Por Flávio Rezende*
A vida passa e as avaliações que fazemos das pessoas
variam no tempo e no espaço. Hoje uma mãe que fica em casa cuidando dos filhos
não recebe uma boa carga de energia positiva das demais pessoas, quando revela
que dedica seu trabalho e sua força vital as demandas do lar.
Vários mestres espirituais indianos revelam em seus
discursos que esse ainda é o verdadeiro papel das mulheres, ficar em casa e
preencher com amor, carinho, educação e bons ensinamentos a trajetória das
crias, preservando o lar limpo e acolhedor para o marido, a quem cabe o mundo
exterior e suas ações financeiras e demandas outras.
Se os mestres hindus e líderes religiosos pensam
assim, encontrando eco até nos cristãos e muçulmanos também, em sentido oposto
caminha a sociedade ocidental, valorizando as mães que buscam atividades fora
de casa e, ocupando espaços em todos os setores da sociedade em geral.
Não é meu pensamento tomar posição nesta questão que
julgo ser fruto da sentença: cada caso é um caso. Minha intenção aqui é
enaltecer o mais puro amor que nutro por minha mãe e, reverenciá-la no que ela
fez de mais puro e belo para seus filhos: a dedicação e a entrega em todos os
momentos de nossas vidas.
Mamãe já tem 78 anos e pertenceu a geração onde
ficar em casa e cuidar dos filhos era o normal, com raríssimas exceções em seu
tempo. O papel ao qual mergulhou de corpo e alma, nesta septuagenária
existência, já recebeu nota dez de todos os meus irmãos e, estou aqui
publicamente, dando meu dez de coração, ao mesmo tempo em que lanço no espaço
cósmico, a amorosa aprovação e a gratidão eterna, por relevantes serviços
prestados a minha sanidade, a minha integridade, a minha espiritualidade e, ao
conjunto de minha vida, tão bem adocicada por seu carinho e, embalada por seus
braços e abraços, em noites febris e/ou internações hospitalares diversas,
posto que, este apaixonado filho, foi inquilino de instituições de saúde,
devido a problemas vários.
As recordações que tenho do tempo em que era mais
dependente de seu amparo são muitas
, lembrando que a dependência, no sentido
positivo, nunca termina, posto que umbilicalmente ligados, nutrimos pelos
canais que a vida vai formando, o líquido amniótico do amor contínuo,
acrescentando a este fluxo amoroso, as proteínas da gratidão e as vitaminas das
ações sadias e positivas.
Lembro-me de mamãe nos levando e buscando nos
colégios da vida, sendo uma exímia motorista, porém admiradora da velocidade,
tornava meus batimentos cardíacos igualmente ligeiros. Lembro-me das posições
assumidas diante dos embates comuns entre pais, no que tange o vestuário dos
filhos, com as mães sempre buscando mais recursos para nos embelezar.
A gostosa viagem ao passado, tendo como veículo
revitalizantes lembranças de uma vida tranquila, tornam os fragmentos
pensamentais em puras e lindas recordações de visitas, escolas, alimentos,
carinhos e, presente em todas as situações, a magia e a energia da mãe, a que
protege, a que abraça, a que está presente e a que ama, por todo o sempre, em
qualquer situação.
Hoje a idade já nos permite um diálogo mais aberto,
uma troca de opiniões, até contrárias, sobre assuntos diversos, mas o amor que
foi sendo costurado ao longo de toda a nossa convivência de 51 anos (minha idade),
sempre teve a linha do respeito e o tecido da admiração, formatando assim, o
resistente vestuário da sólida amizade que, sincera entre mãe e filho, resulta
num eterno casamento de bem querer.
Todos os dias quando ligo para minha querida e amada
mãe Miriam, a chamo de doce mel, ao que ela responde, “diga meu doce de coco”
e, assim, começamos uma troca de energias sempre aureoladas por carinhosas
palavras e, às vezes, por confissões das coisas mundanas dos personagens que
cercam nossas vivências.
Sou feliz em tê-la como mãe, amiga e companheira de
jornada na presente encarnação, ampliando a felicidade da convivência para
todos os demais como papai Fernando, irmãos Júlio, Leila, Fernandinho, Lila e
Jorge, esposa Andrea, filhos Gabriel, Mel e o filho social Fernando , além do mundo todo e um pedaço da lua, na
figura dos ligados à Casa do Bem e a todas as áreas da vida em que estou metido
de uma maneira ou de outra.
E, aos leitores aviso, a fábrica de amor que tive a
benção de receber como herança divina, ainda tem matéria prima suficiente para
muitos outros “escritos”.
Aguardem-me...
*É escritor, jornalista e
ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
Meu deus, que coisa mais linda essa homenagem.Que os filhos sigam esse exemplo de homem. PARABENS Flavio Rezende
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