Por Simone Norat Campos
Dentista - Casa Durval Paiva
CRO/RN 1784
Os cuidados
com a saúde bucal são de suma importância antes, durante e pós tratamento
oncológico. O ideal é que o paciente seja examinado pelo cirurgião-dentista,
tão logo seja diagnosticado com câncer, para que o tratamento odontológico,
preferencialmente, anteceda o oncológico.
A
quimioterapia, uma das modalidades de tratamento contra o câncer, age de forma
mais intensa em células que apresentam maior índice mitótico, ou seja, que
estão sempre em renovação celular como as da mucosa bucal e do tubo digestivo,
sítios de maior citoxidade.
Tanto a
quimioterapia quanto a radioterapia causam vários efeitos colaterais na
cavidade oral como mucosites (ulcerações), infecções, hemorragias, alteração do
paladar, cárie de radiação, xerostomia (boca seca), entre outros. Esses
problemas quando tratados de forma inadequada, desencadeiam dificuldades
nutricionais, sociais e emocionais, alterando severamente a qualidade de vida
desses pacientes. Portanto, deve existir um atendimento integrado, médico e
odontológico, a fim de se ter prevenção, diagnóstico e tratamento adequado.
Todo o planejamento odontológico deve ser realizado junto a equipe médica para
não gerar qualquer interferência no tratamento proposto e sim contribuir e se
adequar a cada caso.
O tratamento
odontológico aos pacientes com câncer tem toda uma particularidade nos
procedimentos. Deve-se priorizar a prevenção odontológica, orientação e
treinamento em higiene bucal para um possível controle de lesões bucais e
funções. Exames radiográficos devem ser pedidos para visualização de estruturas
dentárias e ósseas. Remover toda fonte de trauma para a mucosa bucal, como por
exemplo: aparelhos ortodônticos, dentes e/ou restaurações fraturadas e dentes
decíduos (de leite) em fase de esfoliação, evitando-se, assim, infecções de
origem endodônticas (canal) e da mucosa bucal.
Também deve
ser dada uma atenção especial à orientação da dieta, sobre os alimentos
cariogênicos (causadores da cárie), principalmente em pacientes pediátricos,
pois algumas crianças voltam a se alimentar por mamadeiras, por falta de
apetite, limitações na deglutição ou até mesmo devido a regressões emocionais.
O tratamento
de lesões de cárie deve ser realizado, preferencialmente, de forma atraumática,
ou seja, através de curetas e colocação de cimentos ionoméricos. Quando o
paciente é submetido a radioterapia de cabeça e pescoço, a restauração com
amálgama é contraindicada devido ser fonte secundária de radiação e por poder
desenvolver reação liquenóide por contato, envolvendo a mucosa bucal
diretamente em contato com o material restaurador. Em cáries avançadas,
dependendo do caso, recomendamos tratamento de canal em dentes permanentes e em
dentes decíduos (dentes de leite) recomendamos a extração dentária. Havendo
presença de infecção, a antibioticoterapia deve ser realizada.
Em dentes
com mobilidade é indicado a extração, principalmente nos pacientes que vão se
submeter a radioterapia na região de cabeça e pescoço, a fim de se evitar a
osteorradionecrose (necrose óssea).
Nesse
contexto, o serviço odontológico da Durval Paiva atua no hospital, junto a
equipe médica, planejando todo o tratamento odontológico, de acordo com o
protocolo individualizado dos pacientes, também no ambulatório, onde são
realizados os tratamentos eletivos.
A presença
do dentista na equipe transdisciplinar é de fundamental importância na
prevenção das complicações do tratamento oncológico, removendo focos de
infecções, realizando intervenções odontológicas antes do início do tratamento
e controle dos efeitos colaterais agudos advindos da quimioterapia e
radioterapia.
Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval
Paiva
Assessoria de Comunicação
Foto relacionada à divulgação
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