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sábado, 25 de junho de 2011

Miquéas, “Maicon Jegue” não morreu!

Por João Bosco de Araújo
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com 

Foto arquivo:afp/divulgação
Na trajetória do Consulado Caicoense na vida universitária em Campina Grande, que descrevi em um artigo no mês de março, fui traído pelo esquecimento e, em conseqüência, recebi um puxão de orelha por quem deixei de mencionar. Miquéas Capuxú, naqueles finais de 1970 era estudante do Curso de Matemática, e fervoroso fã de um garoto negro que apontava nas paradas musicais, dançando e cantando, ainda quando quarentões lembravam a recente perda do Rei do Rock n’roll, afirmando: “Elvis não morreu”.

Exatos trinta anos atrás, Miquéas passava suas horas de folga dos livros, cantarolando músicas do disco "Off The Wall", que Michael Jackson acabara de gravar nos Estados Unidos estourando o sucesso com a mistura de ritmos pop, funk e discoteca. As rádios não paravam de tocar e as tevês pré-lançavam a era dos vídeos clipes deixando os jovens com a imagem do novo ídolo que começava a conquistar o mundo. “Don't Stop 'til You Get Enough”, cantava Capuxú nos corredores do Palomo, edifício onde se localizava a residência dos acadêmicos caicoenses em terras paraibanas.  

Não houve outra alternativa, Miquéas virou “Maicon Jegue”, batizado pelos colegas “diplomatas” em função de sua paixão pelo estreante astro pop, embora seu maior desejo estivesse em ser reconhecido no Consulado por “MCA”, suas iniciais de registro de nascimento de Miquéas Capuxú de Araújo, semelhantes à famosa marca do cinema norte-americano MCA Universal Picture, de Hollywood. 

Grandezas a partes, Miquéas, ou melhor, “Maicon Jegue” arriscava uns passinhos e até uns gritinhos ao disparar: “Don't Stop”, e após uma paradinha, continuar: “til You Get Enough”.  Francisquinho não desgrudava dos livros de engenharia – não sei o por quê do apelido “Traco-Traco” -, mas ao ver nosso Michael Jackson respondia em cima da bucha “Dontestope”... “Tiuguetunei” e soltava sua genuína gargalhada, ecoando nos corredores da vida.

Miquéas tem a cor da pele branca e não se parecia nem um pouco com o ex-integrante do grupo musical dos irmãos Jackson 5, início da carreira talentosa do menino Michael Joseph Jackson, o quinto filho do operário Joe Jackson, que incentivava com punho firme a carreira artística dos filhos. O cantor ainda carregava suas origens afro e toda as vezes que Miquéas me encontrava logo cantava a música de Michael Jackson. 

C.Pinho pesava pouco mais de 50 quilos e tinha os cabelos crescidos, bem no estilo black power, embora não desse trela ao novo conceito musical, se bem que respeitava, no convívio, quem o admirava.

O cantor foi um fenômeno na vendagem de disco, sucesso absoluto na indústria fonográfica, mas não tenho lembrança de ter comprado sequer um disco seu, ou gravado uma única faixa musical em fita cassete. Lembro-me das músicas por causa do nosso “Maicom Jegue”, ele as decorava e sabia na língua original, numa época em que estudar jornalismo era saber combater o imperialismo dos primos-ricos americanos do Norte, mesmo que a exigência do diploma para ser jornalista estivesse em vigor, ainda que por mando deles através do regime dito duro do lado de cá.       

Sabia-se que as escolas de comunicação estavam sob o controle do regime de plantão e que dedos-duros circulavam e freqüentavam salas de aula, camuflados de estudantes e até de docentes. Ninguém se importava. E, sim, pelas questões do país, seu desenvolvimento e suas políticas de liberdades democráticas, sobretudo da soberania nacional.

Miquéas também imperava suas razões. Soube preservar seus ideários, no seu melhor estilo, conquistando amigos na paz, no bem, na dele. Melhor para todos! Um matemático, literalmente, e na graduação. Seguiu os passos de outro caicoense, João Bangu, que o reprovou na matéria que o fez ser também um professor.
  
Agora vai, Miquéas, corre e vai dedurar a Job - “O Doido”, que C.Pinho não falou de seu nome, por sinal até por demais, como tem sido as repetições dos clipes de Michael Jackson nas televisões, depois do noticiário da morte do agora eterno astro pop, o rei do pop, o maior ídolo pop nascido também na cabeça daquele estudante de três décadas atrás.

Aliás, revendo esses clipes, tem um que lembra a roupa de Lampião, o capitão Virgulino com sua cartucheira cruzada no corpo, cheia de balas, muito usada nas fantasias das quadrilhas juninas desta época de São João. O rei do cangaço morreu há setenta e um anos.
    
Mas “Maicon Jegue” não morreu. Michael Jackson, sim, perto dos 51 anos, de parada cardíaca, dizem as notícias, na tarde desta quinta-feira, 25 de junho de 2009, em sua casa de Los Angeles, na Califórnia, e já era inicio de noite em Natal e em Caicó, aqui no Brasil. 

- O blog republica neste segundo ano sem o Rei do Pop, aqui postado no dia seguinte à morte do cantor.

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