Angela
Felipe expõe "O Sagrado Feminino" na Pinacoteca Potiguar com poemas
de Mary Ibanhes
A exposição "O Sagrado Feminino" de Angela
Felipe está agendada para o período de 22 de junho a 18 de julho, com a
vernissage acontecendo a partir das 19h30 na Pinacoteca Potiguar. A exposição
tem valor agregado dos poemas de Mary Ibanhes.
A Pinacoteca Potiguar existe na Av. 7 de setembro,
s/nº - Cidade Alta e, mais detalhes sobre o evento estão sendo passados pelos
fones 3232-5304 ou 3232-9727. O evento tem o aval da FJA.
Texto
do professor Vicente Vitoriano sobre a exposição:
Ângela Felipe
Mulheres versos
Depois de tomar como tema o povo indígena e sua arte
e de um longo recesso em que se distanciou das galerias e aprimorou seu desenho
e suas técnicas de pintura, Ângela Felipe retorna e mostra um novo trabalho.
Sem panfletarismo, a artista agora transpõe para sua obra o sentimento
feminista ou, melhor diria, feminino, simplesmente.
A mulher e muitas das questões que envolvem sua
condição na sociedade neste novo século já foram temas explorados pela arte,
desde “The dinner party” de Judy Chicago até nossos dias, quando artistas como
Jenny Holzer continuam a se impor no ainda muito masculino universo das artes
visuais.
Para Ângela Felipe, a atitude política com que
identificamos estas artistas é um ingrediente implícito que se manifesta no
próprio ato de fazer arte e de trazer à tona, muito explicitamente, a figura da
mulher. Mas seu primeiro objetivo é fazer poesia em torno do feminino e ela
atinge plenamente tal objetivo. Para tanto, cria sobre telas imagem que são
comentadas verbalmente pela poetisa Maria Ibanhes, num diálogo criativo e
profícuo. Sua figuração estilizada aponta para uma surrealidade que parece
transcodificar as entrelinhas da poetisa e fazer visível o não dito que se
esconde nos hiatos dos versos.
Neste discurso poético, os conteúdos transcendem a
problemática do gênero e suas implicações políticas, sem as negar, entretanto.
As situações mostradas e a linguagem poética utilizada nas obras “enviesam” a
crueza da realidade em que se faz necessária uma lei como a “Maria da Penha”.
As Marias de Ângela Felipe não gritam protestos,
seus rituais são outros. Suas denúncias se fazem pela música e por gestos
suaves que colhem, acariciam, fazem rendas ou abençoam numa ambiência de puro
lirismo pastoral que aflora das cores claras e da profusão de linhas curvas.
Se fazem advertências ou alertas, estas mães,
amantes e artistas evidenciam ou desmascaram as agruras de vivências doloridas,
mas por um tocante viés perpassado pela beleza.
Vicente
Vitoriano
Professor
Dr. do Departamento de Artes da UFRN.
Assessoria
de imprensa voluntária
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