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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Sensibilidade que dá fruto


Da Agência de Inovação da UFRN

Antes de chegar às prateleiras dos supermercados, os produtos agrícolas passam por uma série de processos: transporte, seleção e manejo. Tais processos muitas vezes são realizados por equipamentos mecânicos, o que causa danos ao alimento, descarte dos frutos avaliados, uma vez que as medições usualmente empregadas demandam a realização de um furo, o que acaba inutilizando o produto. Conexos, esses processos acabam acelerando a velocidade de deterioração das frutas. Ao mesmo tempo, quando colhidos na maturidade ideal, os produtos se tornam mais doces e resistentes a eventuais danos causados durante o transporte. Pensando nisso, foi desenvolvida uma luva com sensores que permitem analisar e medir atributos de frutas com o toque,  classificar a qualidade dos frutos durante a colheita, aumentando o aproveitamento e reduzindo a necessidade de diversas classificações e manipulações ao longo da cadeia de suprimento.

A descrição deste equipamento remete à concessão da 19º carta-patente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em cotitularidade com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), denominada Luva Vestível para Análise e Classificação de Produtos Agrícolas e que tem como autores os professores Rummenige Rudson Dantas e Rafael Vidal Aroca, além dos estudantes Ciro Martins Pinto e Lucas Cassiano Pereira Silva. “Quando a pessoa pega a fruta com a luva, conseguimos fazer uma leitura, através de sensores de luz e de pressão localizados na ponta dos dedos da luva, se a fruta está verde, madura ou passada e, assim se está pronta para colheita. Com a leitura do sensor, um programa de computador faz a indicação. A luva é passível de fazer essa identificação para diversas frutas, calibrando os sensores para cada caso”, explicou Rummenige Rudson Dantas, professor vinculado à Escola de Ciência e Tecnologia. (Veja mais detalhes no vídeo no link  https://www.instagram.com/p/B5DVRwTgNza/  ).

Para Rafael Vidal Aroca, um dos inventores, o desperdício é um dos itens a ser atacado. “O Brasil é o país do agronegócio, e, neste sentido, existem muitas pesquisas acadêmicas para aumentar a qualidade dos alimentos, e reduzir o desperdício. Em especial, espera-se que a tecnologia presente nesta luva, permita tornar os processos de seleção e classificação de frutas mais homogêneo, além de aumentar a qualidade e duração das frutas, através da indicação do momento correto da colheita de cada tipo e fruta”. O atual diretor da Agência de Inovação da UFSCar explicou ainda que a equipe paulista já discutia o desenvolvimento desta luva fazia algum tempo e que, na época do pedido em 2014, foram incentivados por Adonai Calbo, pesquisador da EMBRAPA, para tentar patentear a tecnologia. “Já havíamos desenvolvido um protótipo inicial e testado sua funcionalidade, mas em parceria com o professor Rummenigge Dantas e os estudantes Ciro Pinto e Lucas Cassiano, construímos protótipos funcionais, com custo acessível”, pontuou.

Por sua vez, Rummenigge Dantas acrescentou que o projeto da luva pode ser ajustado até mesmo para as pessoas que estão dentro da Agricultura Familiar. “No nosso raciocínio, a pessoa que está lá no campo realizando a colheita, que é manual, quando pegasse no fruto, a luva indicaria se pode ou não retirar o fruto da planta, substituindo o penetrômetro. A economia, a depender do tamanho da plantação, é muito alta, também pela questão da utilização do tempo”, colocou o docente da UFRN, atualmente vinculado ao programa de Pós-Graduação em Tecnologia da Informação e ao bacharelado na Escola de Ciência e Tecnologia.

Ou isto ou aquilo, não excludentes

Decorrente das tecnologias desenvolvidas na pesquisa, sobretudo as referentes ao uso de sensores, surgiram outros projetos. Um deles é também uma luva para utilização em projetos de reabilitação em fisioterapia, pois conseguíamos captar o movimento de abrir e fechar as mãos, e a amplitude fruto dessa ação. “Com esse mesmo conhecimento de sensores, também fizemos um monitoramento dentro de uma colmeia, para ver o quanto as abelhas se locomoviam, medirmos a temperatura e a  umidade do ambiente, volume e peso dela, que são fatores que ifluenciam diretamente na qualidade dos produtos, no caso o mel e a cera”, descreveu Rummenigge Dantas. Segundo ele, há a perspectiva de pedido de patente em uma terceira aplicação fruto da tecnologia, que foi o desenvolvimento de sensores para em um empreendimento alimentar, aconteça a identificação do quão a Cuba, onde a comida está localizada, está cheia ou vazia, ou se obedece a temperatura padrão. 

Sobre o procedimento para o processo de patentear, o diretor da Agência de Inovação (AGIR) da UFRN, Daniel Pontes, podem ser patenteados invenções que atendam requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, nem como modelos de utilidade que sejam objeto de uso prático, ou parte deste e que seja suscetível de aplicação industrial. “Além de toda a importância de currículo e comercial, a patente concedida é o reconhecimento do trabalho, uma comprovação de que ninguém no mundo fez algo parecido, que é o critério da novidade da patente, da atividade inventiva e aplicação industrial. Se o Instituto Nacional da Propriedade Industrial concedeu, é porque tem novidade, ou seja, não era óbvio para ninguém montar as peças dessa forma ou usar esse programa para ter essa aplicação. Um dos reconhecimentos de todo esse contexto é através da concessão da patente”, colocou.

Daniel pontes acrescentou que as orientações e explicações a respeito desses aspectos são dadas na própria AGIR, unidade criada em 2007 inicialmente sob a nomenclatura de Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) e localizada no segundo piso do prédio da Reitoria. Dentre suas atribuições, a Agência de Inovação é responsável pela gestão da propriedade intelectual, transferência de tecnologia e ambientes promotores de inovação na UFRN, acompanhando e estimulando, por exemplo, as atividades das incubadoras da Universidade, bem como, as atividades dos parques e polos tecnológicos. Fruto do trabalho, a UFRN alcançou, em 2019, números proeminentes para a realidade do Nordeste, o que a situou em 13º no país no número de patentes pedidas, de acordo com o Ranking Universitário da Folha (RUF) divulgado neste mês de outubro. Além disso, com 19 cartas-patentes concedidas, a UFRN está a frente de universidades com Índice Geral de Cursos similares ao seu, como Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal da Bahia.
Imagem relacionada à divulgação

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