-- Walter Medeiros – waltermedeiros@supercabo.com.br *
Os raios da manhã surgiram mansos e amistosos com a brisa que vinha da praia, pelas dunas da minha cidade, Natal. Acordado, confiro o Céu azul que prenuncia um 31 de dezembro ameno, em 2010. E ando para esperar a chegada de 2011. É hora de ir à rodoviária deixar o filho Breno, a nora Danielle e a neta Letícia (seis meses) que embarcariam para João Pessoal, pois é lá que mora o pai dela; o Natal, passaram conosco. As ruas ainda estavam pouco movimentadas e a rodoviária em obras, mas repleta de gente, cada pessoa com seu semblante único.
No adeus à neta e seus pais, a reflexão daquele local de onde parti tantas vezes para tantos lugares: São Paulo, Brasília, Salvador, Fortaleza, João Pessoa. Numa dessas viagens, tarde da noite de domingo, lembro que o ônibus passou por uma rua cheia de bares, onde se via grupos embriagados com trejeitos do ridículo do pseudo-prazer. Na calçada escura, a fila de mendigos dormindo o sono dolorido dos mais excluídos. No Céu, uma estrela anunciando o fim de dezembro do Menino Jesus, como que guiando ainda hoje os Três Reis Magos.
Naquela reflexão pensei: como aquele chão de rodoviária guarda tantas emoções vividas, histórias sentidas, tristes despedidas. Quantos sonhos na chegada, sonhos na partida, histórias de vida, quantas pessoas ali. Lembro que na primeira despedida guardava cada instante daquela viagem elegante, e um momento tão sofrido. Lembrei da tristeza que senti no embarque do meu irmão, quando morava tão longe; não há maior solidão. De repente, vemos cenas daquelas de Casablanca, paixões, entregas francas, cheias de vida... povo enchendo toda área, momentos que se passam, tantos destinos se traçam no chão da Rodoviária.
Ali lembrei de certo 31 de dezembro em que umas nuvens branco-rosa passaram no fim da tarde, enquanto os passarinhos voam alvoroçados, em meio ao colorido das flores dos jardins. Numa esquina, um carro caridoso, de mala aberta, saciava a fome dos miseráveis dos canteiros, que mostram a injustiça social oficializada. O Ano Novo já chegou em alguns lugares, talvez levando novas esperanças aos lares, apesar de ameaçarem tanto à paz. Quando o novo dia despontar, festivo, quem sabe se um sino não vem anunciar uma nova vida, com grande motivo, para que surja o mundo melhor, onde a paz e o amor estejam bem vivos.
Aquelas mãos acenando, o ônibus seguindo no rumo da BR, agora é hora de dar adeus também para 2010, esperando que as reflexões sobre ele se façam lentamente, se for preciso. Mas a hora é de apresentar os nossos votos de Feliz Ano Novo em cada canto e das mais variadas formas. Para os parentes, amigos, vizinhos, conhecidos e desconhecidos, o desejo de que 2011 seja um ano bom, que cada um consiga dias melhores, conquiste seus sonhos, realiza suas aspirações, viva um período de muita prosperidade, felicidade, alegria e paz.
*Jornalista