Desenvolvida na UFRN, nova técnica para utilização na área cerâmica, cosmética e de tintas recebe patenteamento
Segundo
Jean Carlos Silva Andrade, um dos autores da invenção, existe um universo
gigante para a aplicação de pigmentos inorgânicos cerâmicos nas indústrias nas
áreas como tintas, cosméticos e aplicações em produtos polímeros. Ele destaca
que, entre as propriedades apresentadas pelos pigmentos, as mais importantes
são as óticas, principalmente a capacidade de fornecer cor e opacidade.
"Dependendo
da combinação de substâncias usadas e dos metais envolvidos na reação é
possível definir qual a melhor aplicação para estes pigmentos. Por exemplo, não
é aconselhável o uso de óxido de cobalto para compor a casca de pigmentos que
serão utilizados em cosméticos, por razões específicas", colocou Jean.
Denominada
Processo de obtenção de pigmentos nanocompósitos tipo core-shell à base de titânia
e óxidos metálicos em meio de n-propanol, a carta-patente foi depositada em
2013 e tem ainda como cientistas envolvidos Rubens Maribondo do Nascimento,
Carlos Alberto Paskocimas, Kalpeshkumar Bhikhubhai Sidhpuria, Tharsia Cristiany
de Carvalho Costa, Graziele Lopes de Souza e Daniel Araújo de Macedo. O estudo
é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
(PPGCEM) e ao Departamento de Engenharia de Materiais (DEMat) da UFRN.
Um
pigmento tem como definição ser uma partícula sólida, orgânica ou inorgânica,
branca, preta, colorida ou fluorescente, que seja insolúvel na substância na
qual venha a ser incorporada e que não reaja quimicamente ou fisicamente com
esta. A produção de pigmentos inorgânicos pode ser alcançada por diversos
métodos ou por uso dos pigmentos minerais, como minerais coloridos ou que
servem de base à obtenção de outros pigmentos inorgânicos. Eles precisam ser
devidamente preparados, por meio de técnicas de beneficiamento mineral, antes
da utilização como pigmento.
Os
pigmentos sintéticos, também conhecidos como pigmentos inorgânicos complexos,
se diferenciam por serem preparados mediante procedimentos químicos. Já os
inorgânicos sintéticos são os mais utilizados por apresentarem uma excelente
estabilidade química e térmica, e também, em geral, uma menor toxicidade para
os seres humanos e para o meio ambiente.
Por
sua vez, ser do tipo core-shell significa dizer que o pigmento tem estrutura do
tipo casca-núcleo; assim, terá um centro envolvido por uma camada — o primeiro
à base de titânia, recoberto com diferentes óxidos metálicos, o que forma a
casca. Esses pigmentos são preparados utilizando o método sol-gel associado ao
método de co-precipitação em meio alcoólico,
em um processo de síntese que compreende seis etapas: hidrólise do
alcóxido, formação de xerogel, tratamento térmico e formação do pigmento por
meio da formação da casca utilizando co-precipitação seguida de um novo
tratamento térmico.
Docente
da UFRN, Carlos Alberto Paskocimas foi um dos orientadores da tese de Jean
Andrade. Ele explica que o processo sol-gel não aquoso em solventes orgânicos
sem a presença de água é capaz de superar algumas das principais limitações de
sistemas aquosos, com vantagens relacionadas sobretudo ao papel múltiplo dos
componentes orgânicos na reação. Os benefícios vão da influência positiva no
controle do tamanho de partícula, da forma e das propriedades da superfície e
da automontagem. "Em alguns casos, até mesmo a composição e a estrutura do
cristal formado pode ser potencializada", destaca Paskocimas. A reação do
tipo sol-gel é um dos processos mais versáteis, economicamente viáveis e de
condições brandas para a obtenção de materiais inorgânicos.
O
grupo de pesquisadores pontua ainda que a nova tecnologia passa, no momento,
por estudos em laboratório realizados para avaliação de viabilidade envolvendo
características e propriedades requeridas para diferentes aplicações.
Atualmente professor efetivo na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Jean
Andrade identifica a possibilidade de, a partir das pesquisas já desenvolvidas,
obter produtos de maior valor agregado, devido às características de qualidade.
"Deste processo resultam pós com elevadas áreas superficiais, controle das
fases cristalinas, crescimento e cristalização controlados, elevada
homogeneidade química, tamanhos e formas uniformes e propriedades da superfície
esperada para nanocristais", ratifica.
Outro
orientador envolvido na pesquisa, Rubens Maribondo pontua que as patentes são
importantes para proteger a propriedade intelectual, seja uma invenção ou
modelo de utilidade, mas também como aspecto para que a Universidade, através
dos royalties, possa incentivar mais pesquisas.
"Assim,
o reconhecimento e proteção da propriedade intelectual incentiva o inventor a
prosseguir com suas pesquisas, trazendo benefícios diretos à sociedade e à
própria instituição. A transferência de tecnologia para o setor produtivo é uma
etapa de fundamental importância, para que o invento possa se transformar em
produto a ser disponibilizado à sociedade", coloca o atual pró-reitor de
Pós-Graduação.
Na
UFRN, a Agência de Inovação tem a responsabilidade de dar o suporte aos
pesquisadores, desde o depósito em si até os trâmites seguintes, como resposta
aos questionamentos dos analistas do INPI e o pagamento das taxas no Instituto.
O passo inicial para tudo se chama notificação de invenção, que pode ser feito
no Sigaa, na aba pesquisa. Outras informações estão disponíveis no site da
AGIR, https://agir.ufrn.br.
Por
Wilson Galvão da Assessoria de Comunicação da Agência de Inovação da Reitoria
da UFRN
Foto:
Arthur Lanza/Ascom UFAM
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