Foto:
acervo da família/assessorn.com
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Fosse de Umari ou da
Pedreira, era a certeza de ter como atravessar as grandes estiagens, e dos anos
de poucas chuvas e inverno escasso. Ainda solteiros, os dois viveram a grande
seca de 1877. Já casados, a outra grande seca de quinze, 1915, com os filhos
meninos: Tio Manoel, meu pai Pedro, tio Chico e tia Maria, a caçula, na época
com cinco aninhos.
Meu pai lamentava a sofridão
de vovô Salviano, que passara a vida toda cavando o solo pedregoso à procura de
água. Nem aqui, nem ali! Em cima da rocha, em baixo no vale, não lograva êxito,
o suor do trabalho, a tristeza da seca, a imensa vontade de nunca desistir.
Sua esperança encorajou o
filho. Persistente, expandiu a terra, remanejou a agricultura, construindo e
criando novas possibilidades de progresso na localidade sertaneja. As secas dos
anos posteriores às décadas de 1940/50 não tiveram as mesmas conseqüências do
passado. Meu avô Salviano, velhinho, ainda teve a alegria de ver a água jorrar
perto de onde morava, os bichos bebendo, a vizinhança e comunidade se
beneficiando da boa nova.
Meados dos anos cinquenta,
não tive a oportunidade de conhecer meu avô Salviano, ele falecera antes da
minha mãe me dar a luz. Desde criança, ouvira meu pai comentar a peleja de meu
avô na busca de água para a sua comunidade.
Ainda mais, porque, ao construir
um dos açudes para o abastecimento da redondeza, ele descobriu que o veio d’água
situava-se poucos metros de onde meu avô buscava, com todas as suas forças,
água para a terra seca.
Meu avô Salviano não teve
um riacho cheio de água, mas foi um homem de sorte, por ter tido um filho
perseverante, que acreditava no trabalho, na vida, no bem estar de todos, na água
presa, não mais o castigo dos céus, libertos da agonia, embora num tempo longe
da tão esperada inclusão social, ou sustentabilidade
desta nova era.
Salve os sonhos de vô Salviano,
cheios de fé e esperança!
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