
mais legal porque é interativo e divertido”, opina.
Como passeio
de família, Evelyn Barros levou a filha de 3 anos, Maria Júlia, para visitar o
Museu Câmara Cascudo (MMC-UFRN). Ela conta que ficou surpresa ao saber que no
local há também o Parque das Ciências. “Gostamos bastante e acho importante
esse tipo de espaço, principalmente porque sentimos falta de mais lugares como
esse na cidade”, explica.
Na equipe do
Parque, há três docentes fixos e cerca de 15 monitores, além de alunos de
pós-graduação e professores de diversas áreas que atuam temporariamente. Os
monitores são alunos das graduações de Química, Física e Biologia, os quais são
orientados a suscitar a curiosidade nos visitantes a fim de incentivar a
participação.
Para 2019, a
coordenadora do Parque das Ciências explicou que há o planejamento para
implantar um jardim sensorial, com foco na inclusão de pessoas cegas. Portanto,
o ambiente vai ofertar atividades na natureza onde será possível sentir
cheiros, texturas e formas, por exemplo. Ainda segundo a professora, espaços
desse tipo ainda são raros no Brasil.
Serviço
O Parque das
Ciências da UFRN fica localizado no Museu Câmara Cascudo (MCC-UFRN), no bairro
do Tirol, e funciona de terça-feira a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às
17h. Outras informações do local podem ser acessadas no Facebook pelo link
https://pt-br.facebook.com/parquedasciencias/, ou no perfil do Instagram
@parquedascienciasufrn. [Williane Silva –
ASCOM-Reitoria/UFRN]
Nas fotos, para Evelyn Barros, sua filha de
3 anos, Maria Júlia, ficou encantada com as artes que ilustram os animais
extintos, localizados na áreas externa do Parque das Ciências da UFRN e na foto 2, o monitor
João Mateus, aluno da graduação em Biologia da UFRN, apresenta “Leo”, a
caveira-monitor, para o visitante Rafael Oliveira.
Foto: Cícero Oliveira