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domingo, 5 de outubro de 2025

UM REDUTO DE ARTE, CULTURA E CIDADANIA

 Por Fernando Luiz*

No mês de setembro, o bairro das Rocas aniversariou. Localizado na Zona Leste de Natal, as Rocas é um dos três bairros mais antigos da nossa cidade, tendo surgido depois da Cidade Alta e da Ribeira. Segundo Câmara Cascudo, o nome do bairro provém do Atol das Rocas. 

O crescimento das Rocas começou durante a Segunda Guerra Mundial e, com o tempo, o bairro se transformou em uma região rica em diversidade, inclusive em termos religiosos. Uma das suas primeiras igrejas foi a da Sagrada Família, construída em 1927. No ano de 1944 foi criado no bairro o Centro Espírita de Umbanda Redentor Aritã, por Mãe Inês, juntamente com o babalorixá João Cícero Herculano. Em1962 o babalorixá José Clementino criou o terreiro umbandista Pai Joaquim de Angola.

O bairro tornou-se uma referência na música, com a criação da primeira escola de samba, a Malandros do Samba, 1958, fundada por Aluízio Pereira, Toinho Costureiro, João Bem-Te-Vi e Manoel Farrapo. Seis anos depois, em 1966, o mestre Lucarino fundou a Balanço do Morro, da qual eu tive a honra de ser tema do samba-enredo em 2008. 

A celebração da data comemorativa ao aniversário do bairro foi instituída através de um decreto de autoria do deputado estadual Ubaldo Fernandes, quando ele era vereador. No dia 03 de setembro passado, o bairro começou a comemorar oficialmente seu aniversário com uma programação que se iniciou no sábado, dia 6, com o evento “Vem Curtir Nosso Pagode”, que foi realizado no Pátio da Feira com a participação de grandes nomes do samba potiguar: Pagode Vem Curtir, Nossa Simpatia, César Soanata, Fernandinho Santiago, Samba A4, Rodney Sambacom, Pagode SOS, além do DJ Oliver. 

O bairro das Rocas tem marcado profundamente a cena cultural de Natal. Foi lá que o Mestre Cornélio Campina criou, com a ajuda de Câmara Cascudo, a Sociedade de Danças Antigas e Semidesaparecidas Araruna. Durante a gestão do prefeito Djalma Maranhão, o bairro foi um dos polos do programa De Pé No Chão Também Se Aprende a Ler. As Rocas também teve nomes de suma importância na cena musical de Natal: foi o berço de nomes como Fernando Tovar, (o responsável pela interpretação mais conhecida de “Praieira”, clássico de Othoniel Menezes e Eduardo Medeiros, uma espécie de hino não oficial da cidade do Natal), Paulo Tito, (violonista, maestro, arranjador e compositor, que teve músicas suas gravadas por Elis Regina, Dalva de Oliveira e Maysa), Debinha Ramos e Getúlio Marques.

Morei por dois anos no Areal, contíguo ao bairro das Rocas. Lá, aos seis anos de idade, estudei na escola particular de dona Evita (minha primeira professora), assistia às missas celebradas na igreja do bairro pelo padre Nivaldo Monte – que se tornaria Arcebispo, – frequentava a feira levado pela minha avó e me banhava aos domingos na praia do meio. Quando fui crooner dos Apaches cantei em várias festas no Racing e no Palmeiras; nos anos noventa promovi no bairro várias edições do Show das Comunidades. Até hoje tenho amigos no bairro: Debinha Ramos, Getúlio Marques, o empresário João Maria, o deputado Ubaldo Fernandes e seu irmão, o vereador Eribaldo Medeiros. 

Além de tudo o que foi exposto aqui, as Rocas tem o privilégio de ser o único bairro de Natal que deu ao Brasil um presidente da República: Café Filho. Por tudo isso, não resta dúvida: o bairro das Rocas é um reduto de arte, cultura e cidadania.

Instagram: @fernandoluizcantor

Por Fernando Luiz*

*Fernando Luiz: Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta o programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8h30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.

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