Por Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
A frase, meu amigo, você já ouviu muitas vezes.
Aquela história do “a gente acha que nunca acontecerá com a gente”,
referindo-se a um fato qualquer. Quase sempre relacionada a um ato negativo. E
aí de repente somos surpreendidos. Não foi propriamente comigo por inteiro, mas
pertinho de mim. A violência em sua forma bruta, insensível, dolorosa,
humilhante, surpreendente, apavorante.
Chego em casa e já estava na tela da TV as imagens
da novela das 9. Me dou direito a um banho tranquilo, reparador, iniciando um
rito diário que é sucedido pelo prazer da leitura, da música ou de um filme.
Enquanto iniciava esse roteiro, meu vizinho, duas casa após a minha, na rua
pequena de pouco mais de uma dezena de casas, vivia momentos aterrorizantes.
Ele, a mulher, a secretária deles, o vigia da rua e um amigo deste, todos rendidos,
deitados na varanda da casa, sob a mira de revólveres, se perguntavam, em
silêncio, o que aconteceria depois. Esse depois seria minutos, segundos,
talvez.
Antes mesmo de concluir o banho, minha mulher bate à
porta e, apressada, informa sobre o assalto que acabara de terminar,
felizmente, agora, com todos juntos na sala de minha casa, contando a história.
Tudo muito de repente. O casal vizinho, jovem no limite aí dos 30 anos,
chegavam em casa. O tempo foi o suficiente para parar o carro em frente à
garagem, esperando que o portão fosse aberto. Lateralmente, outro carro parou e
quatro homens armados de revólveres, tensos, descem e anunciam o assalto.
Eles confundem o amigo vizinho, alto, forte, corte
de cabelo quase zero, com um policial. Pede as armas. Outro momento de grande
tensão, até que o bandido fosse convencido do contrário. Levaram alguns poucos
objetos (o casal estava em processo de mudança).
Com eles foi também o carro da vítima, comprado
recentemente. Todos os celulares foram tomados e, no rastro, deixaram o medo, a
insegurança, uma jovem mulher quase em choque, precisando de atendimento
médico. No dia seguinte, o vigia não apareceu. Voltou dois dias depois. Pânico.
O casal apressou a mudança. Na rua, ficou a constatação reforçada de que somos,
cada vez mais, reféns do medo; ficaram perguntas sem respostas: fazer o quê?
Onde buscar a proteção? Reclamar a quem? Noite pesada, quase indormida. Não
teve leitura, música ou filme. Pedi a proteção de Deus, vendo um novo dia
chegar.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no NOVO JORNAL
Anônimo disse...
ResponderExcluirLendo o texto fico a imaginar, será que nossos candidatos estão incluindo em suas propostas,saúde,educação e segurança como prioridades? estão todos brigando pelo poder...iso sim, sai governo entra governo e nada resolvido,em nosso tranquilo interior não é diferente....é uma vergonha nacional!!! M******