Um
novo depósito de pedido de patente da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) resultou em um Gel para tratamento de inflamações de uma forma
geral, a partir de novas formulações farmacêuticas com folhas das espécies
Kalanchoe laciniata e Bryophyllum pinnatum, ambas cultivadas na Caatinga. Além
do uso em humanos, a nova medicação pode ser utilizada no tratamento
veterinário de equinos, bovinos e caprinos.
Uma
das cientistas envolvidas, a professora do Departamento de Farmácia da UFRN,
Silvana Maria Zucolotto Langassner, colocou que a invenção foi testada frente a
modelos experimentais de inflamação aguda em seres vivos, momentos nos quais
foi observada a redução dos inchaços provenientes das irritações.
“As
duas espécies são ricas em metabólitos classificados como flavonoides,
substâncias naturais com ações anti-inflamatória, vasodilatadora, analgésica,
anticancerígena, anti-hepatotóxica, bem como atividade antimicrobiana e
antiviral. A nossa invenção comprova cientificamente a viabilidade da
utilização de matérias-primas derivadas das folhas frescas ou secas das
espécies em formulações farmacêuticas com atividade anti-inflamatória”,
especificou Silvana Langassner.
Ela
acrescentou que as plantas têm um uso popular já disseminado, pois as pessoas
identificaram esse possível efeito cicatrizante. “Nos dez anos em que nós do
Grupo de Pesquisa de Produtos Naturais Bioativos trabalhamos com essas plantas,
vários estudos de doutorado, mestrado e iniciação científica foram
desenvolvidos. Um dos aspectos interessantes dessas espécies é que são de
pequeno porte, com matéria-prima abundante e, muito importante, são nativas”,
afirmou a docente. Silvana Langassner ressaltou ainda que a nova tecnologia
está de acordo com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas,
que visa promover o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da
cadeia produtiva e da indústria nacional.
O
Brasil é o país que detém a maior parcela da biodiversidade, em torno de 15% a
20% do total mundial e, entre os elementos que a compõem, as plantas são a
matéria-prima para a fabricação de fitoterápicos e outros medicamentos. Em
virtude dos medicamentos sintéticos apresentarem muitos efeitos colaterais, a
busca por novos anti-inflamatórios é constante. Para termos ideia, o uso
contínuo de corticosteroides de uso oral pode provocar diversos efeitos
colaterais, dentre os quais destacam-se osteoporose, trombose, úlceras
gástricas, hipertensão arterial e hiperglicemia. Já os efeitos colaterais que
podem ser causados pelos corticosteroides de uso tópico são sensação de ardor,
irritações, ressecamento da pele e estrias. Além disso, o uso prolongado de
anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) orais podem afetar o estômago e o
intestino, causando lesão tópica na mucosa e efeitos sistêmicos associados.
O
Gel produto resultante da pesquisa é fruto do estudo de Edilane Rodrigues
Dantas de Araújo no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas (PPGCF) e contou com a parceria da equipe do Laboratório de
Tecnologia e Biotecnologia Farmacêutica. Segundo ela, a conclusão é que os
“sucos” das duas espécies apresentaram atividade gastroprotetora e
anti-inflamatória tópica em modelos in
vivo, resultados que justificam a utilização popular das espécies.
Atualmente, Edilane de Araújo desenvolve pesquisa no doutorado do Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), onde testa qual a capacidade do Gel
atuar na cicatrização do processo inflamatório. Ambas pesquisadoras deram mais
detalhes a respeito do produto e da pesquisa em vídeo disponibilizado no
endereço https://www.instagram.com/tv/B9osFYSlRFT/?igshid=212vtgtrhjmo.
Denominado
"Formulações farmacêuticas contendo insumos ativos de Kalanchoe laciniata
e Bryophyllum pinnatum e sua atividade anti-inflamatória”, o depósito da patente
junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) tem como autores
também os pesquisadores Arnóbio Antônio da Silva Júnior, Edilane Rodrigues
Dantas de Araújo, Gerlane Coelho Bernardo Guerra, Jacinthia Beatriz Xavier dos
Santos, Júlia Morais Fernandes, Juliana Felix da Silva e Matheus de Freitas
Fernandes Pedrosa.
O
diretor da Agência de Inovação (AGIR) da UFRN, Daniel de Lima Pontes, explicou
que as orientações e explicações a respeito dos aspectos para patentear uma
determinada invenção são dadas na própria AGIR, unidade localizada no prédio da
Reitoria, ou através do e-mail patente@agir.ufrn.br. O estudo desenvolvido pela
equipe é o terceiro depósito de pedido de patente da Universidade em 2020 e
junta-se assim a um grupo de 246 depósitos da Instituição, os quais integram o
portfólio de ofertas tecnológicas da Instituição, disponível para acesso em
www.agir.ufrn.br, a disposição de empresários com interesse em produzi-las
industrialmente. Daniel Pontes frisou que o depósito já permite que a
tecnologia esteja disponível para o setor produtivo aproveitá-la para melhorar
seus processos e fluxos de trabalho.
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relacionada à divulgação/
Ascom Agência de Inovação da UFRN
©2020 www.AssessoRN.com | Jornalista João Bosco Araújo - Twitter @AssessoRN
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