Agora que a campanha terminou é fundamental que
todos desçam do palanque – vencedores e vencidos.
Os primeiros, porque não devem guardar ilusões: Não
têm tempo a perder. O saboroso e até – dizem alguns – afrodisíaco gosto da
vitória logo estará diluído na saliva do caos em que o município de Natal está
mergulhado.
Acredito que, para Carlos Eduardo, o vitorioso, não
estou dizendo nenhuma novidade.
A estas horas, eu, se fosse ele, em meio até à
algazarra das tapinhas nas costas, dos abraços, dos vivas, da euforia
contagiante que toda conquista costuma proporcionar, já estaria matutando sobre
o desafio imediato que me competiria decidir – Por onde vou começar?
Pela saúde? Pelos buracos? Pela limpeza pública?
Pelo trânsito cada vez mais caótico e congestionado? Pelo transporte público –
defasado, deficiente e deficitário? Por onde, meu Deus? Como reconquistar o
equilíbrio das contas públicas da Prefeitura, diante de uma receita,
reconhecidamente, insuficiente apesar da carga tributária que grande parte da
população já não consegue suportar?
Dizendo assim, só pensando em voz alta - da boca pra
fora, qualquer um de nós pode dar a resposta que bem quiser e entender. Não, o
prefeito eleito.
Por mais preparado que ele esteja para enfrentar
todos esses desafios, ele não pode dar uma resposta qualquer, de supetão,
movido pelo instinto, nem ao simples impulso de uma emoção.
Seu desafio maior é o de encontrar uma resposta que
esteja sintonizada com a aspiração popular e que seja compatível com a
debilitada, se não de todo destruída, capacidade realizadora do erário
municipal.
O problema é que o tempo voa e ele tem contados dois
meses para ter definidas e prontas, não apenas estas, mas todas as respostas
que o eleitorado natalense, por maioria inquestionável, e a seu pedido, colocou
sobre os seus ombros a responsabilidade de encontrar. Não há, portanto, tempo a
perder. Pelo contrário.
E ao vencido, o que eu poderia dizer?
Primeiro, a minha palavra de solidariedade e de
respeito ao deputado Hermano Morais. Mesmo numa democracia, perder é muito
ruim. Tem um sabor de fel – amargo, extremamente desagradável.
Mas, é muito importante saber perder – perder com
grandeza, perder com dignidade, reconhecendo sem constrangimento a vitória do
outro.
Mesmo amarga, com gosto de fel, profundamente
desagradável, a derrota é uma contingência natural do processo democrático. Faz
parte do jogo.
Então, agora, campanha terminada, resultado
proclamado, não há muito tempo disponível nem para o vencedor – Carlos Eduardo
- nem para o vencido – deputado Hermano Morais. É todo mundo descer do palanque
e começar a trabalhar.
Pois, como tive a oportunidade de dizer, quando fiz
no dia 7, uma primeira avaliação sobre o resultado do primeiro turno, o tempo
voa. E o pavio da paciência do povo está ficando cada vez mais curto.
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