Por Laíse Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva
CRP 17-3166
O câncer é
uma doença estigmatizada, com representações simbólicas negativas. Há
discussões que o câncer é uma das doenças que é encoberta por diversos
estigmas, em que segundo os escritores Barbosa e Francisco (2007) “podem fazer
com que o enfermo se oculte, se afaste dos seus papéis sociais, que não queira
mais se relacionar com outras pessoas, desista dos seus sonhos ou,
simplesmente, não se disponha a levar adiante um tratamento por acreditar na
impossibilidade de cura.”. Todos os estigmas culturalmente difundidos reforçam
o medo de alguns pacientes enfrentar a doença, de ir em busca de exames
preventivos ou até mesmo de um diagnóstico precoce. O que dificulta ainda mais
quando os pacientes então inseridos em situações de vulnerabilidade.
De acordo
com o escritor Cárceres (2000), registrado por Carvalho (2008), entende-se
vulnerabilidade social como: “[...]a relativa desproteção na qual se pode
encontrar um grupo de pessoas [...] frente a potenciais danos de saúde e
ameaças à satisfação de suas necessidades básicas e seus direitos humanos, em
razão de menores recursos econômicos, sociais e legais.”. Ou seja, a
vulnerabilidade social se refere a grupos ou indivíduos que se encontram
fragilizados, sem proteção, sem garantia de seus direitos. Podemos considerar
alguns pacientes que realizam o tratamento do câncer como um desses grupos, uma
vez que a precariedade das condições de vida desses sujeitos sejam sociais,
econômicas ou culturais, amplia a vulnerabilidade social que a doença impõe.
Essa é uma
das características percebidas durante os atendimentos aos pacientes/familiares
atendidos na Casa Durval Paiva, pois muitos deles são do interior do estado do
Rio Grande do Norte e relatam ter dificuldade de acesso aos serviços
necessários à satisfação das necessidades básicas, como por exemplo, a
dificuldade de acesso ao serviço de transporte; de saúde, como a realização de
exames e procedimentos; e condições dignas de moradia e educação. Diante dessas
barreiras, é necessário que a equipe multidisciplinar faça uma avaliação das
necessidades de cada caso para que os encaminhamentos e atendimentos sejam
realizados, de modo que se tenha uma minimização da fragilidade e desproteção,
atendendo as demandas até então existentes.
Outro ponto
importante a ser destacado no contato com essas famílias que se encontram em
situação de vulnerabilidade é que, mesmo diante do sofrimento e de situações de
crise, algumas pessoas continuam refletindo sobre o seu modo de agir, sentir,
sobre si e suas histórias. Tendo origem na Física, a propriedade da matéria
voltar ao seu estado original após algum tipo de deformação é chamada de
resiliência. Os autores Simão e Saldanha (2012) definem resiliência como a
“habilidade para lidar e se adaptar aos momentos difíceis da vida, sejam
tragédias pessoais, estresse diário intenso ou mesmo desastres que podem surgir
do nada. Essa habilidade faz com que a maioria das pessoas sejam maleáveis e
reajam quando chegam ao estado popularmente denominado ‘fundo do poço’”.
Percebemos
que mesmo com as adversidades da vida, após um diagnóstico de câncer e do
início do tratamento, os pacientes e familiares podem utilizar esses fatores ao
seu favor, fortalecendo as suas vidas. Muitos conseguem dar novos sentidos
ressignificando as dificuldades e sofrimentos encontrados durante todo o
processo de tratamento.
Estar em
situação de vulnerabilidade social e se adaptar ao tratamento do câncer são
desafios possíveis de serem vencidos.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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