Cientistas da UFRN desenvolvem sistema que transporta antibióticos por vetorização magnética e melhora tratamentos
Por Wilson Galvão -
Assessoria de Comunicação da Agência de Inovação da Reitoria/UFRN
“Produzimos
Micropartículas Polimerizadas contendo Fármacos (MPF) com um núcleo contendo
antibióticos e partículas de magnetita e uma camada externa de proteção
composta por polímero gastro-resistente, sensível ao pH (potencial
hidrogeniônico), que é estável em pH ácido. O processo de síntese das
micropartículas permite, entre outras coisas, controlar o conteúdo de
antibiótico das micropartículas, bem como a susceptibilidade magnética.
Importante ressaltar que as micropartículas podem ser usadas para preparar
comprimidos ou cápsulas com características especiais”, explica o docente.
O
sucesso da “entrega localizada” de praticamente todo o fármaco administrado no
local é alcançado com o uso de um ímã externo localizado no abdômen em uma
posição determinada pelo local da infecção, de modo que seja mínima a distância
entre o ímã externo e o local da infecção. O ímã é utilizado a fim de
direcionar as MPF para o local da infecção. Além disso, promover a permanência
das micropartículas no local de interesse, após a administração por via oral do
antibiótico. Ao atingir o local da infecção no tecido epitelial do estômago,
com pH neutro, a proteção polimérica desfaz-se e os antibióticos são liberados.
É
como se a MPF fosse uma cápsula que estivesse dotada de um GPS com coordenadas
estabelecidas para partida e chegada e, sob controle da técnica da vetorização,
com sua biodistribuição impedida, e destino certo. A cápsula é controlada para
atingir o local da infecção.
No
mesmo documento, o grupo coloca que, por meio da difratometria de raios-X,
técnica para detecção de radiação espelhada pela matéria, ficou comprovada a
composição da MPF e a eficácia do método de preparação das micropartículas
polimerizadas com fármacos.
O
registro da propriedade intelectual tem também como autores Aldo da Cunha de
Medeiros, Erica Lira da Silva, Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito, Juliana
Fernandes de Carvalho e Thales Renam Ferreira Pontes, em uma participação
conjunta dos programas de pós-graduação de Ciências farmacêuticas e de Ciências
da Saúde, e foi expedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI) sob a denominação Sistema magnético para vetorização de antibióticos
para tratamento de infecções por Helicobacter Pylori.
Carriço
salienta que o esforço de pesquisa na vetorização magnética de fármacos teve
início há vinte anos e, desde sua criação, esteve sempre voltado para a
vetorização de antineoplásicos para a eliminação de tumores malignos. “Nosso
grupo é pioneiro em propor uso da vetorização magnética de antibióticos”,
realça o pesquisador.
Chegando
agora às 31 cartas-patente concedidas, a UFRN é a universidade líder no
Norte-Nordeste nesse quesito, à frente de instituições com Índice Geral de
Cursos similar ao seu, como a Universidade Federal do Ceará (UFC), a
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal da Bahia
(UFBA). Na UFRN, a Agência de Inovação (AGIR) é a unidade responsável pela
proteção e gestão dos ativos de propriedade intelectual, como patentes e
programas de computador. Em tempos de pandemia, as orientações e explicações a
respeito dos aspectos para patentear uma determinada invenção são dadas através
do e-mail patente@agir.ufrn.br ou via aplicativos de mensagens, pelo telefone
99167 6589.
Para
o diretor da AGIR, Daniel de Lima Pontes, o número alcançado, expressivo por si
só, requer uma explicação adicional. “A concessão da carta-patente tem
importância que reside em algumas características peculiares. Primeiro,
diferentemente do pedido de patente, a concessão atesta, segundo análise do
INPI, que a tecnologia atendeu aos requisitos de patenteabilidade, tais quais a
novidade, capacidade inventiva, aplicação industrial e suficiência descritiva.
Segundo, reconhece a propriedade de uma invenção, que se traduz em uma
tecnologia única, passível de abranger melhorias na vida de muitas pessoas. Por
fim, só o pedido de patente, não é inovação. A inovação é quando a tecnologia
chega até o mercado e beneficia a sociedade. A UFRN está atuando justamente no
sentido de ultrapassar os nossos muros para celebrar a transferência de
tecnologia com as empresas, gerando assim benefícios socioeconômicos para a
nossa região”, destacou.
Daniel
Pontes pontuou também que o processo de patenteamento protege o material
intelectual produzido nas instituições de ensino pelo seu corpo docente e
discente, eleva as pesquisas acadêmicas a um outro patamar – o da inovação
tecnológica –, além de aproximar a academia do setor industrial e empresarial.
Entre suas atribuições, a Agência de Inovação é responsável pela gestão da
propriedade intelectual, transferência de tecnologia e ambientes promotores de
inovação na UFRN, acompanhando e estimulando, por exemplo, as atividades das
incubadoras da Universidade, bem como as atividades dos parques e polos
tecnológicos.
O
portfólio de ofertas tecnológicas da UFRN está disponível para acesso em
www.agir.ufrn.br.
Fotos:
Cícero Oliveira
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