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domingo, 8 de novembro de 2015

As águas do riacho de Vô Salviano cheio de esperança!

Por João Bosco de Araújo
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  


Foto: acervo da família/assessorn.com
Meu avô Salviano viveu sua vida simples de homem do campo na fé e na esperança de um dia encontrar água bem perto de sua casa, na beira de um riacho. Sua vazante ficava longe, nas terras do velho Tonho de Umari, neto de Cosme Pereira. Minha avó Gina, (Virgínia), cuidava da casa e dos quatro filhos, e das rezas em seu oratório doméstico cheio de santos e fé. Ensinamentos de sua avó Aninha do Umbuzeiro, criada na, e da, Fazenda Pedreira, do coronel Janúncio Nóbrega.

Fosse de Umari ou da Pedreira, era a certeza de ter como atravessar as grandes estiagens, e dos anos de poucas chuvas e inverno escasso. Ainda solteiros, os dois viveram a grande seca de 1877. Já casados, a outra grande seca de quinze, 1915, com os filhos meninos: Tio Manoel, meu pai Pedro, tio Chico e tia Maria, a caçula, na época com cinco aninhos.

Meu pai lamentava a sofridão de vovô Salviano, que passara a vida toda cavando o solo pedregoso à procura de água. Nem aqui, nem ali! Em cima da rocha, em baixo no vale, não lograva êxito, o suor do trabalho, a tristeza da seca, a imensa vontade de nunca desistir.

Sua esperança encorajou o filho. Persistente, expandiu a terra, remanejou a agricultura, construindo e criando novas possibilidades de progresso na localidade sertaneja. As secas dos anos posteriores às décadas de 1940/50 não tiveram as mesmas conseqüências do passado. Meu avô Salviano, velhinho, ainda teve a alegria de ver a água jorrar perto de onde morava, os bichos bebendo, a vizinhança e comunidade se beneficiando da boa nova.

Meados dos anos cinquenta, não tive a oportunidade de conhecer meu avô Salviano, ele falecera antes da minha mãe me dar a luz. Desde criança, ouvira meu pai comentar a peleja de meu avô na busca de água para a sua comunidade.

Ainda mais, porque, ao construir um dos açudes para o abastecimento da redondeza, ele descobriu que o veio d’água situava-se poucos metros de onde meu avô buscava, com todas as suas forças, água para a terra seca.

Meu avô Salviano não teve um riacho cheio de água, mas foi um homem de sorte, por ter tido um filho perseverante, que acreditava no trabalho, na vida, no bem estar de todos, na água presa, não mais o castigo dos céus, libertos da agonia, embora num tempo longe da tão esperada inclusão social, ou  sustentabilidade desta nova era.
   
Salve os sonhos de vô Salviano, cheios de fé e esperança!

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