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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Contos fabulosos: Uma Princesa no reino de Philia à procura de um nobre casamento

O Casamento de Felizia

Autor: Sidney Caicó*

Parte 1

Uma princesa de nome Felizia resolve casar-se. Ela falou para o Rei Tempus, do Reino da Philia, seu pai, que lhe ajudasse para encontrar um nobre pretendente. - Vou ajudá-la minha filha. Mas, aguarde um tempo para que possa descobrir qual entre os pretendentes será realmente o seu marido. Tenho vários amigos e aliados e todos buscam casar-se com você.

- Sim! Falou alegremente a princesa. E saiu sorridente e cantarolando pelos jardins de seu palácio. 
Após alguns dias o rei decreta que a princesa vai casar e que o pretendente tem uma prova para cumprir antes da festa de casamento.   
- O marido da minha filha será o homem que trouxer o tecido que vai ser utilizado para confecção do vestido da noiva. Uma seda rara, cultivada e encontrada no oriente, nas terras distantes, após o grande deserto.
Nos dias seguintes muitos foram os pretendentes que trouxeram os tecidos vindos de todas as partes do mundo. Cada tecido acompanhado com muitos outros presentes e tesouros.
- Diga-me meu filho... Como conseguiu encontrar tecido tão majestoso, pode contar sua história?
Todos contaram seus feitos heroicos. Relatam os perigos que sofrem para chegar às terras do extremo oriente e adquirir o tão famoso tecido.
Tenho a satisfação de compreender sua estória tão magnífica meus jovens, mas nem um é digno de casar-se com a princesa.
- Papai como isso é possível? Nem um pretendente passou no teste. Por qual motivo dificultas tanto?
- Pisei com meus próprios pés nas terras do extremo oriente. Após fazer a travessia do grande deserto aprendi muitas coisas, por isso tenho a experiência para lhe orientar e te digo: esses homens nunca estiveram lá. Todos os tecidos são belos, mas existe um que é especial. Todas as histórias são bonitas de ouvir, mas algumas dão sentidos a vida. Esses homens mesmo com seus atos de bravuras deixaram de apresentar a verdade e o verdadeiro tecido.
- Ainda existe alguém que possa atravessar o deserto, meu pai?
- Sim! Veja estão bem ali. E aponta na direção dos homens que preparam suas montarias.
A princesa reanimou sua esperança e com um profundo suspiro pergunta:
- Quem são esses três homens?
- Um é Rapidus. Homem rico e poderoso do nosso reino com grandes fortunas e com seu grandioso exército. Nas guerras sempre é meu maior aliado. Seus mais valentes guerreiros lhe acompanham na jornada.
- E esse na grande carruagem? Tantas carroças e mantimentos? Está preparado para enfrentar um longo inverno, por acaso?
- Esse é Fennecus. O maior negociante do reino. Muito rico e muito esperto nos negócios. Através dele compramos, trocamos e vendemos. Realizamos bons negócios mutuamente.
- O que faz o jovem rapaz montado no jumentinho? Vai ele fazer a longa viajem montado nesse pobre animal? Sorri a princesa, vendo que tem dificuldade de colocar os arreios no animal, a doma parece ser difícil, mas com sútil olhar deixa transparecer sua admiração por tamanha atitude.
- Esse é Solon. Vive do trabalho da terra, é dele que conseguimos os melhores alimentos. Também vai caminhar em direção ao oriente. Um simples camponês, mas que também tem sua chance de caminhar pelo grande deserto, assim como os demais. Maravilhosa competição! Vejamos quem consegue trazer o mais belo tecido para mais bela dama. Continua entusiasmado o rei. E seu olhar se enche de ternura ao olhar para sua filha.
O rei passa as orientações para todos e avisa que devem entrar no deserto pelas terras do pastor de ovelhas. Ele e sua família guardam, secretamente, um oásis, rico com sua exuberante floresta e onde está localizada uma nascente do rio aos pés da grande montanha do oásis das águas tranquilas.
- Vocês irão precisar reabastecer seu estoque com água para completar a travessia. Falem com o pastor de ovelhas chamado Delfus.
Assim, seguem a grande caravana na direção do deserto em busca do tecido para confeccionar o vestido de noiva da princesa Felizia.
- Todos sabem, pois ouvem falar das aventuras que muitos dizem passar quando estão diante da intempérie do grande mar de areia. Conclui o rei Tempus, avistando ao longe a grande tempestade de areia, bem no horizonte.

Parte 2
A Casa de Delfus
Rapidus após uma longa marcha chega durante um final de manhã com seu exército nos portões da casa de Delfus.
- Sejam bem-vindos, nobres viajantes. Faz muito tempo que poucos resolvem passar por aqui. Irão atravessar o deserto?

  1. - Sim! Velho homem. Sou Rapidus! Estamos indo para o extremo oriente. Onde podemos encontrar água para que

possamos ter mantimentos suficientes para atravessar a segunda parte do deserto? Sabemos que conhece as veredas que podem nos guiar até os pastos verdejantes do oásis das águas tranquilas.
- Bem melhor que entre, coma e pernoite aqui. Vamos prosear um pouco para que possamos ouvir nossas histórias e apresentarmos os lugares por onde andamos. Quais as novidades?
Entusiasmado, apressa seus servos para que sirvam água e hospitalidade para os viajantes.
- Nada disso Delfus! Temos muito a percorrer. Fale homem! Como podemos chegar ao oásis. Em tom grosseiro adianta um passo na direção do portão. Todos ao mesmo tempo esporam seus animais e os cascos fazem estremecer o chão.

  1. Delfus entende que o forasteiro está com presa e que também fará de tudo para conseguir o que quer.
  2. - Saiba que durante a noite o oásis é cercado por feras que vagueiam em busca das almas perdidas. Deves pernoitar para chegar cedo ao oásis com segurança.
- Tenho sob meu comando os mais valentes homens do nosso reino. Sou conhecido por minhas conquistas e a coragem está conosco. Muitas são as minhas vitórias nas grandes contendas. O que temerei? Temos a vantagem das armas de guerras mais modernas e já fabricadas por nossos cientistas. Nesse momento aponta seu rifle na direção do anfitrião.
- Rapidus, como posso lhe ajudar? Sem que me force a isso! Entenda. Sigam por este caminho até chegar ao meu irmão Agan. Está pastoreando as ovelhas para que logo cedo bebam no poço.
Assim, de forma tranquila Delfus acena para que um dos seus conduza-os até o início da planície desértica.

Parte 3
O Poço de Agan

  • A noite é longa para todos que se aventuram pela planície durante a noite. As feras ecoam por todas as partes. O frio gélido do deserto chega com os pequenos fragmentos de areia que cortam o rosto.
Ao amanhecer do dia, Rapidus e seus comandados estão exaustos. Avistam adiante Agan que aguarda o rebanho que se aproxima das margens do rio para beber água do poço.
- Você é o irmão de Delfus, rapaz? Onde está o poço com águas mais limpas para que possamos beber?
- Sim! Sou eu. Delfus deve ter lhe falado para que pernoitasse e viesse ao clarear do dia. Vejo que perdeu parte do seu exército para as feras da noite. Agan ver que os cavaleiros ainda estão sangrando e vários cavalos estressados relincham sem parar apenas com suas selas vazias.
- Deixe-nos passar! Pegaremos a água antes que seu rebanho a suje. Rapidus açoita seu cavalo sobre Agan rompendo passagem por entre seu rebanho.

  1. - Espere! Aguarde um pouco mais! A geleira da montanha derrete e o rio enche o poço novamente. Ainda está pela metade. Agan nessa hora aponta para que observem a grande montanha. Mas, por estarem cansados e sob o comando de Rapidus, têm atenção voltada para o poço.

  • - Chega de conversa! Homens encham tudo que possam carregar. Vamos logo com isso!
  • Rapitus retorna pelo mesmo caminho para, na próxima encruzilhada, seguir viagem para o oriente.
  • Na passagem da escarpa durante a luz do dia viu os restos mortais de seus guerreiros sendo ainda devorados pelas feras do deserto.

Parte 4

O Caminho mais fácil
- Quem vem aí? Grita novamente a sentinela do portão principal da casa de Delfus.

  • - Sou do reino da Philia, lugar ao leste daqui. Meu nome é Fennecus. Esta é a casa de Delfus para que possamos negociar água em troca de minhas melhores mercadorias?
- Entre logo Fennecus. Sou Delfus e na minha casa tem muitos aposentos. Bem melhor que entre, coma e pernoite aqui. Vamos prosear um pouco para que possamos ouvir nossas histórias e apresentarmos os lugares por onde andamos. Quais as novidades? Entusiasmado apressa seus servos para que sirvam água e hospitalidade para os viajantes.
- Agradeço pela hospitalidade bom homem, mas tenho que partir e repousar mais adiante. Descansaremos ao amanhecer do dia no oásis. Mas, diga-me, Delfos, quanto tem no seu estoque para que possamos negociar suas águas? Claro que será um bom negócio!

  • Enquanto apresenta o que tem em suas carroças para vender, tenta Fennecus com suas ofertas persuadir Delfus, a fim de levar sua água sem precisar ir ao oásis. Fazendo assim, pensa que ganhará tempo para chegar logo na outra extremidade do deserto e alcance logo o lugar onde vai encontrar o tecido que lhe deixará mais rico e com grande poder.
  • - Tenho o suficiente para os próximos dias. A água já está racionada. Você terá que pegar a sua no poço de Agan. Delfus ergue o seu cajado na direção do caminho que Fennecus deve seguir.
Fennecus segue pelo caminho que Rapidus também seguiu. Ao último raio de sol, encontra-se na encruzilhada com ele que está retornando do oásis e que desse ponto segui seu caminho para o oriente.
- Rapidus, que bom vê-lo por aqui, meu velho amigo! Pelo que percebo já traz sua cota de água para travessia. Mas, parece que a água custa muito mais do que pensamos por essas partes.
Pagou um preço mais alto. Perdeu metade de seus homens. Ainda vai precisar ir e voltar em segurança. Sabem por experiências o que podem encontrar na frente? Fennecus olha dentro dos olhos de cada um quando manifesta as lembranças da noite anterior.
- Longe está minha satisfação em nos encontrarmos. Em outra ocasião conversaremos mais.
Dessa forma Rapidus continua caminhando em sentido oposto ao de Fennecus.

  1. - Espere! Posso lhe propor... Posso fazer uma proposta? Será boa para você e melhor para meus negócios. Ao saber da existência dos tecidos do oriente o que me interessa são as grandes possibilidades para que eu possa lucrar mais.
- Fale! O que tens a oferecer? Sem olhar para trás retruca Rapidus.
- Tenho água suficiente para a primeira parte do deserto e metade para segunda. Sei que você tem água suficiente para percorrer as duas partes e ainda vai lhe sobrar. Então, aceite o que vou lhe propor: quero parte de sua água para completar minha jornada e retornar com minhas carroças cheias de tecidos e tudo que puder negociar.
- E o que ganho por isso? Pergunta já aborrecido Rapidus e dá o sinal para que seus homens matem Fennecus.
- Acalme-se Rapidus! Vou te oferecer ajuda e pactuar em defesa do seu reinado. Unidos temos mais homens armados para atravessar o deserto com maior segurança. Na volta ficam todos ao seu comando quando assim precisar.

  1. - Tenho armas e homens suficientes. Uma dúzia ou mais pouca diferença faz! Rapidus também é habilidoso estrategista e manda sua cartada.
  2. - Felizia é uma bela mulher! Mas, posso ter muitas em minhas várias viagens. Prefiro ser dominante para conquistar todas as mulheres do que ser conquistado e dominado por uma única mulher. Sorrir Fennecus e segue com suas astúcias.
  3. - Decida logo! Você sabe o que bem quero. Fennecus apressa em tomar a decisão. Sabe ele que a resposta errada pode lhe custar.
- Também deixo de competir por Felizia. Poder e glória me bastam!
- Aceito seus termos. Seguiremos pelo deserto por esse caminho largo que nos levará aos pés da grande montanha. Passaremos pelas cavernas por baixo do alto relevo e percorremos o caminho mais fácil com ajuda do povo hortus. Assim, fecha seu mapa e guarda sua luneta.
Unidos agora seguem Rapidus e Fennecus.

Parte 5
O Retorno
- Oh de casa! oh de casa! Enquanto espera que alguém te ouça para abrir o portão, Solon resolve dar descanso para sua montaria. O pequeno jumento já murcha e transpira as grandes orelhas.
- Entre meu jovem! Já sei que vai fazer a mesma coisa dos demais que antes passaram por aqui.
- Você quer atravessar o deserto?
- Preciso, para casar-me com a mulher mais linda do mundo!
- Vejo no seu olhar os meus tempos que passaram juntos com as minhas paixões. Contudo, as chamas do amor nunca se apagam. Você parece amar muito essa mulher
- Felizia! É o nome dela! Mora no reino da Philia. Que coisa maior pode um homem desejar quando encontra o amor da sua vida? Vou atravessar o deserto para tê-la comigo.
- Bem melhor que entre, coma e pernoite aqui. Vamos prosear um pouco para que possamos ouvir nossas histórias e apresentarmos os lugares por onde andamos. Quais as novidades?
Entusiasmado, apressa seus servos para que sirvam água e hospitalidade para os viajantes.

  1. - Já estou descansado meu velho. Meu jumentinho está um tanto cansado, mas eu estou com bastante vontade de subir a montanha e usar essas energias. Bastante exibido, mostra os músculos erguendo os braços.
- Bem natural que tenha se comportado assim! Lembro-me das várias formas que fazia tudo ao mesmo tempo quando o sol caminhava nas vésperas do meio-dia. O ímpeto é o lema dos jovens. Contudo, poucas pessoas sabem os caminhos que devem seguir para melhor ouvir os primeiros cantos dos pássaros ao nascer do dia. Chegando a noite quem sentiria medo? Tudo fica mais claro. Mas...
- Entre meu rapaz. Delfus fala tudo isso sorrindo.
- Vou seguir minha viagem. Pode dizer por onde posso ir até o poço do oásis mais próximo, meu senhor?
- Saiba que durante a noite o oásis é cercado por feras que vagueiam em busca das almas perdidas. Deves pernoitar para chegar cedo ao oásis com segurança.

  1. - Tenho coragem de sobra! Acamparei mais na frente ao anoitecer. Agora que meu jumento comeu e bebeu água pode ir comigo a diante. Pela manhã já estaremos no oásis. Enquanto falava chicoteava seu jumentinho que empancado evita sair do lugar.
Solon chega à encruzilhada que leva ao poço e percebe que tem um longo caminho a percorrer. O sol desaparece por trás da grande mancha branca que cobre o topo da montanha. Os primeiros uivos começam ser ouvidos cada vez mais próximos e o jumento de Solon trava no lugar e só anda em sentido contrário ao que parece fazer seu dono.
O animal se estica do outro lado da corda e força sua volta arrastando as quatro patas. Solon entra na batalha do cabo de guerra contra seu jumento. O jumento pega a oportunidade e consegue sair do laço do cabresto em volta das orelhas que facilitam a passagem por estarem suadas.
- Para seu miserável! Covarde! Grita Solon correndo atrás do jumento que sai em disparada. Volta pelo caminho que os trazem à casa de Delfus.

  1. - Chegaram meus amigos! O homem tem essa capacidade de pensar melhor. Pode rever o caminho e fazer o retorno. Deixe que cuidemos de seu animal. Venha Solon! Vamos jantar e prosear agora.
- Acho que tenho que admitir: realmente deveria ter pensado melhor. A planície do deserto fica muito escura e o frio chega tão rápido quanto a despedida da luz do dia. Posso enfrentar essa noite outra hora. Hoje vamos aceitar sua hospitalidade e podemos iniciar a prosa. Muito obrigado Delfus.

Durante as horas que antecedem a meia-noite, Solon e Delfus contaram suas histórias e estórias, trocaram informações sobre suas experiências de vida, aprenderam algo novo com a gentileza da prosa. Um ouviu o outro de forma respeitosa e atentamente; até o silêncio se faz necessário.z

Parte 6
A Nascente do Rio
- Bom dia Agan! Eu e seu irmão Delfus passamos a noite inteira conversando. Uma boa prosa me trouxe aqui.
- Bom dia! Qual seu nome rapaz? Sou Solon de Philia, um reino mais ao leste daqui.
- Escute nobre cavaleiro... Espere um pouco para que possa pegar água e dar de beber ao seu animal. A água em poucos minutos descerá do topo dessa bela montanha. Olhe! Sabe comtemplar?
- Sim! Vejo o branco da neve em seu mais alto topo encoberto pelas nuvens. Podem os deuses fazer sua morada lá?
- Calma! Apressa-te em derreter a montanha antes mesmo de conhecê-la. Contemplação exige ir além das montanhas que seus olhos podem ver. Vai além! Ir onde poucos foram é um beneplácito com gratidão.

  1. - Vejo apenas o topo! É muito alto para chegar lá. O que posso mais ver além das nuvens? Lá só existe o vazio.
- Sim! Existe algo lá. É possível chegar sobre seu jumento. Os risos logo ecoam pelas estepes.
Agan compreende a dificuldade do rapaz em decifrar o que está velado em sua prosa.

  1. Enquanto conversam, o cume da geleira derrete e desce caudaloso enchendo o leito do rio. Às margens, vários são os animais que buscam espaços entre as manadas para beberem das águas límpidas e cintilantes. O sol brilha forte para todos, mas faz refletir no espelho as imagens distorcidas pelos ventos.
- Obrigado Agan! Voltarei outro dia para que possamos prosear um pouco mais.
Segue Solon sua jornada. Após arrumar sua bagagem consegue ver os rastros por onde outros passaram. Pensa na estrada que vai ainda percorrer e qual o grau de dificuldades encontrará pelo caminho que o levará ao deserto.

Parte 7
A Travessia do Deserto
Solon passa seus dias e noites no deserto, seguindo as orientações de Delfus. Tudo lembra por causa de suas histórias e estórias contadas através da prosa que tiveram durante sua hospedagem.
Contornou a montanha pelos vales das pedras que estão postas em lugares firmes no mar de areia movediça.
Conseguiu matar as feras mais mortais do deserto por antecipar suas táticas de caças, agora aprimoradas pelos ensinamentos de Delfus.
Passou nos caminhos tortuosos que beiram o abismo da montanha. Venceu o calor, venceu o frio e as tempestades de areias, venceu a solidão.
Soube racionalizar a quantidade de água para que alimentasse seu jumentinho. E soube manter a calma para poupar energias.
Fez tudo quanto pode para seguir os ensinamentos do velho sábio Delfus.
Quando passa através da última montanha do deserto ver soterrados na areia os restos mortais de seus rivais na competição. Triste, permaneceu em silêncio.
- O que será que provocou suas mortes? Saiu pensando.
Bem adiante avista, porém, muito distante as primeiras imagens do que parece ser uma grande muralha.
- Por fim, cheguei! Grita, rir e chora de alegria correndo a galope sobre seu jumentinho.
Solon vence a competição. Consegue o consentimento do rei Tempus para casar-se com Felizia, a bela princesa de Philia.
- O que mais queres que eu diga? Sim! O que aconteceu com Rapidus e Fennecus?
- Lembra da espera no poço de Agan? Sim! A falta de paciência tornou-se seu fracasso. Todos morreram por beber das águas contaminadas do poço.
Ora mais! Todos os animais bebiam ali. Durante as noites e bem perto do clarear do dia. As vegetações e seivas trazidas em seus corpos repousam sobre as águas que de tão movimentada tornam-se turvas. Delfus e Agan sabem que beber a água sem o processo de decantação é a mesma coisa de ingerir venenos. As águas límpidas que jorram do alto das geleiras lavam o rio depois.
A prosa na casa de Delfus serve, aos viajantes, como um salvo-conduto.

*Sidney Caicó é escritor, cronista, autor do livro O Tesouro de Sant'Ana.

Imagem reproduzida da internet/divulgação
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