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terça-feira, 19 de junho de 2012

Exposição "O Sagrado Feminino" na Pinacoteca Potiguar

Angela Felipe expõe "O Sagrado Feminino" na Pinacoteca Potiguar com poemas de Mary Ibanhes

Convite/Divulgação– clique para ampliar
A exposição "O Sagrado Feminino" de Angela Felipe está agendada para o período de 22 de junho a 18 de julho, com a vernissage acontecendo a partir das 19h30 na Pinacoteca Potiguar. A exposição tem valor agregado dos poemas de Mary Ibanhes.

A Pinacoteca Potiguar existe na Av. 7 de setembro, s/nº - Cidade Alta e, mais detalhes sobre o evento estão sendo passados pelos fones 3232-5304 ou 3232-9727. O evento tem o aval da FJA.

Texto do professor Vicente Vitoriano sobre a exposição:


Ângela Felipe
Mulheres versos

Depois de tomar como tema o povo indígena e sua arte e de um longo recesso em que se distanciou das galerias e aprimorou seu desenho e suas técnicas de pintura, Ângela Felipe retorna e mostra um novo trabalho. Sem panfletarismo, a artista agora transpõe para sua obra o sentimento feminista ou, melhor diria, feminino, simplesmente.

A mulher e muitas das questões que envolvem sua condição na sociedade neste novo século já foram temas explorados pela arte, desde “The dinner party” de Judy Chicago até nossos dias, quando artistas como Jenny Holzer continuam a se impor no ainda muito masculino universo das artes visuais.

Para Ângela Felipe, a atitude política com que identificamos estas artistas é um ingrediente implícito que se manifesta no próprio ato de fazer arte e de trazer à tona, muito explicitamente, a figura da mulher. Mas seu primeiro objetivo é fazer poesia em torno do feminino e ela atinge plenamente tal objetivo. Para tanto, cria sobre telas imagem que são comentadas verbalmente pela poetisa Maria Ibanhes, num diálogo criativo e profícuo. Sua figuração estilizada aponta para uma surrealidade que parece transcodificar as entrelinhas da poetisa e fazer visível o não dito que se esconde nos hiatos dos versos.

Neste discurso poético, os conteúdos transcendem a problemática do gênero e suas implicações políticas, sem as negar, entretanto. As situações mostradas e a linguagem poética utilizada nas obras “enviesam” a crueza da realidade em que se faz necessária uma lei como a “Maria da Penha”.

As Marias de Ângela Felipe não gritam protestos, seus rituais são outros. Suas denúncias se fazem pela música e por gestos suaves que colhem, acariciam, fazem rendas ou abençoam numa ambiência de puro lirismo pastoral que aflora das cores claras e da profusão de linhas curvas.

Se fazem advertências ou alertas, estas mães, amantes e artistas evidenciam ou desmascaram as agruras de vivências doloridas, mas por um tocante viés perpassado pela beleza.

Vicente Vitoriano
Professor Dr. do Departamento de Artes da UFRN.

Assessoria de imprensa voluntária
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