Por Laíse Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva
CRP 17-3166
As doenças
crônicas, como o câncer, atingem não só a dimensão individual, mas também a
familiar. Os familiares, geralmente, são os responsáveis por fornecer o suporte
social e psicológico ao paciente e, por vezes, têm uma sobrecarga pelas
necessidades de seu familiar que está adoecido. Dentre as principais questões
que os familiares precisam enfrentar estão: a convivência com a doença, as
mudanças na dinâmica familiar e a preocupação com as perdas e a morte.
Observamos
junto aos pacientes assistidos na Casa Durval Paiva, as mudanças
comportamentais que surgem após o diagnóstico do câncer. Essas, muitas vezes,
são consequência do sofrimento e das preocupações enfrentadas. São essas mudanças que definem as estratégias
de enfrentamento a serem adotadas pelos pacientes e cuidadores durante todo o
processo de tratamento. O enfrentamento, ou estratégia de coping, é definido
como a soma de estratégias utilizadas pelas pessoas como uma ameaça iminente,
como por exemplo, uma sobrecarga às suas capacidades comportamentais e
cognitivas do momento.
As
estratégias de enfrentamento em psico-oncologia também visam que o paciente
entre em contato com o sistema de crenças, para possibilitar mudanças nos
estigmas relacionados ao câncer, aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e
buscar significados para esses novos acontecimentos da vida.
Com relação
às estratégias emocionais que os pacientes cirúrgicos costumam utilizar tem-se,
principalmente, a regressão e a negação. Na primeira, os mecanismos de defesa
podem ser positivos, na medida em que ajudam o paciente a se reorganizar ante a
doença e o tratamento. Auxiliam, ainda, na elaboração emocional dos momentos
mais difíceis da doença, como em fases de aceitar mudanças tanto em relação aos
cuidados com a alimentação e com a higiene pessoal, quanto com as limitações
físicas relacionadas a locomoção, assim como, a dependência de outra pessoa
para realizar algumas atividades de vida diária. Essa regressão psicológica
pode vir acompanhada de certa infantilidade de pensamento e comportamento. No
processo regressivo podem ocorrer atitude egocêntrica, aumento da dependência,
redução de interesses diversos e até depressão pela vivencia psíquica de
“vazio”, desvalorização e falta de objetivos em um futuro próximo.
Já a negação
é um estado psicológico presente após o diagnóstico da doença na tentativa de
rejeitá-la, diminuindo o impacto da notícia e reduzindo a ansiedade que pode
vir em decorrência dela. Pode levar o paciente a ter um contato mínimo com a
realidade da doença. Essa estratégia emocional pode ser nociva, uma vez que o
paciente desafia a existência da doença e se expõe a riscos desnecessários,
evitando cuidar dos fatores de riscos existentes.
Após um
momento de crise (o adoecimento) é comum que muitos pacientes e familiares
verbalizem algo sobre a espiritualidade, expressando a esperança de cura com a
intercessão do Divino. Assim, entende-se que a espiritualidade constitui uma
estratégia de enfrentamento importante diante de situações de crise, como do
adoecimento, da hospitalização e da iminência de morte. Seja qual for a etapa,
do período pré-diagnóstico, de tratamento (cirúrgico), até a morte, pacientes e
familiares vivenciarão momentos estressores, caracterizando situações de crise.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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