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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Dispositivo odontológico de baixo custo traz mais precisão ao diagnóstico em tratamentos complexos

 Dispositivo odontológico da UFRN traz mais precisão ao diagnóstico em tratamentos complexos

Um novo dispositivo para a área odontológica, de fácil manuseio e utilização, custo baixo e alta reprodutibilidade, foi objeto de pedido de patente no mês de junho por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Com ele, é possível medir a quantidade de dente anterior que fica exposto em uma posição que os profissionais chamam de repouso — posição representada pelos músculos da face relaxados, com os dentes sem contato. A professora Adriana da Fonte Porto Carreiro, orientadora do projeto que resultou na invenção, explica que o dispositivo pode ser utilizado em todas as áreas odontológicas que tenham interesse em mensurar com precisão a exposição da coroa dos dentes incisivos superiores ou inferiores, já que, quando adaptado no dente, permite medir a quantidade de exposição de dentes anteriores.

“É um dispositivo intraoral, ou seja, usamos dentro da boca do paciente. Ele permite mensurar e acompanhar modificações faciais e dentárias, como as que ocorrem com o envelhecimento, que provocam a diminuição da exposição dos incisivos superiores e o aumento da exposição dos incisivos inferiores. Essa alteração, com o envelhecimento, transforma desde a oclusão até o sorriso”, pontua Adriana Carreiro.

A docente Hallissa Simplício, coorientadora do projeto, lista outro exemplo de aplicação nas áreas de Cirurgia e Ortodontia: nos casos de cirurgia ortognática, indicada para melhorar a função mastigatória, respiratória e a estética facial. Nessa situação, o planejamento da cirurgia é norteado pela posição dos dentes anteriores superiores, o que torna a mensuração essencial. Outra situação é em casos de harmonização facial, em que o dispositivo é útil para o acompanhamento dos procedimentos estéticos faciais que alterem a posição dos lábios. Simplício frisa que o dispositivo consegue fornecer as informações para guiar o plano de tratamento e indicar a necessidade de correções da posição dos dentes, seja com procedimentos reabilitadores, com ortodontia ou com a combinação de especialidades.

Egressa do Programa de Pós-Graduação em Clínicas Odontológicas, do Departamento de Odontologia da UFRN, Marina Bozzini Paies acrescenta outros exemplos de aplicação do equipamento: na reabilitação oral e na área de Dentística, onde pode justificar ajustes estéticos e quantificar o incremento necessário para tratamentos estéticos que sugerem a jovialidade do paciente, ou ainda na área acadêmica, possibilitando comparações precisas em pesquisas científicas clínicas, com padronização e alta reprodutibilidade.

“Parece fácil medir com precisão a exposição de dentes anteriores. A dificuldade está relacionada ao fato de que, com métodos convencionais, ao aproximarmos a régua ou o paquímetro dos lábios e dentes, o paciente reage involuntariamente com contração muscular, alterando a quantidade de exposição dos dentes. Destaco ainda que esta invenção é inovadora devido ao fato de permitir quantificar com precisão os casos em que o lábio cobre totalmente os dentes anteriores. Mensurar essa diferença entre a borda incisal do incisivo e o lábio, em casos orto-cirúrgicos, é uma dificuldade que o cirurgião Ruy Veras Filho, também inventor do dispositivo, enfrentava clinicamente. Usualmente, essa medida é feita de forma extraoral, com paquímetros ou réguas convencionais, o que exige a atuação de dois operadores. O nosso dispositivo de mensuração intraoral se torna inovador por reduzir a necessidade de outro profissional para conferir a mensuração, tanto em casos de conferência clínica imediata quanto em casos de avaliação por aquisição fotográfica para realizar a medição, já que o profissional consegue fazer isso sozinho, pois não é necessário segurar este dispositivo na boca do paciente”, circunstancia Marina Paies.

Além das três, integram o grupo de inventores Lucas Cavalcante de Sousa, Anne Kaline Claudino Ribeiro e Ruy Veras Filho. O pedido de patente recebeu o nome de “Dispositivo intraoral para mensuração de exposição de dentes anteriores”. Os protótipos desenvolvidos foram impressos em resina e estão em processo de ajustes finos, melhoria de impressão e produção em aço cirúrgico. Segundo o grupo de pesquisa, o intuito é verificar a forma mais prática e menos onerosa de ser comercializado. Eles descrevem que o dispositivo é uma peça única, rígida, de vinte milímetros em seu maior comprimento, que pode ser fabricada em aço cirúrgico ou por impressão 3D de alta precisão com resinas, como foi o caso do protótipo. Por fim, os inventores salientam que o dispositivo oferece uma medida crucial para a análise facial e dentária, um momento minucioso, o qual atualmente não conta com um dispositivo similar para aferição.

Patenteamento

Na UFRN, o primeiro passo para os interessados em proteger a tecnologia é fazer a notificação de invenção dela. O procedimento ocorre no próprio sistema SIG, na aba Pesquisa. Os passos seguintes recebem o acompanhamento da Agência de Inovação da Reitoria (Agir). Dessa maneira, a Universidade procura garantir aos seus cientistas suporte no processo de pedido, auxiliando na escrita e até em questões burocráticas, como a responsabilidade pelo pagamento de taxas. Assim, uma série de atividades necessárias à existência da patente, como a quitação de anuidades, o pedido de exame e a concessão do pedido, são exemplos de atribuições da UFRN, especificamente da Agir.

O ponto culminante é a concessão da patente. Também chamada de Carta Patente, é um documento concedido pelo INPI após análise sobre, entre outros aspectos, os requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. A carta é um ato administrativo declarativo e confere a seu titular a exclusividade de uso, comercialização, produção e importação de determinada tecnologia no Brasil.

A caminhada para a concessão de uma patente exige obediência a critérios temporais previstos em lei. Após o depósito, o Instituto guarda o documento por 18 meses em sigilo. Em seguida, o estudo é publicado e fica, pelo mesmo período, aberto a contestações. Passados os três anos, o Instituto parte para a análise em si. Por esse motivo, é comum a concessão ocorrer após quatro anos do depósito.

Por Wilson Galvão- Jornalista DRT-RN 1340/

Assessor de Comunicação AGIR/UFRN-84 991936277

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