Pesquisa revela aumento de consumo nocivo de álcool durante quarentena no Brasil
Do
total de 3.799 entrevistados no Brasil, 52,8% relataram o uso da bebida
alcoólica como método para relaxar de ao menos um sintoma emocional como
ansiedade, nervosismo, insônia, preocupação e irritabilidade. Para o psicólogo
Zacarias Ramalho, docente da Estácio Natal - unidade Ponta Negra, esse
comportamento é problemático, porque funciona como um refúgio não saudável para
sentimentos de medo e de solidão.
“Esse
hábito pode vir a se transformar em uma dependência, porque é um comportamento
voltado às faltas que afloraram durante o isolamento. Há pessoas que não
desenvolveram sua resiliência, que é a capacidade de atravessar situações
conflituosas, e é perigoso fazer uso da bebida alcoólica como mecanismo de
defesa, para não vivenciar um momento de sofrimento de fato”, afirma o
psicólogo.
Na
pesquisa realizada entre maio e junho de 2020 também foi observado nos
entrevistados entre 30 e 39 anos um aumento do comportamento conhecido como
Beber Pesado Episódico (BPE), que ocorre quando a pessoa ingere cerca de cinco
doses de bebida, o equivalente a 60 gramas de álcool, em uma única ocasião.
O
especialista alerta que o consumo nocivo de bebidas alcoólicas, antes do vício,
já é considerado um transtorno mental. “Neste momento, o indivíduo já possui
uma condição patológica que necessita de acompanhamento de uma equipe
multidisciplinar, porque o uso abusivo pode levar a transtornos mais graves,
com consequências físicas, psicológicas e comportamentais, como agravamento da
violência doméstica, acidentes de trânsitos, dentre outros”, explica. De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), três milhões de mortes por ano
resultam do uso nocivo do álcool.
Além
de afetar quem consome a bebida de forma desequilibrada, o alcoolismo é uma
doença que atinge também todos os que estão à sua volta. “O sujeito que
vivencia o alcoolismo, ou outros transtornos associados ao uso de substâncias
psicoativas, tem perdas no processo de interação que podem afetar seus empregos
e família, já que se isola do meio no qual convive, devido aos prejuízos que o
alcoolismo causa”, destaca.
Neste
dia 18 de fevereiro é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Alcoolismo. No
Brasil, o consumo de álcool per capita é de 8,9L por ano, número acima da média
mundial de 6,4L por pessoa. Segundo dados da OMS, quase 3% da população
brasileira acima de 15 anos de idade é considerada alcoólatra.
Diante
desses números, o especialista adverte que é necessário abrir espaços para que
os jovens possam falar sobre as suas emoções para tentar buscar formas de lidar
com alguma problemática que possa resultar no contato tão precoce com o álcool.
“Além disso, é necessário promover sempre políticas de prevenção ao uso abusivo
de substâncias, seja na escola, no
trabalho, nas redes sociais e redes de amigos”.
Zacarias
lembra como a Psicologia pode ajudar na compreensão das questões emocionais de
quem faz uso nocivo do álcool e contribuir para o tratamento. “A psicoterapia
pode ajudar na compreensão de algumas questões emocionais, desconstruir crenças
e percepções, e ajudar a trabalhar o bem estar do indivíduo. Outro ponto muito
importante é que hoje existem também serviços como os CAPS (Centro de Atenção
Psicossocial) que dispõem de uma equipe multiprofissional que pode contribuir
no tratamento da dependência química, avaliando o caso e traçando a melhor
conduta terapêutica para cada pessoa”. [por
assessoria de imprensa]
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