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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A arte e a resiliência: uma intervenção terapêutica ocupacional na atenção oncológica pediátrica


Por Lady Kelly Farias da Silva
Terapeuta Ocupacional - Casa Durval Paiva
Crefito:14295-TO

A resiliência diz respeito à capacidade de evolução ou de adaptação em momentos de adversidade e, partindo desse pressuposto, surge o interesse em buscar por uma maior compreensão sobre a capacidade de algumas crianças e adolescentes lidarem com os estresses que surgem em suas vidas durante o tratamento oncológico, enquanto outros enfrentavam as mesmas situações, com diferentes atitudes frente à doença, de uma forma mais intensa, com comportamentos muitas vezes depressivos, sem perspectiva de superação.

Sabemos que o câncer acarreta prejuízos nos mais diferentes aspectos e as reações emocionais estão entre eles, envolvendo o medo, a ansiedade e as inseguranças durante o tratamento, trazendo significados na história de cada paciente, assim como, na forma de vivenciar e relacionar consigo mesmo e com o mundo, já que interfere diretamente nas questões sociais, tamanha mudança na sua rotina diária, além dos prejuízos no que se refere à autonomia e a independência nas suas ocupações. Essa realidade interfere exatamente na habilidade de desenvolver a resiliência, nesse contexto, são poucas as pessoas que conseguem superar o período de tratamento, ou seja, de tirar proveito dessa experiência.

Nesse contexto, o setor de terapia ocupacional da Casa de Apoio à Criança Com Câncer Durval Paiva, trabalha a resiliência como um revitalizador para enfrentar o cotidiano do paciente em tratamento oncológico e faz uso da arteterapia como recurso terapêutico, uma forma de expressão da vida, considerando/enfatizando o indivíduo e não a doença em si, através de atendimento voltado para o paciente, sua família, priorizando sempre a promoção da saúde e da qualidade de vida.

O terapeuta ocupacional trabalha desconstruindo e enfrentando os problemas junto ao paciente, criando possibilidades em busca da reestruturação das atividades significativas, pois compreende que mesmo em meio a esse processo e predisposta às limitações, a vida não pode perder o sentido e nem suas perspectivas. Sendo assim, a arteterapia é utilizada como um dos viés da Terapia Ocupacional na promoção da resiliência, na reorganização do cotidiano, enfatizando a importância de realizar intervenções que favoreçam as expressões das emoções, através de atividades corporais, pintura, desenhos, artesanato, a fim de descobrir alternativas que desenvolvam suas potencialidades, ou seja, são proporcionadas experiências que facilitem ao paciente além da expressão, elaborar também seus medos, incertezas e angústias frente ao câncer, sendo um facilitador de estratégia no enfrentamento das adversidades.

No cenário da oncologia pediátrica, é percebido que o paciente com câncer, apesar de parecer frágil, pode alcançar a superação das dificuldades, conseguir ressignificar o sofrimento e retornar à vida, sabendo que cada pessoa vai responder à determinada situação de uma forma diferente, de acordo com a singularidade das atitudes resilientes, esse comportamento vai depender de como a situação é vista e o que ela significa para cada um. Tendo a terapia ocupacional como foco, o fazer humano, se faz importante para a construção da atenção integral e humanizada em oncologia, objetivando acrescentar novos projetos de vida e que estes sejam de fato significativos e produtivos, além da oportunidade de proporcionar um ambiente onde seja possível acolher, priorizar o vínculo e oportunizar a sociabilidade para uma vida com mais qualidade e segurança sobre si e, consequentemente, a conquista da resiliência reaprendida.
Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva
Assessoria de Comunicação
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