“A
principal vantagem do objeto do pedido está na capacidade de decolar e pousar
verticalmente através do multirotor com apenas 2 conjuntos motopropulsores
elétricos, ao invés de 4 como normalmente se encontra no mercado, podendo ser
usado em locais de difícil acesso, onde não tenhamos pista de decolagem e
pouso. Além disso, após a decolagem, há a possibilidade de executar o voo em
modo avião, utilizando o motor de combustão interna, retornando ao ponto de
partida executando o pouso verticalmente. Com isso é possível cobrir grandes
áreas com esse VANT híbrido, explicou Alysson Nascimento de Lucena, doutorando
no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação da UFRN e
um dos cientistas envolvidos no desenvolvimento da nova tecnologia.
Alysson
acrescentou ainda que os Veículos Aéreos não Tripulados são divididos em duas
grandes categorias, os de asa fixa, onde o avião é o mais popular, e os de asa
giratória, onde os multirotores são os mais conhecidos. Para ele, cada
categoria tem suas vantagens e desvantagens. “Os de asa fixa tem maior
autonomia de tempo de voo, por serem capazes de gerar sustentação através da
asa utilizando apenas um conjunto motopropulsor, porém, necessitam estar em
constante movimento para estabelecer o voo e a maioria dos modelos necessita de
pista de pouso e decolagem, enquanto que os multirotores, tem capacidade de
pouso e decolagem vertical, executam voo lentos ou pairados, contudo, sua
autonomia de tempo de voo é limitada pelo alto consumo dos motores elétricos.
Uma terceira grande categoria está em formação, a dos VANTs híbridos, que
procuram conciliar as principais vantagens de cada categoria, e a patente em
questão compreende justamente essa conciliação”, delimitou.
Integrante
de um projeto denominado Aeronave de Defesa Social (AEDES) vinculado ao Smart
Metrópolis, do Instituto Metrópole Digital (IMD), e com o apoio da Fundação
Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC), o depósito de pedido de
patente tem, além de Dino e Alysson, os cientistas Julio Francisco Dantas de
Rezende, Julio Cesar Paulino de Melo, Diego da Silva Pereira, Luiz Marcos
Garcia Gonçalves, Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior, Pablo Javier Alsina e
Lucas Pereira Wanderley de Oliveira como autores, com cotitularidade da UFRN
com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte.
Um
deles, Dino Lincoln Figueirôa Santos, do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Aeroespacial, pontuou que, no invento, há a junção de conhecimento
vindo da engenharia aeronáutica e design, além de um esforço de engenharia de
software para que o veículo voe de forma autônoma, com o mínimo de interferência
humana. O também docente do Departamento de Design acrescentou ainda que já
foram concluídas duas etapas do projeto. A primeira, com os cálculos e
simulações, e a segunda com os voos do primeiro protótipo, se mostraram
bastante eficientes.
“Atualmente
estamos na terceira etapa que consiste em um VANT otimizado onde serão
refinados sistemas de gerenciamento eletrônico, transmissão de dados com
imagens, controle avançado de navegação, estrutura em materiais compósitos,
dentre outros. Apesar de existirem outros VANTs similares ao nosso, todos
apresentam rendimento inferior, o que diminui a autonomia de tempo de voo”. No
documento utilizado no pedido de patente, o grupo de cientistas infere que,
além das qualidades apresentadas, a arquitetura de uma asa voadora, com apenas
dois conjuntos motopropulsores na parte frontal, beneficia a aerodinâmica da
aeronave.
“Pilotar
com os pés no chão”
Responsável
pelo projeto, construção e pilotagem, Alysson Nascimento de Lucena é ‘um
patenteador de mão cheia’. Com o doutorado ainda a terminar, ele já tem outros
três pedidos de patente depositados, todos vinculados a alguma nova tecnologia
aeroespacial. “Gosto muito de aviação, mais prefiro voar com os pés no chão. Em
virtude dessa identificação, as pesquisas que desenvolvi tem alguma relação.
Essa patente agora é um exemplo, pois é uma evolução do meu mestrado, que
também foi um VANT híbrido, o produto do meu doutorado será um microvant de
baixíssimo risco a pessoas e instalações. A quarta patente é de um foguete
híbrido, com drone para grandes altitudes”, listou Alysson.
Estes
pedidos de registro de propriedade intelectual integram o portfólio de patentes
da UFRN, composto atualmente por 263 depósitos de pedidos de patente, dos quais
22 já foram concedidos. Este último número, inclusive, garante à Universidade a
liderança nas regiões Norte e Nordeste em termos de instituições de ensino.
Dentro da Universidade, a Agência de Inovação (AGIR) é a unidade responsável
pela avaliação dos requisitos de patenteabilidade, tais quais a novidade,
capacidade inventiva, aplicação industrial e suficiência descritiva. Não
obstante o período de pandemia, as demandas dentro da Agência de Inovação
continuam sendo recebidas pela equipe através do e-mail patente@agir.ufrn.br.
Assessoria
de Comunicação da Agência de Inovação
da
Reitoria da UFRN
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