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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Tio Antenor deixa saudades e alegria na memória de todos; Sepultamento nesta quarta em Natal

O Tio Antenor nos deixou, nesta tarde quente, de 28 de janeiro. Deus em Sua infinita misericórdia tenha piedade da alma dele e que descanse em paz! Vamos lembrá-lo, sempre, de sua alegria, irreverência, suas histórias hilariantes, bem-humoradas, suas danças, seus carnavais de Caicó, sua capacidade de profissional de vendas, um bom pai, bom marido, bom genro e generoso filho, sempre esteve presente com nossa avó, sua mãe Luzia, especialmente na velhice. Viveu a idade dela, 87 anos. 

Antenor Tavares de Araújo (15/11/1932- 28/01/2020), estava internado há 11 dias na UTI do Hospital Antônio Prudente, em Natal, com pneumonia, respirando por aparelhos, não resistindo à forte infecção pulmonar. Fumante inveterado no passado, nos últimos anos vinha sofrendo com seu pulmão debilitado, funcionando apenas 30% de sua capacidade.
   
Velório e sepultamento  

O corpo está sendo velado das 8h às 14h, desta quarta-feira (29), na rua São José, perto do Corpo de Bombeiros, em Lagoa Seca, com missa de corpo presente às 14h, e logo em seguida o cortejo para o sepultamento às 16h, no Cemitério Morada da Paz da Zona Norte de Natal - segue pela rua Tomaz Landim ou BR 101, Km 79, em direção a Extremoz e na fábrica Vicunha entrar à direita. Telefone 4002-2535).

Tio Antenor deixa a viúva Célia Valeije, dois filhos: Douglas e Bianca, e três netos (filhos de Douglas), a nora e o genro. O telefone de Bianca: (84) 99683-4757. Nas décadas de 1980 e 90 ao voltar de São Paulo foi comerciante em Natal, proprietário de loja de móveis e decoração, DOUBIAN, na av. Alexandrino de Alencar. 

Tio Antenor ou Titenor como chamávamos na infância, era o irmão caçula de minha mãe Alzira Tavares de Araújo, e foi o único filho de meus avós maternos nascido em Caicó. Os outros três, Tio Toinho Tavares (também falecido), mamãe e Tio Chico Tavares nasceram em São Mamede, na Paraíba.

Memória

Para relembrar de sua vida, especialmente no seu aniversário, escrevi textos aqui reproduzidos em meu Blog Assessorn.com:




Fotos reproduzidas da internet/arquivo assessorn.com

©2020 www.AssessoRN.com | Jornalista João Bosco Araújo - Twitter @AssessoRN

domingo, 15 de novembro de 2015

Os livros do meu Tio Antenor, cheios de boas vontades!

Por João Bosco de Araújo*
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  

Foto atual do Tio Antenor/JBA
Estava eu inclinado a ler a obra de Jacques Maritain? Não por acaso, mas pelas circunstâncias daquela ocasião. O certo é que nem sabia de quem se tratava. Na casa de minha avó Luzia uma pilha de livros encostada em um canto da Oficina Velha adornava aquele ambiente, sempre às portas fechadas, com outros objetos de que dias outrora foram vividos intensamente. Pequenos instrumentos de percussão, roupas de fantasias, latinhas vazias de lança-perfume, além de folhinhas de santinhos, cordão de crucifixo, etc. etc. Olha que o local não era tão pequeno e serviu de ponto de trabalho do meu avô Severino Tavares, na fabricação de chapéu de couro.     

Então! Lá estava eu, minuciosamente, com um exemplar do filósofo francês debaixo dos olhos a ler, atenciosamente, sem pretensão de alcançar altos conhecimentos da matéria. Apenas pura curiosidade! O maior interessado, e dono daquela coleção de livros, estava longe dali e de seu objetivo principal, o meu Tio Antenor Tavares de Araújo. Titenor abandonara há tempos àquela leitura no Colégio Nóbrega, em Recife, onde fora seminarista no tradicional Mosteiro de São Bento, em Olinda. Reprovado em matemática, e na vocação, foge  alegando que não aprendera a matéria ensinada no Ginásio de Caicó (GDS), depois de um ano confinado na rigorosa Ordem Beneditina, em Pernambucano. Certamente que Deus o perdoou, sua vocação era outra.

De volta ao Seminário caicoense, ficou também pouco tempo, fugindo numa noite de Carnaval para um baile que acontecia em um clube da cidade. Padre João Agripino foi quem não o perdoou. Professor de Matemática no Ginásio Diocesano Seridoense, soubera, depois, de seu insucesso nos estudos e de sua defesa infeliz. Ao se encontrarem, deu-lhe um carão, reclamando do jovem ex-seminarista por ter lhe dedurado em Olinda pelo mal-ensino da matéria. O padre Agripino não merecia!

Estou eu, novamente, a retratar aqueles livros deixados para trás por meu tio. Comigo também não fora diferente. Deixei-os antes mesmo de tomar qualquer decisão que fosse àquela de Titenor, embora nunca tenha passado pela vontade de seguir a vocação seminarista. Ao menos deixara-me o interesse pela leitura. Confesso não ser uma vocação, mais ainda por uma necessidade e capricho de aprendizagem. Um esforço que, obrigatoriamente, me dá prazer.

Limitado ao meu conhecimento, ainda por cima filosófico, estava eu a retirar da leitura afinca de um livro de Jacques Maritain (1882-1973), de tantos outros de sua intensa obra publicada praticamente por toda a primeira metade do século 20, uma frase que me levou a copiar nos rodapés dos manuscritos escolares: “É a vontade e não a inteligência, por mais perfeita que seja, que torna o homem bom e direito”. Não recebi qualquer ensinamento acadêmico-escolar desse teórico tomista. Apenas uma frase, que deixei gravar no meu subconsciente com a vontade de não mais esquecer.

Não sei onde estão, hoje, os livros de Maritain do meu tio. Sei que fadado à mediocridade, sempre estive com a vontade de superar as adversidades. Vontade que me encoraja a enfrentar as dificuldades. Também sei que de uma legião de boas vontades o mundo está cheio. Faltam vontades de praticá-las. São muitos os que as praticam para o mau.

Um cérebro medíocre, sim. Mas com uma vontade danada de um coração bondoso!

*Texto anteriormente publicado no Diário de Natal, em 2008, que saudei meu tio Antenor pelo seu aniversário, que neste 15 de novembro - Dia da Proclamação da República -, agora em 2015, ele comemora 83 anos de vida. Parabéns Titenor!

©2015 www.AssessoRN.com | Jornalista Bosco Araújo - Twitter @AssessoRN

domingo, 24 de maio de 2015

Desfile Garota Bangu numa noite quente ‘a la Maria Boa’

Desfile Bangu, numa noite quente dos anos cinquenta 

Por João Bosco de Araújo*
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  
  
A data não me foi confirmada com precisão, mas foi em um daqueles efervescentes anos da década de 1950, de um mundo pós-guerra, cheio de esperanças e reconstrução. Para aqueles jovens de uma cidade do interior, a vida era um renascer a cada dia, de vibração, energia resplandecida na certeza de conquistar novos horizontes. Naquela pequena cidade, embora reconhecida como a terceira maior do estado, Caicó crescia com a força do progresso que se prenunciava, e estava na tela do cinema de Seu Clóvis, a exibir clássicos de fitas inesquecíveis da produção norte-americana. Na política local, com nomes da região destacados no cenário estadual e até nacional. No seio da sociedade não era diferente, moças e rapazes viviam o glamour dos anos dourados.

Festas e promoções sociais eram organizadas na cidade, costume que se perpetuou, tanto que nos anos seguintes Caicó chegou a ter dez clubes sociais em toda a cidade. Mas naqueles anos, eram freqüentados o Atlético Tênis Clube e a sede social do Caicó Esporte Clube, dos pretos. O mundo se dividia também nas cores da pele. Uma pena!

Mas não me faltam detalhes para esse pretérito relato, final dos anos cinqüenta, se bem que não tinha idade nem para as primeiras palavras, estava apenas engatinhando no corredor da casa do meu avô materno Severino Tavares de Araújo, fazedor de chapéu de couro em sua oficina da rua Augusto Monteiro, centro da cidade. Quem me contou, depois, foi meu tio Antenor Tavares de Araújo, filho do meu avô. Titenor fora diretor social do Atlético Clube, cujo presidente era Abílio Félix.

Como diretor social, Antenor Tavares promoveu belíssimas festas, ainda nas lembranças e registros de fotos de seus contemporâneos. Foi ele o pioneiro na cidade a realizar o Baile das Debutantes e de tantos outros do calendário social, nunca faltando as surpresas. E nesse ínterim, organizam-se um desfile de modas. O patrocínio veio de fora, fornecedores de Recife que visitavam o comércio para a venda de tecidos. Bangu seria a etiqueta da moda e dez moças foram escolhidas para desfilarem na passarela do Tênis Clube.

Tudo como mandava o figurino. A Festa Garota Bangu foi sucesso total, inclusive de bilheteria. Ninguém esperava o inusitado. Dentre os organizadores da promoção, sempre estavam os colegas da turma do Ginásio Diocesano Seridoense, entre os quais o jovem João Diniz Fernandes, rapaz inteligente, namorador, que naquela noite quente não titubeou e, segundo Tio Antenor, o irrequieto João Diniz nem bem amanhecera o dia e já viajara para Natal. Na capital, deu uma grande farra com as meninas de “Maria Boa”, deixando para trás o caixa da festa vazio. Na volta, ganhou o nome que o imortalizou: “João Bangu”.

Meu tio, que está com 76 anos de idade, não sabia da morte de João Bangu ocorrida no meio da semana. Ao avisá-lo, por telefone, lamentou a perda do amigo e colega, observando que por isso não o tinha mais visto lá pelo Hiper.

Não fui seu aluno de matemática, porque fiz o ginasial no Joaquim Apolinar, mas quem tem 50 anos ou mais e estudou no Estadual (hoje CEJA), certamente que foi aluno do professor João Bangu. Sabia matemática como ninguém, ensinando com firmeza também para a vida. 

*Texto originalmente publicado no Diário de Natal em janeiro de 2009, caderno DN Seridó 

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sábado, 24 de março de 2012

Saudades do meu tio Antônio Tavares; Tio Toinho

Uma partida de Pip-Paf para o Livro dos Recordes

Foto de arquivo do bar de ferreirinha
Uma partida de pif-paf realizada no dia 11 de setembro de 1960 no QG de Clóvis, famoso bar de Caicó do século passado, entraria para o livro Guinness World Records se fosse nos dias atuais. Estavam à mesa (da esquerda para a direita na foto acima) o 'Véi' Alto, Xexéu Dias, Toinho Tavares, Clóvis Pereira (pai dos editores do Bar de Ferreirinha e dono do QG), Zé Nilson, Altévio Clemente e Benedito Santos.

Numa incrível coincidência, e afrontando a lei da probabilidade, todos os jogadores pegaram batido. Ou seja, as 63 cartas distribuídas aleatoriamente - nove pra cada um, de uma em uma e alternadamente - a todos os participantes da rodada resultaram em 21 jogos feitos, um fato realmente extraordinário.

Como não havia internet nem o Livro dos Recordes na época, os sete registraram o fato para a posteridade convocando Elias Perepepêi, do Foto Elite, que fez o retrato acima.

Evidentemente ninguém jogou aquela parada. O fato ocorreu há 52 anos, e dos sete protagonistas apenas Xexéu, Toinho, Clóvis e Zé Nilson estão aí para contar a história.

JBAnota Esta postagem a encontrei na página do Bar de Ferreirinha e logo chamou a atenção deste bloqueiro pelo fato de estar na foto o meu tio Antônio Tavares Neto, irmão de minha mãe Alzira. Tio Toinho não está mais entre nós, faleceu em 15/12/1994, em Natal, aos 69 anos, já aposentado do Dnit. Outro fato, é que o seu aniversário de nascimento seria neste sábado (24), data também do natalício deste blogueiro e do meu primo Walbinson Tavares (filho de Tio Chico Tavares), e aniversário, também, da minha prima Bianca Tavares, filha de Tio Antenor Tavares.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Domingo de entrudo, dia de comer filhós, de saudades do Tio Antenor!

Neste domingo de Carnaval, dia de comer filhós, de saudades do Tio Antenor Tavares de Araújo, que nos deixou há menos de um mês!

Foto pesquisa Google/divulgação  

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sábado, 18 de janeiro de 2025

Foto histórica de caicoenses bomba na estatística do blog

 Uma postagem deste blog de 2016, noticiando o falecimento de Chico Elias, pioneiro na Rádio Rural de Caicó, vem se destacando nas últimas semanas nas estatísticas de postagens do blog, ainda mais por conta de uma foto histórica da década dos anos 1950, na qual estão amigos de Chico Elias, como o tio deste blogueiro, Antenor Tavares de Araújo, que faleceu em janeiro de 2020, ou seja, há cinco anos. Tio Antenor foi namorado de uma irmã de Chico Elias, Malvina, e chegaram a ser noivos, mas não se casaram, porque ele foi embora para São Paulo, nos anos 1960, casando-se na capital paulista.

A legenda da foto, a partir da esquerda: Chico Elias, Chico Pindoba, Zé Santos, Ivone e Antenor Tavares. [uma observação em relação ao crédito da foto: não temos, porque foi retirada da internet] 

A postagem que se refere as estatísticas e já se caminha para mil acessos: Morreu em Natal o caicoense Chico Elias, pioneiro da Rádio Rural

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segunda-feira, 4 de março de 2019

Foto-memória: Bloco The Hi-Fi campeão fantasia Carnaval Caicó 1967

Carnaval de Caicó nos anos 1960 com seus tradicionais blocos de corso desfilando na Avenida Coronel Martiniano e nos “assaltos” nas casas das famílias. Nesta foto histórica resgatada das redes sociais (Facebook da caicoense Criva da Hora), o Bloco The Hi-Fi, campeão de fantasia no Carnaval de Caicó de 1967, sendo seu fundador e diretor Antenor Tavares de Araújo, folião caicoense desde muito tempo (confira aqui).  

Foto: O tio Antenor está na ponta à direita, e a esquerda Francisco Avelino, o do meio é da família dos Elias, de Malvina (1ª no alto, à esquerda), que era a noiva de Antenor Tavares. Minha irmã Socorro Araújo está ao lado do tio.

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domingo, 2 de março de 2014

Taracutreco, tereco-teco, tantan, turu-tuntun!

Por João Bosco de Araújo
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  

Teria eu talento para a música? Não sei! Sei que por volta aí de uns oito anos de idade comecei a tocar tamborim. Quer saber como? Foi nessa época, já morando na rua, para as primeiras lições na escola de Dona Marizene, passando para a Escola de Aplicação de Caicó, no Instituto de Educação, que os meninos coleginhas rimavam cantarolando “entra burro e sai ladrão” (Inaugurado em 1960 pelo governador Dinarte Mariz, o prédio ainda cheirava a novo), que me descobri um percussionista, se bem que nem seria esse o termo certo, pois menino brincava de puxar carrinho, jogar bola, biloca, pião, pular, rabugem, barra-bandeira e outro montão de brincadeiras, dependendo do período do ano e das férias.

O tamborim me apareceu meio por acaso e mais por curiosidade. Meu Tio Antenor Tavares, um carnavalesco autêntico, caicoense, antes de migrar para São Paulo, foi criador de blocos e de uma escola de samba que em companhia de “Chico Pindóba”, Chico Avelino, Miguelzinho (Miguel Elias Filho), “Arroz” (Hortêncio), Charles Garrido, “Zé da Gata” (José Benévolo Filho) e de outros rapazes competiam com a rival “Acadêmicos do Samba”, a escola de samba mais famosa da região, comandada por Manoel de Nenem, sem dúvida, a maior representatividade foliã seridoense de todos os tempos.  

E lá estavam o tamborim e outros instrumentos, e até restos de fantasias, encostados, sem a alegria de outrora, num canto de parede da velha oficina de chapéu de couro de meus avós maternos Severino e Luzia Tavares, da rua Augusto Monteiro, parede e meia com a Bodega de Zé Teófilo.

Sozinho, me vi no meio da avenida, na cadência de ritmos e vozes que repetiam aos ouvidos: “Balancei a roseira, balancei a roseira e a rosa caiu, ôu, ôu... Rosa tem espinhos, Rosa me traiu...” 

Por instantes, estava eu com o tamborim repicando e batucando àquela música que já ouvira no rádio de pilha da sala de visitas, sintonizado na amplitude modulada da Emissora de Educação Rural de Caicó. Pura emoção, uma energia contagiante me envolveu ao perceber que sabia tocar aquele instrumento, tão simples, feito de pedaços de madeira e de couro cru. Idêntica alegria de quando me vi assoviando pela primeira vez uma melodia.

Não segui ou persegui a aptidão que me aparecera, precocemente. Fui incompetente de assimilar uma vocação nata. Nos anos seguintes, já adolescente, por falta de condicionamento para a prática da educação física, a escola me ausentava das atividades, me dispensando das aulas e do desfile cívico do 7 de Setembro.

Sozinho, me vi obrigado a buscar algo que me compensasse àquela ociosidade. Formei um grupo com os amigos, vizinhos de rua. Cabecinha (William do Hotel Guanabara), meu irmão Gilberto, “Galego” (Jaciel) e Jurandir (filhos de Maria Cunha), Pedro e Paulo Afonso (filhos de Manoel Dantas), e da outra rua, meu primo Eugênio, Roberto de Anita e outros que não me recordo os nomes, seriam os componentes da bandinha de tambores de lata a tocar nas ruas, todas às noites e por todas as vezes que se aproximavam os ensaios dos alunos dos colégios para o desfile de aniversário da Independência do Brasil.

Como algumas escolas possuíam sua própria banda marcial, criativamente me dirigia ao local de consertos dos instrumentos e conseguia restos de couro para a nossa bandinha, pois o tarol (não mais o tamborim), meu instrumento na banda que fazia o ritmo repicando com duas baquetas e comandava o resto do grupo acompanhado da marcação do bombo, esses teriam que ser necessariamente de couro. A indústria posteriormente aboliu esse produto na fabricação, uma medida ecologicamente correta. Completavam os instrumentos da nossa bandinha, latas e tubos de plásticos (mangueiras) que substituíam as cornetas.  

Hoje, é moda reciclar instrumentos e incentivar crianças e adolescentes para a prática da música, uma medida necessária assim como a prática desportiva, de inclusão social.

Não tenho e não toco mais o tamborim. Tenho, e toco, as lembranças. Tentando acalentar o sonho de um dia me ver na Sapucaí, no meio de uma bateria. Nem que seja uma bateria de alegria em plena avenida da ilusão. Taracutreco, tereco-teco, tantan, paracumprum, turu-tuntum, tam, turu-tuntum.
Olha aí, gente!
[Foto da época, de acervo familiar]
JBAnota Esta foto, retirada da página do Facebook de minha prima Elinete, foi mais uma oportunidade para a republicação deste artigo, retratando, exatamente, a época do bloco carnavalesco de meu Tio Antenor, que neste domingo de Carnaval rendo homenagem a ele, hoje morando em Natal, e também ao maior folião caicoense, Manoel de Neném  (in memoriam), sem esquecer Genival das “Malas” (também em memória) que por muitos anos conduziu o “Bloco do Lixo” pelas ruas de Caicó, inclusive era quem saía com o Zé Pereira na madrugada do sábado de Carnaval. Seu Ala Ursa foi inspiração para o Magão, que deu continuidade com o Bloco saindo do Poço de Sant’Ana e hoje esse sucesso extraordinário do grande Carnaval de Caicó dos tempos atuais.

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segunda-feira, 7 de março de 2011

Taracutreco, tereco-teco, tantan, turu-tuntun!

João Bosco de Araújo
Jornalista

Edição DN Seridó/arquivo
Teria eu talento para a música? Não sei! Sei que por volta aí de uns oito anos de idade comecei a tocar tamborim. Quer saber como? Foi nessa época, já morando na rua (não nos canteiros) para as primeiras lições na escola de Dona Marizene, passando para a Escola de Aplicação de Caicó, no Instituto de Educação, que os meninos coleginhas rimavam cantarolando “entra burro e sai ladrão” (Inaugurado em 1960 pelo governador Dinarte Mariz, o prédio ainda cheirava a novo), que me descobri um percussionista se bem que nem seria esse o termo certo, pois menino brincava de puxar carrinho, jogar bola, biloca, pião, pular, rabugem, barra-bandeira e outro montão de brincadeiras, dependendo do período do ano e das férias.

O tamborim me apareceu meio por acaso e mais por curiosidade. Meu Tio Antenor Tavares, um carnavalesco autêntico, caicoense, antes de migrar para São Paulo, foi criador de blocos e de uma escola de samba que em companhia de “Chico Pindóba”, Chico Avelino, Miguelzinho (Miguel Elias Filho), “Arroz” (Hortêncio), Charles Garrido, “Zé da Gata” (José Benévolo Filho) e de outros rapazes competiam com a rival “Acadêmicos do Samba”, a escola de samba mais famosa da região, comandada por Manoel de Nenem, sem dúvida, a maior representatividade foliã seridoense de todos os tempos. 

E lá estavam o tamborim e outros instrumentos, e até restos de fantasias, encostados, sem a alegria de outrora, num canto de parede da velha oficina de chapéu de couro de meus avós maternos Severino e Luzia Tavares, da rua Augusto Monteiro, parede e meia com a Bodega de Zé Teófilo.

Sozinho, me vi no meio da avenida, na cadência de ritmos e vozes que repetiam aos ouvidos: “Balancei a roseira, balancei a roseira e a rosa caiu, ôu, ôu... Rosa tem espinhos, Rosa me traiu...” 

Por instantes, estava eu com o tamborim repicando e batucando àquela música que já ouvira no rádio de pilha da sala de visitas, sintonizado na amplitude modulada da Emissora de Educação Rural de Caicó. Pura emoção, uma energia contagiante me envolveu ao perceber que sabia tocar aquele instrumento, tão simples, feito de pedaços de madeira e de couro cru. Idêntica alegria de quando me vi assoviando pela primeira vez uma melodia.

Não segui ou persegui a aptidão que me aparecera, precocemente. Fui incompetente de assimilar uma vocação nata. Nos anos seguintes, já adolescente, por falta de condicionamento para a prática da educação física, a escola me ausentava das atividades, me dispensando das aulas e do desfile cívico do 7 de Setembro.

Sozinho, me vi obrigado a buscar algo que me compensasse àquela ociosidade. Formei um grupo com os amigos-vizinhos de rua. Cabecinha (William do Hotel Guanabara), meu irmão Gilberto, Galego (Jaciel) e Jurandir (filhos de Maria Cunha), Pedro e Paulo Afonso (filhos de Manoel Dantas), e da outra rua, meu primo Eugênio, Roberto de Anita e outros que não me recordo os nomes, seriam os componentes da bandinha de tambores de lata a tocar nas ruas, todas às noites e por todas as vezes que se aproximavam os ensaios dos alunos dos colégios para o desfile de aniversário da Independência do Brasil.

Como algumas escolas possuíam sua própria banda marcial, criativamente me dirigia ao local de consertos dos instrumentos e conseguia restos de couro para a nossa bandinha, pois o tarol  (não mais o tamborim), meu instrumento na banda que fazia o ritmo repicando com duas baquetas e comandava o resto do grupo acompanhado da marcação do bombo, esses teriam que ser necessariamente de couro. A indústria posteriormente aboliu esse produto na fabricação, uma medida ecologicamente correta. Completavam os instrumentos da nossa bandinha, latas e tubos de plásticos (mangueiras) que substituíam as cornetas.  

Hoje, é moda reciclar instrumentos e incentivar crianças e adolescentes para a prática da música, uma medida necessária assim como a prática desportiva, de inclusão social.

Não tenho e não toco mais o tamborim. Tenho, e toco, as lembranças. Tentando acalentar o sonho de um dia me ver na Sapucaí, no meio de uma bateria. Nem que seja uma bateria de alegria em plena avenida da ilusão. Taracutreco, tereco-teco, tantan, paracumprum, turu-tuntum, tam, turu-tuntum.

Olha aí, gente!

JBAnota  Neste Carnaval, com essa republicação (texto inédito em 2007, no Diário de Natal), gostaria de fazer uma singela homenagem ao meu tio Antenor Tavares de Araújo, morando em Natal, e ao maior folião caicoense, Manoel de Neném (in memoriam), sem esquecer, evidentemente, de Genival das "Malas" (também in memorian) que por muitos anos conduziu o “Bloco do Lixo” pelas ruas de Caicó, inclusive era quem saía com o Zé Pereira na madrugada do sábado de carnaval. Seu Ala Ursa foi inspiração para o Magão, que deu continuidade com o Bloco saindo do Poço de Sant’Ana e hoje esse sucesso extraordinário do grande Carnaval de Caicó. [Post do blog em 22/02/2009 e no DN Seridó/Diário de Natal]

©2011 www.AssessoRN.com | Jornalista Bosco Araújo

Vídeo com Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela


domingo, 5 de maio de 2013

Os livros do meu tio, cheios de boa vontade!

Por João Bosco de Araújo
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  
 
Estava eu inclinado a ler a obra de Jacques Maritain? Não por acaso, mas pelas circunstâncias daquela ocasião. O certo é que nem sabia de quem se tratava. Na casa de minha avó Luzia uma pilha de livros encostada em um canto da “Oficina Velha” adornava aquele ambiente, sempre às portas fechadas, com outros objetos de que dias outrora foram vividos, intensamente. Pequenos instrumentos de percussão, roupas de fantasias, latinhas vazias de lança-perfume, além de folhinhas de santos, cordão de crucifixo, etc. etc. Olha que o local não era tão pequeno e serviu, anteriormente, de ponto de trabalho do meu avô Severino Tavares, na fabricação de chapéu de couro.

Então! Lá estava eu, minuciosamente, com um exemplar do filósofo francês debaixo do braço e a ler, atenciosamente, sem pretensão de alcançar altos conhecimentos da matéria. Apenas pura curiosidade! O maior interessado - e dono daquela coleção de livros - estava longe dali e de seu objetivo principal, o meu Tio Antenor Tavares de Araújo, que fora morar em Sampa nos idos de 1960. “Titenor” abandonara há tempos àquela leitura no Colégio Nóbrega, em Recife, onde fora seminarista no tradicional Mosteiro de São Bento, em Olinda. Reprovado em matemática - e na vocação -, foge  alegando que não aprendera a matéria ensinada no Ginásio, em Caicó, depois de um ano confinado na rigorosa Ordem Beneditina, em Pernambucano. Certamente que Deus o perdoou, sua vocação era outra.
 
De volta ao Seminário caicoense, ficou também pouco tempo, fugindo numa noite de Carnaval para um baile que acontecia em um clube da cidade. Padre João Agripino foi quem não o perdoou. Professor de matemática no então Ginásio Diocesano Seridoense (GDS), soube depois de seu insucesso nos estudos e de sua defesa infeliz. Ao se encontrarem, deu-lhe um carão, reclamando do jovem ex-seminarista por ter lhe dedurado em Olinda pelo mal-ensino da matéria. O padre Agripino não merecia!
 
Estou eu, novamente, a retratar aqueles livros deixados para trás por meu tio. Comigo também não fora diferente. Deixei-os antes mesmo de tomar qualquer decisão que fosse àquela de Titenor, embora nunca tenha passado pela vontade de seguir a vocação seminarista. Ao menos me deixara o interesse pela leitura. Confesso não ser uma vocação, mais por uma necessidade e capricho de aprendizagem. Um esforço que, obrigatoriamente, me dá prazer.
 
Limitado ao meu conhecimento, ainda por cima o filosófico, estava eu a retirar da leitura afinca de um livro de Jacques Maritain (1882-1973), de tantos outros de sua intensa obra publicada praticamente por toda a primeira metade do século 20, uma frase que me levou a copiar nos rodapés dos manuscritos escolares: “É a vontade e não a inteligência, por mais perfeita que seja, que torna o homem bom e direito”.
 
Não recebi qualquer ensinamento acadêmico-escolar desse teórico tomista. Apenas uma frase, que deixei gravar no meu subconsciente com a vontade de não mais esquecer.
 
Não sei onde estão, hoje, os livros de Maritain do meu Tio. Sei que fadado à mediocridade, sempre estive, com a vontade de superar as adversidades. Vontade que me encoraja a enfrentar as dificuldades. Também sei que de uma legião de boas vontades o mundo está cheio. Faltam vontades de praticá-las. São muitos os que as praticam para o mau.
 
Um cérebro medíocre, sim. Mas com uma vontade danada de um coração bondoso!

©2013 www.AssessoRN.com | Jornalista Bosco Araújo

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Titenor, meu Tio pé de valsa!

Por João Bosco de Araújo
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  
Sempre que vejo uma pessoa dançando bem, com estilo e elegância, me lembro de meu Tio Antenor Tavares, irmão de minha mãe. “Titenor” - era assim que os sobrinhos o chamavam em Caicó - viveu o auge dos anos cinqüenta no esplendor de sua juventude, promovendo festas e arranjando amigos por onde andava. Rapaz pobre com prestígio na sociedade local – meu avô Severino Tavares, pioneiro na região na arte de fazer chapéu de couro, migrado de São Mamede na vizinha Paraíba, educou os quatro filhos no melhor colégio da cidade –, logo percebeu seu carisma em fazer novas amizades no ceio das melhores famílias, tanto que o seu talento o fez dirigente de clube social, criando e inaugurando festas, como o Baile das Debutantes.
Ainda em sua juventude criou blocos carnavalescos, escolas de samba, ao lado de Chico Pindoba, Chiquinho Avelino, sendo parceiro de Mané de Neném na alegria de autênticos foliões dos carnavais de ouro dos anos cinqüenta e sessenta. Nos anos seguintes, já nos salões paulistas, aonde foi tentar uma vida melhor, dançou em clubes do Parque São Jorge (Clube Corinthians), Casa Verde, Bom Retiro, quando conheceu a neta de italianos e espanhóis, tornando-se sua esposa que lhe presenteou com dois filhos.
Mas nem por isso esqueceu sua terra Caicó. Foi assim desde o primeiro Baile dos Coroas, em que o amigo-anfitrião Darci Fonseca lançava a festa glamourosa em 1974, ainda hoje uma tradição que orgulha a sociedade caicoense. Já morando em Natal, nos anos oitenta, continuou freqüentando a Festa de Sant’Ana, e como não poderia deixar de ser, o Baile dos Coroas. Ao ritmo de boleros, mambos e tangos, abrilhantava a mesa dos amigos, ao som contagiante da orquestra que emociona e faz sonhar.
Ainda hoje, os amigos, José Nilson de Barros, Doutor Chiquinho (Francisco de Assis Medeiros), Alcimar de Ameida, apenas para citar esses, pois são muitos, lamentam sua ausência na festa nesses anos e não cansam de pedir para que ele volte a participar do baile! Comerciante empreendedor, não soube enfrentar os passos do então  programa econômico do País, o Real, escorregando e pagado alto o preço da queda.
No dia 15 de novembro, Dia da República e de seu aniversário, Titenor completará 81 anos de idade. Sua irreverência não envelhece, nem sua vontade de viver.
©2013 www.AssessoRN.com | Jornalista Bosco Araújo

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Foto-memória Carnaval de Caicó na década de 1950

Uma foto do carnaval de Caicó há cerca de 60 anos, na segunda metade dos anos 1950, do bloco escola de samba de meu tio Antenor Tavares de Araújo, que foi um folião autêntico, de uma Caicó doce e ainda que pequena, enorme de pureza e candura! Não segui os seus passos, embora o ritmo me contagiara pouco depois, já na infância. [para ler prosa]   
Na foto, sem crédito autoral, Antenor Tavares é o sétimo a partir da esquerda.
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