Por João Bosco de Araújo
Sair assoprando àquela gaita foi uma alegria fascinante, uma experiência ainda não vivida. A não ser em sonho.
“Ei, ei, menino, traga isso de volta”. Eu já estava perto de dobrar a esquina da bodega de Abraão, no cruzamento da Seridó com a Augusto Monteiro. O grito do vendedor ambulante não me alcançava, esforço que ele fez saindo ligeiro de seu ponto comercial, em frente ao consultório dentário de Dr. José Dantas, perto do açougue.
O som mágico extraído do pequeno instrumento me deixava flutuando em imaginações, só percebendo sua presença ao ser segurado pelo braço: “Garoto, me devolva esse vialejo”, repetia com voz áspera, surpresa que me constrangia e me embaraçava, ainda entrelaçado pelo som do instrumento na boca.
Sem negócio, ele retorna empunhando a gaitinha que sumiu em sua mão. Eu sigo no caminho de casa, pertinho dali, sem compreender àquela cena inusitada, do impulso imediato de pegar aquele vialejo dentro do balaio e sair, livremente, a tocar, naquele dia de feira livre em Caicó.
O preço foi a decepção de perder a liberdade daquela conquista e saber que aquilo tudo tinha um valor a pagar; além da norma mercadológica, inocência estampada ao pegar o vialejo e sair tocando, em alto som, rua afora, para espanto daquele pobre comerciante de bugigangas.
Santa inocência, justiça seja feita, mas aqueles poucos segundos de instrumentação executados no pequenino vialejo foram de muita felicidade, sensação de puro êxtase musical.
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©2013 www.AssessoRN.com | Jornalista Bosco Araújo
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Ministério da Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde]
É sempre bom advertir: "se não der barato não fume".
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