Por Flávio Rezende*
O Brasil ferve e o debate político entrou na sala e
divide espaço com a entronizada e endeusada TV, além de conseguir a proeza de
tirar a bunda da poltrona- nem que seja por algumas horas, de seres
cibernéticos, que observam mais o mundo através de um monitor, que ao vivo e a
cores.
Todos agora falam algo a respeito das manifestações
e das reclamações expostas em cartazes, gritos de ordem e entrevistas. Num
primeiro momento, para alegria geral, os políticos realizaram algumas ações do
gosto das ruas, agora, para que essa disposição continue, é preciso ter foco.
Vou dar um exemplo para me fazer entender melhor. Li
hoje que as contas dos políticos apresentam notas fiscais de despesas diversas,
que sabemos inexistir, tais como milhares de litros de combustível, que dariam
para os carros darem voltas e voltas no Brasil.
Está mais que claro, pela obviedade do absurdo, que
é roubo dos mais fáceis de detectar. As empresas geralmente são de fachada, as
quilometragens não suportam a lógica e, que necessidade tem um político de
fazer carros andarem tanto?
E assim são as notas de almoços com valores absurdos, revelando banquetes,
sempre em restaurantes de alto luxo, gastos totalmente desnecessários com
publicidade pessoal e postagem de baboseiras que ninguém lê.
Então como esse dinheiro público é gasto de maneira
pessoal ou vai para o bolso do deputado através de prestações de contas
fraudadas, que o povo sente diante do congresso e diga que só sai de lá quando
isso for suprimido.
Resolvido esse assunto, o foco vai para outros, como
hospitais por exemplo. Faz pressão para a liberação de verbas para a chamada de
concursados em espera, para novas vagas, aquisição de medicamentos, criação de
hospitais ou postos de atendimento no interior etc.
E assim, ponto a ponto, com a pressão direta, vamos
acabar com essa de moradia grátis, auxílios em geral, inércia, aluguéis de
jatos para viagens sem futuro, muitos assessores, fazendo pressão ainda em
desembargadores, juízes e ministros, questionando votações, absolvições,
acompanhando de perto esses julgamentos, a vida de cada um em seu aspecto
público, patrimônio, numa espécie de vigilância popular, mas, claro, tudo sem
violência, na mais absoluta paz e respeito ao contraditório e a privacidade na
vida particular.
Isso de plebiscito, referendo, etc., não me cheira
bem, parece tentativa de desvio da atenção, todos já sabem o que queremos,
então votem logo a reforma política, o congresso pode fazer isso, nós já
fizemos o plebiscito e o referendo, não precisa disso, é sentar, fazer e as
coisas entrarem nos eixos.
Está tudo ai para quem quiser ver, o povo está
relembrando a todo instante. Quem não quer ver a gente já sabe quem é. Agora o
mais importante é que tenhamos lembrança dos seus nomes nas eleições vindouras,
não para sufragar novamente seus mandatos, mas para fazer naufragar suas pífias
biografias.
* É escritor, jornalista e
ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)