Por Patrícia Oliveira Araújo
Arte Educadora - Casa Durval Paiva
Ao falarmos
sobre um assunto como o câncer, seja em qual âmbito for o semblante das pessoas
muda. Entende-se que um tratamento contra o câncer, é algo pesado, sério e
maçante. Muitas vezes ao falarmos sobre o câncer infantojuvenil, nos deparamos
com falas do tipo: “Em adulto a gente até espera...”; “Em adultos a gente até
entende, mas em crianças...”, como tantas outras falas, ou seja, a empatia das
pessoas com relação ao câncer é imediata.
Se para as
pessoas que estão fora desse convívio e fora dessa realidade que é o tratamento
contra o câncer sente-se tocadas e se sensibilizam sobre o assunto, imagine a
família do paciente, quando recebe a notícia de que seu filho, neto ou sobrinho
foi diagnosticado com câncer. É algo impactante, de difícil aceitação, é o
momento em que o indivíduo se encontra com o seu “eu” e questiona sobre muitas
coisas na vida. Demora um pouco para a “ficha” cair, mas, no decorrer de
algumas semanas, uma armadura vai sendo criada, pois esse adulto precisa ser
forte, demonstrar bravura e segurança, para que junto ao seu familiar consiga
processar essa informação, além de ajudar na nova rotina familiar, nas idas ao
médico e no enfrentamento do tratamento em busca da cura.
Ao cobrarmos
essa armadura dos adultos, pois comparados com as crianças estão bem mais
“preparados”, esquecemos que dentro deles também bate um coração não preparado
para a notícia, que tem medo, mas terão que mascará-lo. Na realidade, os
adultos também precisam ser acolhidos, se sentir seguros, reunir e transmitir
forças. Muitas vezes, direcionamos nossos cuidados ao paciente, quando esses
cuidados devem ser estendidos aos familiares do mesmo, pois serão eles que,
juntamente com o paciente, terão suas rotinas familiares totalmente alteradas,
que irão estar ao lado do paciente sempre que precisar e que terão de ser fortes,
quando nem sabiam que precisariam ser.
Na Casa de
Apoio a Criança com Câncer, os cuidados vão para além do paciente, quando
acolhemos toda a família. Uma das formas de desenvolver esse trabalho é o
acolhimento realizado na Sala de Artes da instituição, onde as mães e
acompanhantes desenvolvem trabalhos artesanais. Essa atividade é empreendida
com a finalidade terapêutica, para que essas mães possam sentir-se amparadas,
dividir um pouco o peso e carga que estão levando e consigam socializar com
outras mães e acompanhantes sobre o novo cotidiano.
É
interessante ver como a arte consegue mudar a vida dessas mães e acompanhantes.
No momento que chegam à sala de artes estão debilitadas, com baixa autoestima,
fragilizadas, mas com alguns meses de trabalhos manuais, começam a se envolver
nas atividades, se expressar através da arte e melhorar sua saúde através da
terapia, uma vez que, elevando sua autoestima, consequentemente, se obtém a
melhora da imunidade, beneficiando também para além da vivência com outros
familiares, levando ao melhor enfrentamento da rotina hospitalar.
Assim, o
enfrentamento realizado através da arte promove o retorno da autoestima desse
acompanhante e, consequentemente, do meio em que ele está inserido, abrindo um
novo horizonte para o retorno da alegria, da comunicação, resultando na melhor
defrontação em busca da cura.
Assessoria de Comunicação
Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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