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domingo, 11 de maio de 2025

ALMIR PADILHA: UM TALENTO INJUSTIÇADO

 Por Fernando Luiz*

Nos primeiros meses de 1997 eu e os cantores Fernando Luna e Getúlio Marques nos reuníamos pelo menos duas vezes por semana no  Estúdio de Fotografia deste último, no bairro das Rocas. Nesses encontros, discutíamos a dificuldade que nossos artistas encontravam para terem suas músicas tocadas nas emissoras locais e a falta de espaço no mercado da música local, notadamente nos eventos promovidos pelo poder público. Tivemos então a ideia de criar uma entidade para defender nossos interesses. Com a ajuda do saudoso jornalista Adalberto Rodrigues, criamos a ACIM – Associação de Compositores e Intérpretes Musicais do Rio Grande do Norte, cujos primeiros associados foram, além de mim, Fernando Luna e Getúlio Marques, os compositores Célio Ferreira e Nelson Rodrigues de Barros, os cantores Mário Júnior, Olinto Potiguar, Almir Padilha e o jornalista Edson Soares. 

As primeiras reuniões eram realizadas nas dependências da FUNCARTE e em uma delas surgiu a ideia de criar um evento nos bairros de Natal para divulgar o trabalho dos associados: nasceu então o projeto que batizei de Show das Comunidades. Com o tempo, começamos a ter problemas pois houve uma verdadeira explosão de associados e as reuniões começaram a se tornar estressantes porque não tínhamos como definir quem era realmente profissional da música: começaram a se associar artistas amadores, o que gerou muitos conflitos. 

No início das atividades da ACIM, um profissional começou a se destacar: Almir Padilha. Compositor talentoso, defensor da autêntica música nordestina de raiz, com experiência adquirida em anos vivendo no eixo Rio-São Paulo, excelente compositor de xotes, xaxados e baiões, ele foi uma figura de fundamental importância nos primeiros anos de existência da associação. 

Com o passar do tempo, por causa das divergências cada vez mais frequentes, tornou-se impossível uma convivência harmoniosa entre os associados da ACIM. Grande parte dos sócios se afastou, até que em 2002, contando apenas com uma parte dos membros da diretoria, decidi transformar a ACIM numa entidade cultural mais ampla, ao invés de ser apenas uma espécie de entidade de classe. Assim a ACIM (sem trocadilho) mudou a denominação para ANDAR e tornou-se uma ONG, passando também a criar projetos de alcance social.

Com o tempo, diminuí o contato com vários dos antigos associados, mas continuei sendo amigo de todos, entre eles Almir Padilha. O artista parnamirinense prosseguiu na sua luta em defesa da música de raiz e tornou-se conhecido participando de festivais como o Canta Nordeste e o Forraço; neste último conquistou o primeiro lugar com a música Caneco de Alumínio.  

Almir Padilha se apresentou em várias festas no período junino em Natal e em outros estados, além de realizar dezenas de shows em cidades do Nordeste. Teve músicas suas gravadas por vários artistas potiguares e não há como negar a sua influência no cenário musical  do nosso estado.

Almir nos deixou no dia 5 passado. Foi um lutador e, embora tenha conquistado o respeito de grande parte do público e da classe artística potiguar, não teve o reconhecimento que merecia. Morreu afastado da cena musical e talvez agora - como geralmente acontece - venha a ser “homenageado” por gestores que não o valorizaram quando estava entre nós.  

Instagram: @fernandoluizcantor

*Fernando Luiz: Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta o programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8h30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.


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