Fumar pode levar tanto
ao surgimento de doenças quanto o agravamento das que já existem
Mesmo
em algo tão pequeno como o cigarro, cabem mais de 4.700 substâncias tóxicas que
são extremamente prejudiciais à saúde. De diversas maneiras, o tabaco pode ser
um enorme fator de risco para a saúde. Ele pode estar tanto associado ao
surgimento de doenças quanto ao agravamento daquelas que já existem. É o caso
da dislipidemia, uma doença de alto risco cardiovascular que está também
associada ao diabetes e à hipertensão.
O
que é dislipidemia?
A
dislipidemia é um fator de risco cardiovascular relevante pelo desenvolvimento da aterosclerose. Explicando
por partes: a aterosclerose é uma inflamação provocada pela formação de placas
de gordura, cálcio e outros elementos nas artérias causando o seu entupimento
e, consequentemente, uma piora na circulação e oxigenação do sangue. Essa
obstrução é causada pelas placas de ateroma, de onde deriva o nome da doença.
A
aterosclerose, por sua vez, acontece de forma sistêmica. Acomete
simultaneamente em mais de uma artéria. O quadro apresentado pela pessoa vai
depender de qual está mais significativamente obstruída. Caso sejam as
coronárias (artérias do coração), a obstrução total ou mesmo parcial pode
causar o temido infarto agudo do miocárdio. A obstrução de artérias cerebrais
pode levar ao acidente vascular cerebral do tipo isquêmico.
Tendo
isso em vista, a dislipidemia fala da formação de uma placa em específico: a de
gordura. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, ela é caracterizada pela
presença de níveis elevados de lipídios (gorduras) no sangue. Colesterol e
triglicérides estão incluídos nessas gorduras, que são importantes para que o
corpo funcione, mas quando em excesso oferecem um alto risco de infarto e
derrame.
Entendendo
os conceitos: Colesterol e Triglicérides
O
colesterol desempenha funções essenciais no organismo. Ele faz parte da
estrutura das células e é importante para a produção de alguns hormônios e de
vitaminas. Além disso, o colesterol forma ácidos biliares, que são substâncias
que atuam na digestão. Ele se torna um vilão quando existe a presença de uma
partícula específica: a LDL.
Para
ficar mais claro, é preciso entender que a composição do colesterol é uma só, o
que muda é o seu meio de transporte, ou seja: a lipoproteína (partícula) à qual
está associado. Ela pode ser de alta ou de baixa densidade, dependendo da
composição, com funções diferentes.
Colesterol
LDL: o colesterol combinado às lipoproteínas de baixa densidade é chamado de
LDL. Em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas de
gordura que aumentam o risco de obstrução e consequentemente, de infarto e
acidente vascular cerebral. Por isso, o LDL é conhecido como “colesterol ruim”
e seu nível deve ser mantido baixo.
A
principal consequência do excesso do colesterol LDL, e consequentemente da
obstrução das artérias, é o aumento do risco de doenças cardiovasculares como:
infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (mais conhecido como
derrame).
Colesterol
HDL: conhecido por ser quem “tira” o colesterol das células para ser eliminado,
são lipoproteínas de alta densidade que, quando combinadas ao colesterol, são
chamadas de HDL. Ele ajuda a evitar a obstrução das artérias, sendo conhecido
como “colesterol bom” e seu nível deve ser mantido alto.
Triglicérides:
assim como o colesterol, os triglicérides referem-se a uma molécula de gordura.
Produzidos pelo fígado, eles que exercem uma função no corpo que, nesse caso, é
ser uma reserva de energia. Em excesso, também está associado aos riscos
cardiovasculares.
Qual
é a relação entre dislipidemia, diabetes e hipertensão?
Um
dos fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes mellitus é o colesterol alto ou alterações na taxa de
triglicérides no sangue. Esses dois fatores, como visto no tópico anterior, são
a base para o surgimento da dislipidemia. As duas doenças conversam entre si,
pois quanto maior o índice de gordura no organismo, maior o nível de glicose e
de lipídeos no sangue (dislipidemia). E o diabetes é uma doença causada pela
resistência à ação da insulina ou deficiência na sua produção, sendo esse o
hormônio responsável pelo metabolismo da glicose.
Por
outro lado, a hipertensão ou pressão
alta é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão
sanguínea nas artérias. Ela também está diretamente relacionada ao diabetes, já
que a dificuldade em metabolizar aglicose endurece os vasos e colabora para a pressão sanguínea aumentar. São
doenças que caminham juntas.
O
que o tabagismo tem a ver com isso?
O
cigarro é um fator de risco para o surgimento tanto do diabetes quanto da
hipertensão, sendo comum encontrar fumantes que apresentem uma das duas doenças
ou ainda as duas ao mesmo tempo. Isso porque o tabaco afeta praticamente todos os órgãos do corpo e, no caso do
diabetes, os fumantes têm um risco ainda maior de desenvolver a doença. Até
mesmo a exposição ao fumo passivo está associada ao desenvolvimento de diabetes
tipo 2. No caso das doenças cardiovasculares não é diferente.
Em
um cigarro, já foram catalogadas milhares de substâncias que, além do efeito de
causar dependência, provocam o estreitamento das artérias e a inflamação e
aparecimento da aterosclerose. Nesse sentido, estão associados ao cigarro
efeitos prejudiciais sobre a pressão arterial e os vasos sanguíneos, sobre as
artérias coronárias e artérias cerebrais. Por esse motivo, é possível
identificar em fumantes riscos aumentados de derrames cerebrais (AVC), infarto
e desenvolvimento da hipertensão. A situação é ainda mais grave quando o
fumante já possui previamente algumas comorbidades, além do uso rotineiro do
cigarro .
“Em
geral, os pacientes tabagistas também possuem hipertensão arterial, diabetes
mellitus e dislipidemias (presença de níveis elevados de gorduras no sangue).
São combinações muito perigosas porque potencializam o efeito do cigarro na
inflamação, no estreitamento e na obstrução dos vasos sanguíneos, bem como
aceleram a evolução dessas condições, o que pode levar a infarto, derrame,
angina (dor no peito causada pela diminuição do fluxo de sangue no coração) e
morte súbita. Lembrando também do câncer, cujos fatores de risco são bem
parecidos com os das doenças cardiovasculares”, explica Roberto Meirelles,
médico cardiologista e presidente do corpo clínico do Instituto Nacional de
Cardiologia (INC).
Por
que e como parar de fumar?
Para
a manutenção da saúde em geral, é importantíssimo parar de fumar! Essa é uma
decisão que sempre vale a pena e que nunca é tarde para ser tomada. Minutos
após o último cigarro tragado, já ocorre redução da frequência cardíaca. Meses
depois, os riscos de problemas cardiovasculares graves e de câncer são
reduzidos e, com o passar dos anos, podem chegar ao de uma pessoa que nunca
fumou.
Diante
da importância dessa atitude, o Ministério da Saúde lançou uma plataforma
on-line que tem como objetivo contribuir com a redução do uso do tabaco e derivados,
a partir dos caminhos que o cidadão pode percorrer dentro do Sistema Único de
Saúde (SUS). É a linha de cuidado para prevenção e controle do tabagismo. Saiba mais aqui.
Texto
reproduzido da Ascom/MS
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