Artigo de Poti Neto*
Tive o cuidado de gravar
a entrevista que o presidente da Câmara dos Deputados e do meu partido aqui no
RN – o PMDB - deputado Henrique Eduardo Alves concedeu na última sexta-feira,
dia 25, à jornalista Geórgia Neri, da TV Ponta Negra.
Como sempre, Henrique
respondeu com muita firmeza as indagações da jornalista que centralizou as
perguntas no rumo do momento e do futuro político do Rio Grande do Norte e do
Brasil.
Aliás, uma realidade
está muito ligada com a outra, embora em algumas oportunidades pareçam muito
distantes.
Duas coisas prenderam
mais a minha atenção:
A primeira foi a
seguinte afirmação do presidente: “Hoje em dia o radicalismo está fora de
moda”.
E acrescentou que, por
entender assim, é que o PMDB hoje está aberto e disposto a abrir uma frente de
negociação “transparente” com todos os partidos que desejarem discutir um
projeto de “reconstrução” do Rio Grande do Norte.
- Com todos – enfatizou
– inclusive com o DEM.
O segundo momento foi
quando a atenta jornalista colocou:
- Mas o PT aqui do
Estado já disse que não aceitará participar de coligação com partidos em cujo
arco de aliança haja espaço para o DEM...
Henrique respondeu que,
muitas vezes, quase sempre, aliás, uma postura de radicalismo pode nos levar a
não enxergar a realidade em toda sua dimensão.
E deu um exemplo: No
momento, o PSB constitui uma ameaça muito mais próxima ao projeto nacional
PT-PMDB do que o DEM. Primeiro, porque o DEM não terá candidato próprio à
Presidência da República; e o PSB tudo indica que terá.
Ou seja: Não será o DEM
que vai radicalizar, na campanha eleitoral, contra a candidatura da presidenta
Dilma, “que é a nossa candidata”, e, sim, o PSB.
Por fim, na sequência do
seu raciocínio e de sua argumentação, o presidente Henrique Eduardo citou o
exemplo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, “líder maior do PT”.
Para Henrique, Lula deu
um grande exemplo e uma grande prova de que, no momento, intolerância é coisa
do passado. Foi quando viu que, para reconquistar a Prefeitura de São Paulo, o
PT tinha que procurar somar com outras forças políticas, sem qualquer
restrição, sem qualquer discriminação.
O que aconteceu então? O
presidente Lula não hesitou em ir, pessoalmente, à casa de um adversário, o
deputado Paulo Maluf, historicamente um dos políticos mais distantes do PT, e o
convidou a apoiar o seu candidato à Prefeitura de São Paulo. Obteve êxito nessa
missão e está aí o petista Fernando Hadad dirigindo a prefeitura da maior
capital brasileira.
Como iniciante na
política do meu Estado, onde começo a engatinhar como vice-prefeito de São
Gonçalo, recebo essas colocações do deputado Henrique Eduardo Alves como uma
grande lição de atitude política.
Na realidade, ninguém é
dono da verdade.
Por isso mesmo, nada
perdemos quando discutimos nossos desafios cotidianos, mesmo quando temos
opiniões conflitantes.
*Vice-prefeito de São Gonçalo do Amarante (RN)