Fernando Antonio Bezerra*
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Foto Festa de Sant'Ana de
Caicó: Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil
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Mês de julho chegou e
todo ano tem! Tem, sim, uma festa famosa com banda que toca na procissão vendo
o choro de beatas e de boêmios, de quem chega e de quem sai. Todo ano tem uma
festa famosa na região. É a festa da fé; é a festa da família; é a festa do
abraço; é a festa de Joaquim e Ana de Caicó; é a maior Festa de Sant'Ana do
Brasil!
“Espetáculo de fé,
no sertão do Seridó!
Chega tarde e parte cedo
Quem visita o nosso pó.
Peregrino de Sant'Ana,
sê bem vindo a Caicó.”
Quem está longe, logo corre:
“ó, mana, deixa eu ir”; ó, mana, eu vou até sozinho; mas, mana, deixe-me ir
para o sertão do Caicó! “Eu vou andar com Sant'Ana, vou carregar seu andor; eu
vou levar pra Sant'Ana o meu pezinho de flor.” Ana, mulher santa de Deus, mãe
de Maria, avó de Jesus, rogai por quem lhe roga!
Não há outro tempo
igual. O cenário, as cores, o clima, as pessoas, enfim, tudo passa a ter uma
nova moldura no mês de Sant'Ana. É o mês das melhores roupas; da apresentação
mais apurada; da mesa farta e da vontade em receber gente. É o mês da Festa! É,
afinal, o marco divisor do calendário caicoense e já foi declamada em prosa e
cantada em versos que vão desde o Padre Gleiber, sacerdote, até nomes
consagrados na música nacional como Quinteto Violado, Elba Ramalho, Ary Lobo, Milton
Nascimento, Chico César, Dodora Cardoso e Elino Julião, dentre tantos outros.
O Seridó, de fato, é uma
porção muito especial do território brasileiro e Caicó, sua capital, tem uma
história - de superação e resistência - digna de registro nas melhores páginas
da história brasileira. Os que chegaram primeiro, mesmo não tendo
cana-de-açucar, ouro ou extração vegetal significativa, conseguiram viabilizar
a permanência na região a partir da pecuária e, tempos depois, da cultura do
algodão, de atividades industriais e de outros meios econômicos menos
expressivos, mas, igualmente, importantes para assegurar a sobrevivência no
semiárido. O caicoense foi, enfim, se amoldando aos desafios da economia, do
trabalho e da vida.
E a Festa de Sant'Ana,
além de tudo que representa como evento e reencontro, é também uma manifestação
da importância que teve – e tem - a Igreja Católica, Apostólica, Romana na
formação do povo caicoense e de suas intervenções positivas na organização da
sociedade local. E não é de hoje! Vem de muito tempo. Como, aliás, também é bem
antiga a devoção a Sant'Ana. Remonta aos primeiros colonizadores e a vinculação
da Senhora Sant'Ana com os sertões e suas atividades de criar e plantar. O
marco histórico de 1748 é sempre lembrado com destaque, porque no mês de Julho
daquele ano se deu a instalação da Freguesia Mater e a primeira procissão de
Sant´Ana em Caicó. Muitos anos depois, em 1939, foi criada a Diocese de Caicó,
instalada solenemente no dia 28 de julho de 1940, tendo como padroeira a Senhora
Sant'Ana.
Muitos construíram a
devoção e a Festa, fazendo-a, inclusive, patrimônio imaterial do Brasil.
Entretanto, de 1966 a 2012 um líder religioso foi decisivo à frente da
coordenação da Festa. Ainda bem vivo, Graças a Deus, como Emérito, ele não é o Pároco,
mas sua voz ainda ecoa dizendo: “a festa é um estrondo!” Refiro-me ao muito
estimado Monsenhor Antenor Salvino de Araújo e sobre ele ainda vamos conversar
outras vezes, mas, nenhuma voz foi tão marcante e firme ao dizer que a imagem,
de tão bela, parecia falar e, em seguida, provocar o povo a abrir o peito e
gritar com emoção: “Viva Sant'Ana; Viva Sant'Ana de Caicó!”.
Vídeo
Abaixo, um vídeo postado nas redes sociais - com a musica
“Caicó, linda cabocla”,
letra do poeta José Lucas de Barros -, sem identificação
do intérprete.
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