Por Simone Norat Campos
Dentista - Casa Durval Paiva
CRO/RN 1784
O câncer
infantil é uma doença rara que acomete cerca de 2% a 3% de todos os tumores
malignos. Diferente do adulto, o câncer
mais comum é a leucemia, seguido do linfoma, sistema nervoso central e tumor
ósseo, além dos sarcomas e tumores sólidos. O câncer da criança geralmente
afeta as células do sistema sangüíneo e os tecidos de sustentação, enquanto que
o do adulto afeta as células do epitélio, que recobre os diferentes órgãos
(câncer de mama, câncer de pulmão).
Doenças
malignas da infância, por serem predominantemente de natureza embrionária, são
constituídas de células indiferenciadas, o que determina, em geral, uma melhor
resposta aos métodos terapêuticos atuais. De acordo com o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), o tratamento contra o câncer evoluiu muito, principalmente o
infantil, atingindo atualmente cerca de 70% de cura. Apesar disso, ainda causa
vários efeitos colaterais, sendo a boca uns dos primeiros locais a sofrer esses
efeitos.
A
quimioterapia é uma das modalidades de tratamento mais usadas na oncologia
pediátrica. Ela é administrada na corrente sanguínea, percorre todo o corpo do
paciente e não é seletiva, ou seja, não é capaz de distinguir as células
doentes das células boas, causando vários efeitos colaterais.
A presença
de um dentista na terapêutica oncológica é importantíssima e necessária para
prevenir e tratar os efeitos advindos da quimioterapia e/ou radioterapia de
cabeça e pescoço na boca, bem como, junto à equipe multidisciplinar, como
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, pedagogos,
psicólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais, possa promover bem estar
e qualidade de vida à criança, durante o tratamento, impedindo que etapas
importantes da infância sejam perdidas.
O
acompanhamento odontológico deve ser iniciado logo que seja realizado o
diagnóstico e o protocolo de tratamento. O ideal é que o dentista avalie a boca
da criança antes de iniciar o tratamento oncológico, para saber se existe algum
foco de infecção como herpes, candidíase (sapinho), cárie ou dentes moles; a
fim de que, junto com a equipe medica, possa planejar o tratamento odontológico
e, se possível, tratar antes de iniciar o tratamento oncológico.
A mucosite é
o efeito colateral mais comum e é uma inflamação da mucosa que ocorre quando o
paciente se submete a altas doses de quimioterapia. Afeta a mucosa não
queratinizada, ou seja, o ventre e bordas laterais da língua, bochechas, parte
interna dos lábios e ainda pode atingir todo o trato gastro intestinal,
causando diarréia e falta de apetite. Na boca, nos casos mais graves de mucosite,
aparecem úlceras tipo aftas, bastante dolorosas, impedindo a criança de se
alimentar, falar e deglutir, podendo com isso atrasar seu protocolo de
tratamento oncológico. Devido a isso, assim que comece o tratamento oncológico,
os pais devem solicitar a presença de um dentista durante todo o tratamento.
O tratamento
da mucosite consiste em bochechos com soluções próprias, lubrificantes labiais
e uma dieta liquida ou pastosa, fria ou gelada. Alguns hospitais já utilizam o
laser de baixa potencia para prevenir e tratar a mucosite. Na Casa Durval
Paiva, os pacientes são atendidos com o laser tanto no hospital, como no
ambulatório, na forma preventiva, assim que os pacientes iniciam a infusão da
quimioterapia, agindo nesses casos na regeneração celular e recuperação da
mucosa, prevenindo a formação de úlceras e, na forma curativa, minimizando a
dor e acelerando a cicatrização. As sessões de laser são diárias e devem ser
realizadas por um profissional dentista.
Com relação
à dentição, os pacientes devem ter uma higiene bucal redobrada, pois a falta de
higiene causa acúmulo de bactérias e, como os pacientes oncológicos são
fragilizados imunologicamente, podem aparecer infecções graves e também a
formação de mucosite durante a quimioterapia.
Profilaxia
(limpeza) e aplicação de flúor podem e devem ser realizados, porém
procedimentos mais invasivos e demorados devem ser discutidos com a equipe
médica para decidir o melhor momento. Caso as crianças e adolescentes façam uso
de aparelho ortodôntico, estes devem ser removidos para facilitar a higiene
bucal e diminuir as chances de desenvolvimento de mucosite.
Visando um
tratamento completo e com menos intercorrências, os pais devem estar atentos
junto ao oncologista, ao atendimento com uma equipe multidisciplinar de qualidade.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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