As
discussões do “Fórum Comunitário para enfrentamento à Sífilis”, realizado na
última segunda-feira (24), em Natal, ganharam fortalecimento com a participação
do Projeto de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção, do Ministério da
Saúde. O encontro aconteceu durante toda a manhã, no auditório do Centro
Universitário do Rio Grande do Norte (Uni-RN), e faz parte do calendário do
Programa Estadual de IST/AIDS e Hepatites Virais, da Secretaria Estadual de
Saúde Pública (Sesap).
Cerca de
cinquenta pessoas estiveram presentes, entre as quais, representantes de
movimentos sociais como o Mulheres de Axé, Movimento Nacional da População de
Rua (MNPR), Associação Vidas Positivas (AVIP), Povos de Matrizes Africanas,
Movimento dos Pescadores, Selo Unicef Municipal, Rede Mandacaru e Fórum LGBT
Potiguar, além do Conselho Estadual de Saúde, conselhos municipais de Saúde
(CMS) de Natal e Parnamirim, Secretaria Estadual de Saúde Pública do RN,
secretarias municipais de Saúde (SMS) de Natal e Parnamirim, o Núcleo de Estudo
em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rede Nacional
de Pesquisa e Ensino (RNP) e Pastoral da AIDS da Arquidiocese de Natal.
Apoiadora do
Projeto de Resposta Rápida à Sífilis, Chyrly Moura enfatizou em sua palestra, a
necessidade de inserir ações e dar maior visibilidade à doença. “As pessoas
conhecem o HIV porque foi feito um trabalho muito grande de divulgação, o mesmo
não acontece com a sífilis”, compara. Ela ressalta, ainda, o compromisso de
divulgar mais e de conscientização. “Precisamos fazer chegar essa mensagem às
pessoas, saímos daqui com esse objetivo”, disse. Nesse contexto, lembra que
outra ação promovida pelo Ministério da Saúde é a inclusão do Dia Nacional de
Combate à Sífilis no calendário, que ocorrerá em cada terceiro sábado de
outubro.
O Rio Grande
do Norte apresenta uma taxa de diagnóstico da Sífilis maior do que a média
nacional. Embora o número de homens diagnosticados com a doença tenha
aumentado, o número de mulheres diagnosticadas continua maior e esse dado é
justificado pela procura elevada do público feminino aos serviços de saúde. De
acordo com a pesquisa apresentada pela representante da Sesap, no evento,
Amanda Almeida, a maioria das mulheres é diagnosticada durante a gestação e 30
municípios potiguares foram elencados como prioritários nas ações de combate à
infecção. “O estado deve apoiar as ações de saúde, mas quem precisa realiza-las
são os próprios municípios”, afirmou.
O médico
ginecologista e obstetra Clemente Neto iniciou sua palestra expondo o panorama
histórico da infecção, desde os primeiros relatos médicos até os dias atuais.
“Durante a Idade Média, a sífilis devastou civilizações, além disso, é um vírus
que não sofreu mutação num período de cerca de 4 mil anos, então por que não
conseguimos erradica-la?”, questiona. Ele ressaltou a necessidade de atingir um
número maior de homens no tratamento. “A sífilis é uma doença eminentemente
masculina, homens são vetores transmissores, se não atacarmos o público
masculino não vamos conseguir controlá-la”, provocou.
O
preservativo é comprovadamente o melhor método de evitar as infecções
sexualmente transmissíveis (IST’s), mas o contágio da sífilis não está restrito
apenas a penetração, visto que as lesões chamadas ‘úlceras sifilíticas’ não se
apresentam apenas nas genitais. Quanto a isso Clemente adverte: “só a camisinha
não basta, as pessoas precisam olhar o corpo do outro”.
O
representante do Fórum LGBT Potiguar, Heridelson Medeiros, evidencia a falta de
campanhas de combate à sífilis para conscientizar a população. “Acho que
precisamos de campanhas da mesma forma que temos o outubro rosa, novembro azul,
deveríamos ter um empenho maior dos gestores, ouvindo os estados e
principalmente os municípios, essas ações precisam chegar ao interior”.
Heridelson também representa uma ONG de proteção à IST/AIDS e Hepatites Virais
da cidade de Campo Redondo, na região Trairi do estado.
Para Gisele
Dantas, que faz parte da Articulação Nacional de Direitos Humanos em HIV/AIDS,
entre as causas do alto índice de transmissão de todas as patologias
sexualmente transmissíveis está a desinformação. “Até os profissionais de saúde
estão deixando a desejar, precisamos fazer capacitações maiores, com certeza o
cenário seria diferente se o houvesse mais subsídios para a população”,
conclui.
A sífilis é
uma doença infecciosa de contato e também pode ser transmitida a partir de
relações sexuais, de maneira vertical (de mãe para o feto) e por transfusão de
sangue. O Ministério da Saúde fragmenta infecção em: sífilis adquirida, que
abrange toda a população, sífilis congênita que é o contágio vertical,
transmitido de mãe para feto durante a gestação e sífilis gestacional, que
trata e evita o contágio vertical (mãe para filho). O tratamento é feito a
partir da aplicação de penicilina benzatina, oferecida gratuitamente no Sistema
Único de Saúde (SUS).
O Projeto de
Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção é promovido pelo Ministério da
Saúde em parceria com o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com a Organização Mundial
de Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). A iniciativa é dividida
em quatro eixos, sendo eles: Gestão e Governança, que prevê a inclusão de ações
nos planos de gestão dos municípios; o Cuidado Integral que propõe garantir a
prevenção e tratamento desde a atenção básica até os níveis especializados; a
EDUcomunicação que reforça a divulgação da doença, afim de aumentar o
conhecimento da população sobre o tema e; por último, a Vigilância que tem o
objetivo de condicionar as ações anteriores, evitando o retrocesso.
No Rio
Grande do Norte, os municípios escolhidos para a execução intensa do projeto
foram Natal e Parnamirim. A escolha foi feita a partir dos critérios de
prioridade e também por serem capital e município presentes na Região
Metropolitana, respectivamente. [Portal da Saúde]
Fotos por nucom ms/rn
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