Por Laíse Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva
CRP 17-3166
O tratamento
do câncer na infância e na adolescência traz o medo da dor, do sofrimento, da
mutilação e a insegurança em relação ao futuro devido ao risco de morte. Assim,
se faz extremamente necessário o suporte emocional a tríade
paciente-família-equipe. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva (INCA), aproximadamente 80% das crianças e adolescentes
com câncer podem ser curados, desde que o diagnóstico seja precoce e o tratamento
seja realizado em centros especializados. No Brasil, o câncer representa a
primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes
de 1 a 19 anos. O suporte oferecido, seja individual ou em grupo, deve ser
desde o momento do diagnóstico até o momento após a cura ou a morte.
Levando em
consideração as situações dos pacientes que chegam a óbito, qual deve ser o
suporte ofertado aos familiares? Como trabalhar um tema que ainda é tabu para a
sociedade? As perdas exigem do sujeito a necessidade de elaboração e
readaptação, o reconhecimento dos limites pessoais e da incompletude humana,
bem como, a consciência de depender de algo ou alguém. Existem diversas perdas,
como as perdas para a vida e as perdas para a morte, perdas de ordem reais e/ou
simbólicas e perdas primárias e secundárias. A intensidade da dor diante de uma
perda está relacionada à intensidade do apego.
No contexto
das perdas para a morte, através do Projeto Fênix, a Casa Durval Paiva exerce
um papel de suma importância no processo de atenção e cuidado aos familiares
que vivenciaram uma situação de morte no tratamento do câncer. Não é porque a
criança faleceu que o acompanhamento se encerrará. Existe um trabalho desenvolvido aos enlutados,
onde através de trocas de experiência do sofrimento vivido pelos familiares, no
formato grupal, eles podem elaborar o luto, possibilitando a reconstrução de
recursos e a viabilização do processo de adaptação às mudanças ocorridas em
consequência das perdas.
É possível
sentir certa resistência e dificuldade da maioria das famílias enlutadas a
participar dos encontros em grupo, de modo que muitos optam pelo atendimento
individual. Além disso, alguns possuem dificuldade em revisitar o local em que
várias lembranças e sentimentos do processo de tratamento vêm à tona, pois era
no hospital ou na casa de apoio, por exemplo, que os pacientes passavam a maior
parte do tempo. O acolhimento deve ser ofertado e o tempo e a dor de cada um
devem ser respeitados, visto que no momento do luto, para muitas pessoas, é
difícil partilhar o que é mais sagrado para si, sendo difícil falar sobre a
perda.
O luto é o
processo de elaboração de uma perda de algo e/ou alguém com o qual se tem
vínculo/apego e é um processo natural e necessário, sendo diferente de pessoa
para pessoa, com intensidade de dor e expressão diferentes. Quando se perde
alguém querido, com quem se tinha algum vínculo, é provável que se passe por
algum grau de dor, pois, a partir da morte, podem surgir diversas perdas. Por
isso, os espaços de acolhimento e escuta devem existir, seja no formato grupal
ou individual.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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