Por
João Bosco de Araújo
Nem o título acima, nem o texto que segue abaixo são
de minha autoria, mas gostaria que fossem, pois achei interessante a
argumentação de que um telegrama enviado três dias antes teria mudado o rumo de
uma ação que seria concretizada no meio de uma semana do dia 27 de novembro de
1935, ou seja, nessa data estava previsto o golpe para a instalação de um
governo popular revolucionário no Rio Grande do Norte, o que certamente as
forças de repressão já teriam essas informações, pegando de surpresa com a
chegada do telegrama antes, resultando numa intentona que durou exatamente esse
período, de cerca de três dias.
O texto, surrupiei do meu sobrinho Abson de Araújo
Soares, aluno do segundo ano do ensino médio do Colégio das Neves, que recebeu
a idéia de seu professor de fazer uma redação sobre um fato histórico real, mas
com liberdade de criar personagens fictícios. E foi o que ele fez, quando cita
o nome do editor do jornal A Liberdade, um bancário de apelido Zé Tampinha. Na
verdade, o jornal existiu, e foi o pilar do movimento, porém teve como um dos
organizadores o gráfico conhecido por Meneleu, que, segundo o pesquisador e
escritor Anchieta Fernandes, este ainda vive em uma cidade do Ceará.
A seguir, o texto do estudante Abson:
“Fato inédito na história brasileira, a capital do
Rio Grande do Norte foi sede, em novembro de 1935, de um governo popular
revolucionário. O movimento iniciou-se com a participação de forças populares,
que só foi possível por causa de um telegrama enviado antecipadamente, cujo
conteúdo decretava o início do levante para o sábado, dia 23 de novembro.
Conforme estava estabelecido pela Aliança Nacional, a revolução seria na
quarta-feira, dia 27, porém, graças ao telegrama trapalhão, o golpe foi
antecipado, derrubando o governo de Rafael Fernandes.
Foi nas páginas de ‘A Liberdade’ que o comitê recém
instalado dirigiu o manifesto ao povo. O editor do jornal comunista, o bancário
José Francisco Corrêa, mais conhecido como ‘Zé Tampinha’, um dos líderes do
movimento, contribuiu bastante para o sucesso da revolução em Natal.
Através da publicação, ‘A Liberdade’ chegava às ruas
da cidade. A população tomava conhecimento do novo governo instalado.
Ministérios foram criados e empossados. Gente do povo formava o novo governo,
como estudantes, funcionários públicos, sapateiros, carteiros e militares
não-graduados. Mas o sonho de liberdade durava pouco. Em menos de quatro dias o
governo revolucionário chega ao fim. A Intentona Comunista vai por água abaixo,
o editor Zé Tampinha é preso com os demais companheiros e o movimento foi
contido por tropas do Exército e policiais de outros Estados, que invadiram o
RN e restabeleceram a ordem. A data era 27 de novembro de 1935.”
Não sei a nota do professor, mas posso dar a minha:
10.
Agora uma nota de explicação: como estamos no
aniversário deste fato histórico, nos seus 73 anos do acontecido, fui buscar
esse texto acima, datado de seis anos atrás, tanto que meu sobrinho cursava o
ensino médio, hoje estuda pós-graduação na área de marketing e propaganda, em
São Paulo. Esse fato também me faz recordar meu tio Manoel Salviano, irmão de
meu pai.
Tio Sinhô era um autêntico contador de histórias,
das bandas do Umbuzeiro, em Caicó, e o vi por muitas vezes relatar “a revolução
de 35”, segundo sua versão, narrando minuciosamente como Dinarte Mariz juntou
um batalhão de homens sertanejos para esbarrar os comunistas – sediados na
capital – que marchavam na direção do Sertão.
Como narra a história, o Levante foi contido, inclusive em Recife (PE) e Rio de Janeiro, e o meu tio, na ocasião com 29 anos, vivia uma experiência histórica nunca mais esquecida por um jovem sertanejo. O meu sobrinho, por sua vez, outro jovem, criando fatos de uma realidade que me faz mero observador do cotidiano.
Como narra a história, o Levante foi contido, inclusive em Recife (PE) e Rio de Janeiro, e o meu tio, na ocasião com 29 anos, vivia uma experiência histórica nunca mais esquecida por um jovem sertanejo. O meu sobrinho, por sua vez, outro jovem, criando fatos de uma realidade que me faz mero observador do cotidiano.
JBAnota – Texto publicado em 2008
no Diário de Natal e também em outros jornais da cidade, como o Zona Sul, há 10
anos. Já o fato histórico completa, nesta data atual, 77 anos do acontecimento no RN.
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