Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Vi as festas em louvor a Santo Antônio e São João e
certamente a de São Pedro hoje, em Natal, pela televisão. Eram as imagens que
interessavam a quem as apresentavam. Não tinham fogueira, não havia as mesas
fartas de comida de milho, não se via os casais dançando em chão de barro
batido. Também é querer demais. Isto é de um tempo que passou e do qual não
cabe, sequer, manifestações saudosistas. Vai longe o mundo das mensagens
enviadas por um vaqueiro montando um cavalo ligeiro. Hoje são poucos clicks e o
recado está dado. Rápido e eficiente.
Mas as datas dos santos juninos permanecem no
calendário. No caso de Natal, só no calendário. Andei pelas ruas da cidade e
nada vi. Pra não ser injusto, ouvi algum foguetário. Mas seriam para os santos?
Tenho cá minhas dúvidas porque, além dos tempos modernos, nossos santos –e
vejam que não são santos de pouco prestígio- enfrentaram dois fortes
concorrentes: a Copa das Confederações e a grande e intensa manifestação dos
brasileiros tomando as ruas. Os foguetões, tenho quase certeza, eram para eles
e deles. De vivas à seleção e à juventude. Convenhamos, um jogo duríssimo. Os
gols, os estádios novos sendo mostrados e as marchas de milhares de pessoas
estavam ali acontecendo.
O fato é que Antônio, João e Pedro estiveram, pelo
menos neste junho, longe de Natal. Mesmo na missa, que fui no domingo passado,
ficaram fora da homília. Não houve a mínima referência. Nas conversas depois da
celebração os que saíam da igreja falavam em futebol e política, nada sobrava
para os santos. De volta pra casa tentei provocar, botando pra tocar um disco
de Dominguinhos cantando Luiz Gonzaga. Nada. Falava-se sobre PEC, royalties e
educação, corrupção, verbas para a saúde, reforma política, passeatas. Depois
lembraram personagens: Felipão, Neymar, Paulinho, Oscar. Para não contrariar a
regra das exceções lembraram que alguém da confraria viajara para Campina
Grande. Certamente lá foi apresentado aos santos casamenteiro, profeta e
controlador da porta do céu. Pelo WhatsApp mandou avisar que dançara forró,
vira chuva de fogos e comera sabores feitos com milho. Sobre os santos nada.
*Texto
publicado na coluna do jornalista no Novo Jornal > Leia mais.
0 comentários:
Postar um comentário