Por Fernando Luiz*
Gosto de assistir o Xeque-Mate da TV Universitária. Apresentado ao vivo, o programa traz entrevistas interessantes sobre uma variada gama de assuntos, com entrevistados que tenham algum tipo de tipo de relevância na cena cultural potiguar. Uma das entrevistas mais recentes foi com Jomardo Jomas, produtor cultural, criador do MADA – Música Alimento da Alma, - um dos mais importantes festivais de música do Brasil, que nasceu aqui em Natal. O MADA 2025 começou na sexta-feira e terminou ontem na Arena das Dunas.
O Xeque-Mate é apresentado por Raniere Souza e conta com a participação de estudantes de Comunicação da UFRN. Pelo Xeque Mate já passaram dezenas de artistas e produtores culturais. A lista é enorme, mas posso citar pelo menos três entrevistados em segmentos diferentes e em datas diferentes: Diana Fontes, coreógrafa e produtora cultural, Banda Grafith e Paulo Tito.
Diana Fontes, professora de dança, atua como curadora em dança, (participou da décima primeira Mostra Brasileira de Dança, realizada em 2014); ela é a idealizadora do espetáculo Um Presente de Natal, que teve sua primeira edição em 1997 e é realizado anualmente na cidade durante o período natalino. Além disso, também foi vencedora do prêmio Brasil Musical, com o espetáculo Bye Bye, Natal em 2019.
A banda Grafith, conhecida do grande público, foi criada em 1988 pelos irmãos Júnior, Kaká, Joãozinho e Carlinhos. A banda começou se destacando pelos seus shows lotados em clubes da periferia de Natal e, gradativamente, vencendo preconceitos, pouco a pouco conquistou a simpatia das classes mais elitizadas sem perder a sua essência popular e sua identificação com as massas.
Por sua incrível capacidade de transitar por todos os estilos musicais, a banda Grafith conquistou milhares de fãs e ganhou visibilidade participando de micaretas, festas juninas e carnavais. Em 2024 foi reconhecida como patrimônio cultural e imaterial do Rio Grande do Norte.
Paulo Tito nos deixou no dia 6 de setembro passado. Ele participou do Xeque Mate em 2009. Na época, assisti sua entrevista, uma verdadeira aula de conhecimento musical.
Nascido nas Rocas, Paulo Tito era arranjador, cantor, compositor, produtor musical e exímio violonista. Durante a sua participação no programa, respondendo às perguntas dos estudantes de Comunicação com grande desenvoltura e de modo descontraído, contou sua trajetória para jovens universitários curiosos, dedilhando o seu violão sem fazer um único acorde natural. Quando perguntaram a ele sobre a falta de apoio ao artista local, ele afirmou que sempre contou com o apoio do poder público. Chegou mesmo a elogiar os governantes, o que não deixou de ser um ato de generosidade da sua parte. A entrevista de Paulo Tito foi um banho de informação, de sinceridade e de coragem. Falou do descaso da modernidade com relação às nossas tradições culturais e não hesitou em perguntar aos universitários os nomes dos compositores do Hino Nacional. Ninguém sabia.
Meu primeiro disco, um compacto simples gravado em 1975 pela gravadora Tapecar foi produzido por Paulo Tito, que também foi o arrenjador das duas músicas: Mística e Dias e Noites Desse Mundo.
Até hoje considero a entrevista de Paulo Tito como uma das melhores do Xeque-Mate. Além do banho de informação, Paulo ainda deu, sem querer, uma de filósofo, ao afirmar no final do programa: “O progresso está matando o amor”.
Instagram: @fernandoluizcantor
*Fernando Luiz: Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta o programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8h30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
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