Por Gabriella
Pereira do Nascimento
Coordenadora Pedagógica - Casa Durval Paiva
Quem canta seus males espanta!
Não há ditado popular mais sábio e válido para contextualizar o trabalho
musical desenvolvido com as mães de crianças e adolescentes em tratamento
oncológico e hematológico na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva.
Os males trazidos pela doença
para aquele que representa a própria vida, como são os filhos para as mães,
trazem consigo uma mudança sem precedentes na rotina e na vida de cada uma
dessas mulheres. Quando tratamos especificamente de mulheres, de mães, estamos
nos referindo aquelas que representam a força de quem está do início ao fim do
tratamento acompanhando seus filhos nessa batalha a favor da vida. Mulheres de
diversos lugares, de diversos contextos familiares, mulheres que deixam seus
lares, que acompanham de longe a vida dos demais filhos passar, que perdem o
posto de esposa, mas tudo por uma causa e um bem maior que o próprio ser.
Mulheres que abriram mão da própria vida, para se doar integralmente ao outro,
integralmente ao seu filho.
Elas que precisam ser a todo
custo a fonte de força para seus pequenos, mesmo quando não há de onde retirar,
sorrir enquanto os veem chorar, trazer esperança no olhar, no falar; que são
impedidas de fraquejar perante aquela dor que as consome de uma forma que só
quem a vivencia pode explicar.
Então, como cuidar de quem cuida?
Como trazer um sopro de vida e de esperança para essas mulheres que “adoecem”
junto aos seus filhos? Como tornar seus dias menos doloridos? Como possibilitar
que elas se expressem e interajam? Como fazê-las ser além da “mãezinha”? Ser a
Maria, Antônia, Vera, Joana, Eliane, Célia, Íris, Aparecida, Ione, Lidiane,
Iolanda, Katiane? Cada família, um mundo, mas com uma marca que as assemelham.
Por compreender que a música
marca as pessoas das mais diversas formas e que se caracteriza como uma
linguagem que chega aos diversos povos, independentemente da compreensão
linguística, busca-se através dela cuidar também dessas mulheres e oferecer
oportunidade de novos conhecimentos através de uma prática terapeutizante.
Na perspectiva de melhorar a
qualidade de vida enquanto as crianças/adolescentes estão em tratamento, à
Instituição desenvolveu o projeto Coral Bem Viver. Suas atividades foram
iniciadas no ano de 2006, sendo uma ação direcionada às mães/acompanhantes, através
da realização de oficinas de música (canto/coral). Levando em consideração a sua
importância na área cultural, e também como prática terapêutica alternativa,
com vistas à melhoria da qualidade de vida e da formação no campo da música
brasileira com sua multiplicidade, amplia-se o horizonte de possibilidades de
aprendizagem de todos os sujeitos envolvidos.
Pelo exposto, acredita-se que
a música (canto/coral) é um recurso metodológico facilitador, pois através da
cultura, em todos os seus aspectos, artísticos ou outros, tanto de criação,
quanto de admiração e divulgação, tem como resultado fortalecer a identidade
pessoal e social do indivíduo. Integrando-o em sua família e em sua comunidade,
fornecendo-lhe, através do bem estar mental e social um maior conhecimento de
mundo. Assim, a música se caracteriza como eixo de expressão, integração e
transformação, sendo impulsionadora para (re)significação da vida dessas
mulheres.
Foto relacionada à divulgação
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