A
criação de um dispositivo que aprimora a precisão de leitura do escaneamento
intraoral nas reabilitações protéticas sobre implantes dentários totalmente
edêntulos. Dito desta forma, a descrição do fruto de uma pesquisa do Programa
de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas (PPGCO) da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN) causa estranhamento. Fruto de um depósito de pedido
de patente em 2019, o estudo, dito sob outra perspectiva, é um invento para a
área de odontologia capaz de melhorar a precisão do escaneamento realizado na
boca do paciente e que propicia a geração de um modelo digital mais preciso, a
partir do qual o desenho da estrutura necessária, utilizado para guiar os
implantes, é realizado e posteriormente ‘impresso’.
Segundo
a professora da UFRN, Adriana da Fonte Porto Carreiro, atualmente o
escaneamento intraoral sobre os implantes é uma técnica que produz bons
resultados apenas para reabilitações pouco extensas. O entrave implica ajustes
posteriores na infraestrutura, cujas distorções ocasionam, em algumas
situações, a necessidade de duas moldagens, o que aumenta o tempo clínico em
situações muitas vezes desagradáveis para os pacientes.
“Com
a tecnologia atual, o escâner não reconhece áreas de referência para formar a
imagem do paciente que não tem dente algum em um dos arcos dentários. Nesse
sentido, idealizamos um dispositivo físico que unisse os implantes nos
pacientes desdentados e que o escâner reconhecesse. Esse aparelho forma uma
imagem, no arquivo digital, da distância entre os implantes, possibilitando
assim que o software desenhe a estrutura metálica que vai ser adaptada, de
forma precisa”, explicou a cientista, que coordena o Grupo de Pesquisa em
Reabilitação Oral com Próteses Implantossuportada e que deu outros detalhes em
vídeo disponibilizado no endereço https://www.instagram.com/agirufrn/?hl=pt-br.
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem mais de 10% de sua população sem dente.
A
precisão do escaneamento digital em prótese total influencia diretamente na
consequente dificuldade em ter a distância exata de um implante para o outro.
Tal adversidade, segundo Ana Larisse Carneiro Pereira, pode provocar
desadaptações que ocasionam complicações mecânicas, fraturas ou biológicas. Com
a professora Adriana Carreiro e ao lado de Rodrigo Falcão Carvalho Porto de
Freitas, Maria de Fátima Trindade Pinto Campos, Ana Clara Soares Paiva Torres,
Jéssica Marcela de Luna Gomes e Eduardo Piza Pellizzer, Ana Larisse é uma das
inventoras do dispositivo. “Atualmente, os desajustes são vistos apenas após a
confecção de um molde. Com o dispositivo desenvolvido pelo grupo, eu consigo
saber a distância entre um implante e outro, e a angulação, com maior
perfeição. Assim, teremos menos etapas clínicas, ou seja, um tratamento mais
rápido para o paciente, e mais preciso”, afirmou a mestranda do PPGCO.
O
aparelho oferece assim possibilidades múltiplas de união entre os implantes,
com a versatilidade de se adequar a qualquer quantitativo e com uma reprodução
digital fidedigna do arco a ser reabilitado. Um implante é uma estrutura
introduzida na região do maxilar e que dá suporte à prótese. Esta prótese,
nesse caso, é o produto final de todo o processo, ou seja, os dentes que são
colocados na boca do paciente, em um dos dois arcos dentários que existem na
boca – ou em ambos. “Quando se trata de arcos reabilitados que receberam
próteses suportadas por implantes, os escâneres intraorais limitam a aplicação
para a captura de múltiplos implantes em arcos totalmente sem dentes. Neste
sentido, o dispositivo patenteado contribui para um avanço na problemática, uma
vez que amplia as possibilidades de se obter reabilitações com qualidade técnica
e facilita o processo de fabricação de infraestruturas para próteses sobre
implantes. Assim, reduz tempo clínico e minimiza possíveis erros de moldagem ou
fundição”, finalizou a cientista Adriana Carreiro.
Depósito
de patente
Com
o título “Dispositivo para escaneamento intraoral de implantes em arcos
edêntulos”, o estudo desenvolvido pelos sete inventores é um dos 31 depósitos
de pedido de patente da UFRN em 2019 e foi realizado em cotitularidade com a
Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP) e a Universidade Estadual do Rio
Grande do Norte (UERN). Segundo relatório da Agência de Inovação (AGIR) da
UFRN, a marca é a maior já registrada na história da instituição, igualando os
números de 2017 e 2015. As orientações e explicações a respeito dos aspectos
para patentear uma determinada invenção são dadas na própria AGIR, unidade
localizada no prédio da Reitoria, ou através do e-mail patente@agir.ufrn.br.
Foto
relacionada à divulgação
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