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domingo, 8 de janeiro de 2012

Henfil não aguentou os chatos de Natal

por João da Mata Costa


Foto arquivo/divulgação
No dia 04 de janeiro de 1988 Henfil falecia na flor da idade. Ele foi um homem genial em sua curta e meteórica existência. Seu traço era cortante e tinha a exigüidade e síntese da poesia. Criou muitos personagens que tinham a cara e cacoetes dos brasileiros. Lutou incansavelmente contra a ditadura e, junto com seus dois irmãos, formaram um trio que dominou a cena brasileira nas décadas de exceção do regime político brasileiro. Nos Estados Unidos seu desenho não fez sucesso.

Claro, o "tio Sam" era um dos seus alvos preferidos na destilação do veneno. Veio morar em Natal e não foi feliz. Queria ouvir aboio e foi ferido por outros cornos. Ubaldo veio a Natal em 78, e levou sua mulher e alegria. Difícil colocar os pés novamente no chão e criar. Na criação ele vivia e dava o troco. Ubaldo virou "o paranóico".

Difícil no trato e na convivência, como os homens geniais. Berenice não sabia que ele gostava tanto dela. E ele só soube que a amava tanto quando a perdeu.

Em Natal morou na ponta do morcego e não gostou. Não conseguia produzir e teve sua casa roubada. Foi morar na Amintas Barros, onde conseguiu se isolar dos "chatos" (imagina hoje com a lista do Rafael elevada à enésima potência) e produziu um pouco mais. Trabalhou nos manuscritos de Henfil na China. Difícil foi tirar o nome da amada de suas produções subseqüentes e no forno.

Em Natal, deixou alguns amigos e traços. A "Pax Turismo" mantinha na sua parede alguns dos seus desenhos originais.

A Associação dos Docentes de Ensino Superior (A ANDES) foi criada em 1980, e pediu permissão para usar a Graúna do Henfil como logotipo em suas camisetas. Henfil, um grande cartunista ligado aos movimentos de esquerda, não negou tal associação e seu traço esteve abrilhantando nossas camisetas e documentos durante muito tempo.

Infelizmente o amigo Henfil faleceu precocemente e a Andes já não é mais a mesma. O seu desenho na camiseta é só mais um desenho que marcou a história de um belo movimento da história sindical do Brasil.

Cresci junto e torcendo pelo Henfil. As cartas à sua mãe era o que tinha de melhor na antiga "Isto é". Uma forma inteligente e lúcida de passar as mensagens em tempo de censura.

Saudades de você, meu amigo. Pena que você não ouviu aboio na terrinha. Obrigado por tudo!

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