O conceito
de Segurança Alimentar e Nutricional está relacionado ao direito de acesso
regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para
todos, com o intuito de promover saúde e diversidade cultural, ambiental,
econômica e social. Baseada nessa concepção, a Horta Comunitária Nutrir da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi criada e, recentemente,
indicada como uma experiência exitosa pelo Fórum Global de Segurança Alimentar
e Nutricional da Organização das Nações Unidas (ONU).
Com o tema
central “Jardins comunitários para a democracia alimentar”, o projeto foi
selecionado em uma chamada pública no Fórum da ONU, será compilado pelo comitê
responsável e publicado em outubro deste ano em Roma (Itália), na 45ª sessão do
Committee on World Food Security. Na opinião da coordenadora do projeto e
professora do Departamento de Nutrição (DENUT), Michelle Jacob, a indicação
mostra “que estamos caminhando na perspectiva de promover alimentação como
direito humano e que estamos fazendo e pensando nutrição como projeto
político”.
Além do
DENUT, os Departamentos de Botânica e Zoologia (DBEZ) e Ecologia (DECOL), a
Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) e o Núcleo de Educação da Infância (NEI) fazem
parte do projeto de extensão, ensino e pesquisa, com a proposta de abordar a
temática da democracia alimentar ao produzir e compartilhar informação sobre a
biodiversidade brasileira e conhecimentos tradicionais relacionados à
diversidade vegetal. Nessa perspectiva, no ano de 2017 foram realizadas 15
atividades de formação, como cursos e eventos de extensão, envolvendo 630
pessoas.
“Buscamos
desenvolver estratégias que auxiliem na promoção do Direito Humano à
Alimentação Adequada (DHAA). Um dos produtos que desenvolvemos foi criado
coletivamente, com apoio da metodologia crowdsourcing (colaboração coletiva),
com informações sobre feiras orgânicas, da agricultura familiar e
agroecológicas em Natal”, explicou Michelle Jacob. Ela acrescentou que a
ferramenta de tecnologia utilizada para mapear as informações foi o LabGov.
NUTRIR
A Horta está
localizada no DENUT, com 10 m2, e foi concebida como projeto de melhoria da
qualidade de ensino de graduação e, em seguida, tornou-se um projeto
comunitário. Hoje, os principais objetivos são promover saúde, produzir
alimentos bons, limpos e justos; ser uma horta viva e representativa da
sociobiodiversidade brasileira; ter acessibilidade para ser inclusiva; criar
espaço para convivência das pessoas; respeitar a diversidade e integralidade do
ecossistema local, entre outras proposições.
A atividade
faz parte de sete disciplinas de caráter permanente, com a participação de
alunos, professores e a comunidade externa, sendo cerca de 200 pessoas
envolvidas e uma média de 20 pessoas por mutirão. A iniciativa conta com
aproximadamente 90 espécies de diversas variedades cultivadas, como milho,
manjericão e amaranto, por exemplo. “O nosso foco é trabalhar com a
biodiversidade. Importante mencionar que nove dessas espécies são oficialmente
reconhecidas como espécies nativas da sociobiodiversidade brasileira”, explica
Michelle Jacob.
Um dos focos
do trabalho são as plantas alimentícias não convencionais (PANC), que são
definidas como plantas que possuem uma ou mais categorias de uso alimentício,
mesmo que não sejam comuns para a maioria da população da região. As PANCs são
estudadas e cultivadas na Nutrir com o objetivo de colaborar com a construção e
promoção de sistemas e dietas mais sustentáveis. “São uma opção alimentar
acessível, de elevado valor nutricional, protetoras da sociobiodiversidade
local e da soberania alimentar”, esclarece a docente.
Os alimentos
colhidos são utilizados nas aulas práticas do curso de Nutrição ou, após o
processamento dos alimentos em forma de compotas, confits ou geleias, são
consumidos no mutirão pela equipe da comunidade. E, durante este semestre
letivo há o planejamento de dar início ao uso dos resíduos produzidos nesses
laboratórios para produzir compostos. Para conhecer melhor o projeto, acesse o
site: www.nutrir.com.vc.
FRUTOS DA
HORTA
O projeto
começa a dar frutos fora dos muros da Universidade. Um exemplo é a experiência
da Escola Estadual Monsenhor Alfredo Pegado, localizada no bairro de Mãe Luiza,
na zona Leste de Natal. O diretor do colégio, Leonardo Miranda, contou que
ficou sabendo da Nutrir por meio de um colega e surgiu a ideia de fazer uma
horta na escola. “Um dos projetos da gente era fazer uma horta escolar, até
para integrar com os conteúdos escolares e poder dar um suporte à merenda”,
planeja. Com a horta em fase de construção, a intenção é fazer ainda uma
parceria para ofertar capacitação aos profissionais responsáveis pela merenda
e, posteriormente, com os pais dos alunos sobre a importância da boa
alimentação. [ASCOM-Reitoria/UFRN]
Fotos relacionadas à divulgação
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