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domingo, 1 de abril de 2012

Menopausa e climatério

Paulo Tarcísio Neto
Medicina UFRN / paulo_tarcisio@hotmail.com

Com o aumento da expectativa de vida na sociedade, diversas patologias que no passado eram inexistentes vão se tornando cada vez mais comuns. Hoje, entrar na fase dos “Enta” está longe de significar o fim da vida, aproximando-se muito mais do começo de uma fase maravilhosa regida pela maturidade e não pelo fervor, muitas vezes cego, da juventude.

Se a descoberta da pílula anticoncepcional é talvez o melhor símbolo da emancipação feminina ocorrida no século XX, talvez a Terapia de Reposição Hormonal venha dar continuidade a esse fenômeno garantindo ainda mais qualidade de vida e, porque não, liberdade, às mulheres de nossa era.

Os ovários, órgãos que acumulam e amadurecem os óvulos, tem, entre muitas outras funções, o papel de ser o centro produtor dos hormônios femininos, conhecidos como progesteronas e estrógenos. O ciclo menstrual e de fertilidade da mulher está intimamente ligado com esses e outros hormônios.

Por volta dos 45 anos, na maioria das mulheres, inicia-se o climatério: os ovários passam a ter cada vez mais dificuldade pra produzir a mesma quantidade de hormônios que produziam na juventude, o que vai gerando alterações no ciclo menstrual das mulheres que vai se intensificando até que ocorra a famosa menopausa – a última menstruação da mulher. Com a falência ovariana, as taxas de hormônios circulantes tornam-se drasticamente mais baixas.

Apesar de se dizer por ai que “a menstruação é a saúde da mulher”, para muitas pacientes seria um grande alívio entrar na menopausa se ela se resumisse apenas ao cessar dos ciclos menstruais. O problema é que a queda desses hormônios leva à ocorrência de diversos outros sintomas que, esses sim, alteram em muito a qualidade de vida da mulher.

Os sintomas do chamado climatério incluem, além das famosas ondas de calor, ou “fogachos”, alterações do sono, humor, do desejo sexual, da lubrificação da mucosa vaginal, osteoporose etc. Para a alopatia, é a alteração dos níveis hormonais que provoca todas essas alterações no corpo da mulher. Não se sabe porque, exatamente, algumas mulheres passam pelo climatério como se “nada estivesse acontecendo”, e outras tem sua vida transformada quase num pequeno inferno.

Caso o climatério seja algo insuportável, o melhor mesmo é procurar um ginecologista. Existe, na atualidade, a opção da tão falada Terapia de Reposição Hormonal (TRH). Em geral, mulheres com sintomas muito fortes da menopausa se beneficiam muito dessa terapia. Cada caso é um caso, no entanto, e a que se avaliar em cada paciente se há indicação de iniciar a TRH. O grande medo das pacientes é o risco de câncer associado á TRH. No entanto, não há nenhuma comprovação científica de que a Terapia aumenta os riscos, isto é, até agora a quantidade de mulheres com câncer que fazem TRH é igual ou muito próxima da quantidade de mulheres sem TRH que desenvolvem câncer.

Na dúvida, e como sempre falo, o melhor é procurar um bom médico e seu caso será individualmente considerado – como tudo deve ser em medicina.

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