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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Políticos: O que se acha e o que só tem conversa fiada

Por Flávio Rezende*

Fui resolver um assunto pessoal no INSS e encontrei um amigo. O destino empacou um pouco a solução dos nossos problemas naquele lugar o que provocou, para minha alegria, no desaguar de um gostoso papo, daqueles que nos deixam bem felizes.

Conversa vai, conversa vem, ele narrou que foi síndico num determinado tempo de sua vida e que, um dos moradores do prédio, já desencarnado, foi um político local que chegou até a ser ministro. Inadimplente com o condomínio há vários meses o dito cujo tinha mania de acordar cedo para ler jornais na entrada do prédio. Precisando resolver a pendência meu amigo acordou um dia mais cedo e foi lá lembrar a autoridade que o mesmo estava devendo.

A abordagem não agradou ao famoso personagem que disse esse não ser um assunto a ser tratado com ele, um ministro, autoridade, que tinha gente que resolvia isso por ele. Meu amigo disse que sem problemas, que esse alguém que fosse resolvesse, aparecesse e a tal dívida enfim virasse coisa do passado.

O tempo passou e a dívida só aumentou. Meu amigo acordou cedo novamente e fez nova cobrança matinal. Chateado, o ministro voltou a achar ruim a abordagem, sempre se achando a última Coca-Cola do deserto e colocando as coisas como se estivesse acima de questões tão pequenas como o pagamento de um condomínio. Voltou a lembrar sua patente federal, mas disse que ia resolver.

Meu amigo conseguiu contato com o tal assessor que toma conta dos assuntos humanos da autoridade, coisa comum entre políticos que não entram em filas, não sentem calor, não pagam contas, só comem mulheres que custam mais de mil reais e só andam em carros que mais parecem aviões e, conseguiu arrancar dele o pagamento da tal dívida.

Apesar da vitória, ela foi parcial. A autoridade só autorizou o pagamento do principal. Os juros e correção monetária são coisas de pessoas como nós. Autoridades como o ministro não aceitam essas invenções do mundo financeiro. Para encurtar a narrativa, meu amigo disse que depois de muita lábia e abordagens ao tal assessor, conseguiu o pagamento da dívida.

Ontem sai de casa e encontrei uma amiga que é política. Como pessoas civilizadas que somos nos cumprimentamos e, ouvi pela décima vez, uma frase que está se tornando mantra para meu ser: - Flavinho, parabéns por seu belo trabalho com a Casa do Bem, precisamos conversar.

Como faço com todos, agradeço e digo, sim, será ótimo, quando? Pode ser agora? Marco com quem? Estou às ordens... A resposta parece combinada: - A gente se encontra e marca, tchau!

Já havia percebido enquanto jornalista de televisão e de jornal durante muitos anos e, agora como ativista social, que político adora dizer que quer conversar, só não tem a mesma disposição para marcar a conversa real e a finalizar.

Muita gente tem elogiado as ações humanitárias da Casa do Bem e quase todos dizem que querem ajudar. Quando tento amarrar essa boa vontade o telefone toca, o assessor puxa, o assunto muda ou o cara some feito super herói em filme 3D. 

Para não me chatear mais, aprendi a rir de tudo isso. Quando alguém vem contar as presepadas dos políticos que contratam serviços e não pagam, que se acham acima de tudo e de todos e, quando os ouço me dizendo que querem conversar comigo, internamente dou aquela risada gostosa, não de menosprezo, pois não gosto disso, mas de alegria mesmo, é para mudar a energia da coisa e, ao menos tentar tornar o momento prazeroso para meu ser, como que dizendo a mim: é assim mesmo, o que esse povo gosta de verdade é de dizer que quer conversar no futuro, pois, se a conversa acontecer no presente, ele vai ter algum tipo de trabalho e isso, eles parecem que morrem de medo.

Aos que não são assim, me desculpem, é claro que isso não é uma regra e, neste momento, tem também as almas boas que conversam no presente e não se posicionam acima dos problemas mundanos do cotidiano.

Como presidente da Casa do Bem ando torcendo para encontrar os deste modelo, pois, até agora, tenho ouvido é muito lero e pouco agito, como dizem os mais jovens.

*É escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

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