Como marca da luta
pela garantia da assistência à saúde ao público feminino, o dia 28 de maio foi
instituído como o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna
Apesar
de ser uma realidade conhecida pela sociedade, a mortalidade materna continua à
margem do sistema de saúde brasileiro. No Rio Grande do Norte, a taxa de óbitos
permanece bastante elevada. Se não houver a continuidade da assistência à saúde
das mulheres com o avanço da pandemia da Covid-19, o número de mortes pode ser
ainda maior.
De
acordo com a obstetra Maria do Carmo Lopes de Melo, presidente do Comitê
Estadual pela Redução da Mortalidade Materna, o estado possui uma taxa em torno
de 60 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Número bem acima da meta firmada entre
o Brasil e a Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 30 óbitos para cada
100 mil nascido vivos até 2030, conforme os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável. Atualmente, no país, o índice de mortalidade está em 64,5 óbitos.
A
mortalidade materna é um significativo indicador da qualidade da saúde prestada
à mulher durante a sua vida reprodutiva. Uma das influências na taxa são as
condições socioeconômicas da população. Como marca da luta pela garantia da
assistência à saúde ao público feminino, o dia 28 de maio foi instituído como o
Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.
“Nós
estamos vivendo uma pandemia, mas a mortalidade materna é uma epidemia
silenciosa. A mortalidade materna comove, mas não sensibiliza a sociedade e
muito menos os gestores da saúde pública. Espero que após esta pandemia, os
hospitais fiquem mais preparados para receber essas mulheres”, lamenta a
obstetra.
A Organização Mundial de Saúde define como morte materna, a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez. Também se considera nesta categoria, a morte após um ano do parto, se houver causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, como mortalidade materna tardia.
Para
a especialista, também integrante do Conselho Consultivo da Associação de
Ginecologia e Obstetrícia do RN (Sogorn), o que chama mais atenção é que as
principais causas de mortes maternas são “evitáveis através de um planejamento
reprodutivo adequado, um pré-natal de qualidade e a garantia de assistência ao
parto e ao puerpério”. Entre as principais causas, segundo Maria do Carmo,
estão: a hipertensão, hemorragia e infecção.
Doenças
pré-existentes que podem agravar durante a gravidez, daí a necessidade de realizar
os exames antes de engravidar. Sem esses devidos cuidados, pode agravar o
quadro levando à morte no ciclo grávido-puerperal. Segundo Do Carmo, em algumas
ocasiões as mulheres têm alguma doença e não sabem, ou não atentaram para os
sintomas, mas que durante a gravidez podem se agravar e, como consequência,
ocorre o óbito. “Mais comumente a diabetes e doenças cardiovasculares”,
acrescenta.
Para
a médica, no âmbito da assistência ao parto, o fator principal para
melhoramento é a informação antecipada para a gestante sobre onde ela poderá
dar à luz. “Embora a Lei Federal 11.634, de 21 de dezembro de 2007, estabelece
que na primeira consulta do pré-natal a mulher já deva saber qual a maternidade
onde vai parir, infelizmente essa determinação não é seguida”, expõe. A médica
explica que este conhecimento é fundamental para o caso de alguma
intercorrência durante a gravidez, nessa situação, a mulher já estará ciente de
qual maternidade procurar, evitando assim a peregrinação entre os hospitais.
“Nesse último ano, foi criada uma central de regulação que não funciona ainda
dentro do adequado, mas melhorou um pouco evitando que as mulheres sejam
submetidas à peregrinação em busca de atendimento”, comenta.
Coronavírus e as gestantes
Para
Elvira Mafaldo, presidente da Sogorn, é importante que o Sistema de Saúde
mantenha uma atenção especial sobre as gestantes e puérperas neste período de
pandemia. Pois, um atendimento precoce diante dos primeiros sintomas pode
evitar um agravamento da doença entre esta população. Até o momento, não há
registros de óbitos maternos por causa do novo coronavírus no RN. No Brasil, já
ocorreram 24 casos de mortes.
“Algumas questões já foram bem definidas pelo Ministério da Saúde no que diz respeito a assistência às mulheres no ciclo grávido puerperal. Sobretudo, sobre a necessidade de que as suas consultas pré-natais sejam mantidas dentro de uma regularidade possível e de acordo com a exigência de cada caso. Também há a orientação de buscar atendimento o mais precoce possível em caso de suspeita da doença, no caso das gestantes e mães de recém-nascidos. O antigo direcionamento de permanecer no domicílio em observação não é mais a orientação que deva ser seguida”, esclarece. [por assessoria de imprensa]
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