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domingo, 21 de agosto de 2016

Fotógrafo ganha prêmio sobre o Passo da Pátria e decide produzir documentário histórico

Documentário Passo da Pátria – Porto de Destinos lança olhar sobre uma das comunidades mais antigas de Natal

Foto de Alex Régis ganhadora do prêmio BNB de Jornalismo 2013
A comunidade do Passo da Pátria se desenvolveu de forma improvisada e desordenada, espremida entre a linha do trem e o rio Potengi, próximo aos bairros do Alecrim, Cidade Alta e Ribeira, em decorrência da intensa movimentação comercial no local entre o final do século 19 e início do século 20, quando foi o principal porto e porta de entrada do comércio na capital do Rio Grande do Norte.

Foto reproduzida página jzs/divulgação
Esse aspecto histórico do lugar inspirou o título do filme “Passo da Pátria - Porto de Destinos”. Dirigido pelos jornalistas Alex Régis e Paulo Dumaresq, o longa documentário lança um olhar humano sobre o cotidiano da comunidade. O fotógrafo Alex Régis precisou entrar no Passo da Pátria algumas vezes para fazer matéria. E os enfoques, quase sempre, eram negativos, de histórias tristes, de crimes, de problemas.

“Certa vez, resolvi ir lá para produzir a capa de um caderno especial. A intenção era capturar uma imagem de pesca bem plástica. Tinha ali o local perfeito, com o cenário composto por barcos e a luz do pôr do sol refletida no rio Potengi. Depois de fazer a foto, comecei a conversar com o pescador ‘Nino do Peixe’. Ele falava do Passo com um orgulho, um brilho no olhar que me despertou o interesse em pesquisar a história da comunidade”, diz o fotógrafo, contando como surgiu a ideia do documentário.

Alex Régis saiu de lá com a foto que lhe daria o prêmio BNB de Jornalismo e também com uma visão menos preconceituosa. “Eles sofrem discriminação. Quem passa ali na Avenida do Contorno e olha pra comunidade, tem medo”, diz.

Com o tema definido e uma prévia ideia de que linha seguir, convidou o jornalista e dramaturgo Paulo Jorge Dumaresq para escrever o roteiro e o ajudar na direção. Os dois já haviam trabalhado juntos no curta de ficção "Incontinências” (2014). Entre planejamento, pré-produção, produção, edição, finalização e mixagem de áudio, o documentário levou um ano para ser feito — 100% com recursos próprios e a colaboração de parceiros.

Os diretores primaram por contar a história do Passo da Pátria, desde os primórdios até os dias atuais, pela boca de seus moradores.“Creio que fomos fieis ao nosso intento”, avalia Dumaresq.

A ideia inicial era produzir um curta-metragem, mas, ao entrar no Passo, eles se depararam com a riqueza humana da comunidade, a geografia peculiar do lugar e belezas naturais. De modo que foram fortemente atraídos pelas possibilidades que o lugar ofereceu. “Quando assistimos todas as entrevistas e as imagens capturadas, chegamos à conclusão que o filme tinha virado um longa. Ele ficou com 70 minutos”, diz Alex Régis.

Os realizadores optaram por uma fotografia limpa, com luz natural e sem muitos efeitos. “Aproveitamos ao máximo as cores da comunidade. Cor é vida. E o Passo tem sua dinâmica própria na colorida alegria de seus habitantes. Usamos ainda a cor sépia para remeter ao passado”, fala Dumaresq.

O documentário é quase todo construído a partir das memórias e narrativas dos moradores. Mas Paulo Dumaresq e Alex Régis tiveram também a ideia de convidar um ator para interpretar Luís da Câmara Cascudo e recitar seus escritos sobre os tempos áureos do Passo. O escolhido para o papel foi o carioca Ruyter de Carvalho, com experiência no teatro, no cinema e na TV, inclusive participações em novelas da Globo, como o folhetim “Que Rei sou eu?”.

“Os textos foram extraídos do livro História da Cidade do Natal. Mas não quisemos mimetizar o ator de Câmara Cascudo. Apenas remeter ao folclorista e historiador. É importante esclarecer isso”, ressalta Dumaresq.

A trilha é toda potiguar e original, composta para o filme, com direção musical de Adriano Azambuja. Destaque para a canção "Passo da Pátria - Porto de Destinos" (de Antônio Ronaldo e Franklin Mário), interpretada pela cantora Antoanet Madureira, e o rap "As margens", do projeto Éris (Artur Faustino e Bruno Otávio). Participam ainda os músicos Nicholas Guitarman, Dudu Campos, Isaac Ribeiro e Heudes Régis.

A equipe técnica praticamente foi a mesma de “Incontinências”, com a adição da cineasta e montadora Suerda Morais, da CaSu Filmes, produtora parceira. A Peron Filmes também apoiou com equipamentos. Colaboraram ainda Camilla Natasha e Davis Josino (produção de set), Nilson Eloy (som direto e mixagem de áudio) e Alysson Régis (platô).

O filme contou com o apoio da Secretaria Municipal de Comunicação Social da Prefeitura de Natal, Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, Nalva Melo Café Salão, Bardallo’s Comida & Arte, Associação para o Desenvolvimento de Iniciativas de Cidadania (ADIC/RN), CBTU, Estúdio Sonorus e o jornal Tribuna do Norte.

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