A obesidade é uma doença crônica não transmissível (DCNT) de origem multifatorial e complexa
Entre as causas da obesidade,
estão os fatores biológicos, históricos, ecológicos, econômicos, sociais,
culturais e políticos. Independente do motivo, o que se sabe, levando em
consideração os dados citados, é que a obesidade é uma doença crônica que tem
se tornado cada vez mais crescente.
Muito dessa realidade está
associada a significativa alteração do padrão alimentar, com a redução do
consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e maior participação
dos alimentos ultraprocessados. Além disso, hábitos não saudáveis que incluem o
excesso de tempo gasto em comportamentos sedentários, impulsionados pelo uso
excessivo de telas, atrelado à pouca ou nenhuma prática de atividade física,
são cada vez mais recorrentes.
Tanto o sobrepeso quanto a
obesidade se referem ao acúmulo excessivo de gordura corporal. E ambas as
condições são fatores de risco para outras enfermidades, como: doenças
cardiovasculares, diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer. Isso sem
falar da maneira como o problema é visto pela sociedade, podendo levar a
estereótipos e discriminação. E é justamente nesse ponto que fica evidente como
aspectos sociais e psicológicos do indivíduo podem ser afetados, para além da
questão física.
Como a obesidade é influenciada
por fatores biológicos e contextuais, são necessárias ações estruturantes e
políticas públicas para promoção da saúde, implementação de medidas de
prevenção do ganho de peso excessivo, diagnóstico precoce e cuidado adequado às
pessoas com excesso de peso, bem como o estabelecimento de políticas
intersetoriais e outras que promovam ambientes e cidades saudáveis.
O trabalho do SUS no cuidado à obesidade
A porta de entrada preferencial
para o Sistema Único de Saúde é a Atenção Primária à Saúde (APS), onde as
pessoas com obesidade são identificadas e acolhidas pela equipe
multiprofissional nas Unidades Básicas de Saúde, que fazem o acompanhamento e,
quando necessário, encaminham os usuários para a Atenção Especializada.
O atendimento na APS compreende
desde ações de promoção da saúde (tais como o estímulo à prática regular de
atividade física, o incentivo ao aleitamento materno e à alimentação adequada e
saudável, a realização de práticas integrativas e complementares de saúde, como
yoga e acupuntura) até a identificação das pessoas com obesidade pelos agentes
comunitários e profissionais de saúde, focando nos desafios e nas estratégias
de cuidado de maneira individualizada e integral.
Levando em consideração que, no
âmbito do SUS, a obesidade é tratada como fator de risco e como doença, o Manual de Atenção às Pessoas com Sobrepeso e Obesidade no Âmbito da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde
(SUS) traz um conjunto de recomendações para qualificar a atuação dos gestores,
das equipes e dos profissionais de saúde que atuam na APS para atenção aos
casos de sobrepeso e obesidade.
Destacam-se algumas orientações-chave:
1 – Tirar o foco da perda de peso
O Manual do SUS tem suas ações
baseadas na promoção da saúde do usuário com sobrepeso e obesidade,
considerando a perda de peso apenas como um dos elementos e/ou resultados do
processo de cuidado , mas não o único. Vale reforçar ainda que, quando perder
peso é o único objetivo ou o foco principal, os meios para alcançá-lo podem se
distanciar de atitudes saudáveis.
Além de reconhecer que o ganho
(ou a perda) de peso não é resultado apenas de escolhas individuais, as
orientações devem se fundamentar na ideia de que todos são capazes de alcançar
saúde e bem-estar, independentemente do peso corporal, porque saúde e qualidade
de vida são os verdadeiros objetivos.
Para se ter uma ideia de que as
estratégias de cuidado vão além do peso ou do percentual de gordura corporal,
em uma circunstância de sobrepeso ou obesidade, uma perda de 5 a 10% do peso
corporal promove benefícios significativos para a saúde, uma vez que pode
provocar melhora nos principais fatores de risco e nas comorbidades, como por
exemplo: redução da pressão arterial, redução do risco cardiovascular, do
colesterol e da glicemia, entre outros.
2 – Adotar uma alimentação
adequada e saudável
A principal recomendação é ter
uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados,
conforme orienta o Guia Alimentar para a População Brasileira. Junto a isso, evitar o consumo de alimentos
ultraprocessados, que estão amplamente associados ao ganho de peso.
3 – Praticar atividade física
regularmente
Independente de resultados
aparentes em relação ao peso, mudanças no estilo de vida devem ser valorizadas,
ainda que possam parecer pequenas. Como o início de uma atividade física, mesmo
que não seja na intensidade ideal ainda, mas que pode ir progredindo ao longo
do tempo. Além disso, a atividade física ideal é aquela que a pessoa consegue e
gosta de praticar. Isso faz com que a prática seja regular e constante.
4 – Acolher e cuidar do lado
emocional
O estigma da obesidade se refere
aos abusos físicos e/ou verbais que os indivíduos com sobrepeso ou obesidade
sofrem. Essas situações tendem a levar à exclusão e discriminação,Ou seja, são
comportamentos e ações que menosprezam o corpo das pessoas com excesso de peso.
O estigma acontece, frequentemente, apoiado na justificativa de desencorajar
comportamentos não saudáveis e melhorar a saúde das pessoas com obesidade, que
são culpabilizadas pelo seu excesso de peso.
O preconceito, o estigma e a
discriminação ao invés de estimularem mudanças, desmotivam e até promovem uma
piora do quadro, principalmente do ponto de vista emocional. Quem passa por
isso é menos propenso a procurar os serviços de saúde, tanto para essa como
para outras condições, comprometendo o acesso à saúde como um todo.
Além disso, o Ministério da Saúde
dispõe do documento Protocolos de Uso do Guia Alimentar para a População Brasileira com foco na orientação alimentar
de pessoas adultas com obesidade, que traz as seguintes recomendações
principais:
Estimular o consumo diário de
alimento do grupo de feijões, preferencialmente no almoço e jantar;
Evitar o consumo de bebidas
adoçadas tais como refrigerante, suco e água de coco de caixinha, que são
bebidas ultraprocessadas.
Evitar o consumo de alimentos
ultraprocessados como hambúrguer, embutidos – linguiças, salsicha, macarrão
instantâneo, salgadinhos de pacote e doces.
Consumir diariamente legumes e
verduras no almoço e no jantar - acompanhando, por exemplo, a combinação arroz
e feijão.
Consumir diariamente frutas
Alimentar-se com regularidade e
atenção, sem se envolver em outras atividades. Fazer as refeições, sempre que
possível, em companhia com a família ou amigos.
Três guias para auxiliar a prevenção da obesidade e a promoção da saúde
O caminho mais seguro, saudável e
sustentável para prevenir e deter o avanço da obesidade em todas as idades é
aliar uma alimentação adequada e saudável à prática regular de atividade
física. Nesse sentido, três publicações do Ministério da Saúde podem colaborar
de maneira decisiva para a adoção de hábitos e rotinas mais saudáveis:
O Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, que
traz orientações nutricionais para o início da primeira infância;
O Guia Alimentar para a População Brasileira, que pode inspirar toda
a família a se alimentar de maneira saudável;
E o novo Guia de Atividade Física Para a População Brasileira, que contempla
práticas para uma vida ativa fisicamente adequadas à infância e também aborda a
importância da educação física escolar.
Texto reproduzido da
ASCOM/MS
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divulgação
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