Em 2009, o
aposentado Ronaldo Gonçalves Ferreira sentia fortes dores na coluna e procurou
atendimento médico para investigar a causa. Depois de vários exames e falsos
diagnósticos, ele começou o tratamento contra a tuberculose óssea, por
indicação médica.
“Eu cheguei
a ficar sem andar, fiquei em cadeiras de roda, perdi o movimento da perna
esquerda, doía muito e tinha dificuldade grande de locomoção. Os médicos
pensavam ser uma hérnia, até que o neurologista pediu um exame específico. E em
20 dias depois de iniciar o tratamento contra a tuberculose, eu já tive uma
melhora bem considerável”, lembra.
Ronaldo
enfrentou o que, para o Ministério da Saúde, ainda é um problema preocupante de
saúde pública. A tuberculose acomete principalmente os pulmões, mas pode afetar
outros órgãos, como foi o caso do Ronaldo. Ela é transmitida a partir do
espirro, da tosse ou da fala de uma pessoa que esteja com a tuberculose
pulmonar. Somente a forma pulmonar é contagiosa.
Após inalar
o bacilo da tuberculose, ele pode ficar alojado no corpo durante vários anos e
se manifestar quando há um comprometimento do sistema imunológico. As situações
mais comuns são: infecção pelo HIV, diabetes e uso prolongado de
corticosteroides.
A
coordenadora do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da
Saúde, Denise Arakaki, explica que é complexo o controle da tuberculose. “Eu
posso inalar o bacilo, o sistema de defesa do corpo faz ele dormir por muitos
anos e quando o sistema imunológico se deprime, por conta do envelhecimento ou
de outra doença, o bacilo da tuberculose se desperta. Então, por isso é difícil
acabar com essa doença na história da humanidade. Por isso ela é de difícil
controle”, explica.
Mais sobre a
tuberculose
A
tuberculose pulmonar é a mais comum em todo o mundo. Entre os sintomas, o
principal é a tosse persistente, com ou sem catarro. Mas, é preciso reparar no
emagrecimento sem causa aparente, na febre baixa no final do dia e no suor
excessivo durante a noite. Também pode haver cansaço intenso e a falta de
vontade para atividades cotidianas. “Apesar da forma mais comum ser a pulmonar,
outros órgãos podem ser afetados pela doença. Os sintomas variam de acordo com
o órgão acometido”, esclarece Arakaki.
Diagnóstico
e tratamento da tuberculose
No Brasil,
tanto o diagnóstico quanto o tratamento da tuberculose estão disponíveis no
Sistema Único de Saúde (SUS). Os medicamentos para tratar a doença não podem
ser encontrados à venda, em farmácias. “O tratamento das formas sensíveis da
tuberculose dura no mínimo seis meses, com medicação diária. E o das formas
resistentes é feito em unidades de referência, e duram de 18 a 24 meses.
Tuberculose tem cura, mas o tratamento deve ser feito até o final”, ressalta a
coordenara.
A vacina
BCG, prevista no Calendário Nacional de Vacinação e aplicada em crianças ao
nascer (ou até os 4 anos, se nunca tiver sido vacinada), previne as formas
graves da doença. “Além da vacina BCG, outra forma de prevenir o adoecimento é
avaliar as pessoas que tiveram contato com pessoas com tuberculose pulmonar. Os
contatos que foram infectadas pelo bacilo podem receber medicamento para
prevenir a evolução para doença. Pessoas vivendo com HIV devem ser avaliadas
anualmente para ver se estão infectadas pelo bacilo da tuberculose e também
devem receber o medicamento para prevenção”, explica a coordenadora do Programa
Nacional de Controle da Tuberculose.
Em geral,
após 15 dias de tratamento, as pessoas infectadas já não transmitem mais a
doença.
Novo
enfrentamento
No caso de
Ronaldo, infelizmente, em 2017, a doença voltou. Ao sentir dores, ele novamente
buscou atendimento médico e foi comprovado o novo diagnóstico da doença. O
tratamento foi retomado com medicamentos e agora ele foi considerado curado.
“Hoje eu sinto dor, porque ficam sequelas. Mas é algo suportável. Eu consigo
pegar um carro, consigo sair, consigo fazer uma caminhada. Já no auge da
tuberculose, eu não conseguia fazer nada, passava o dia inteiro deitado, com
dor, ânsia de vômito, náuseas e perdi peso. É horrível”, destaca.
O aposentado
ainda sente medo do retorno da doença e, além das consultas periódicas ao
médico, busca viver uma vida saudável, como a prática de exercícios físicos
para o fortalecimento corporal e cuidados diários simples. “Medicamento para
este caso específico eu não tomo mais. Me sinto bem, porque não foi preciso
chegar ao ponto de eu ficar sentado, sendo movimentado por alguém”, desabafa.
O Dia
Mundial de Combate à Tuberculose, lembrado sempre no dia 24 de março, é “uma
ocasião de mobilização mundial, nacional, estadual e local buscando envolver
todos às esferas de governo e setores da sociedade civil na luta contra esta
enfermidade”, define a Organização Mundial da Saúde (OMS). [Blog da Saúde]
Foto relacionada à publicação/ms
- Saiba mais sobre a Tuberculose
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