Por Simone Norat Campos
Dentista - Casa Durval Paiva
CRO/RN 1784
A síndrome
epidermólise bolhosa congênita (EB) é uma doença rara de origem genética que
afeta principalmente a pele e as mucosas em área de fricção e pressão,
caracterizada pela formação de bolhas e úlceras. Existem vários tipos de epidermólise
bolhosa, dentre elas, a distrófica recessiva que é o tipo que apresenta
envolvimento bucal mais severo e inclui microstomia (diâmetro reduzido da
boca), anquiloglossia (língua presa) e redução da profundidade do vestíbulo
bucal (porção mais externa e menor da boca) devido aos ciclos repetidos de
cicatrização.
É importante
ressaltar o atendimento preventivo odontológico em crianças com epidermólise
bolhosa o mais cedo possível, de preferência ainda bebê, para manter a
integração da dentição natural e assim evitar o tratamento odontológico
invasivo, minimizando a formação de bolhas.
É primordial
que o dentista conheça a doença antes da intervenção odontológica, devido a sua
característica de formação de bolhas e vesículas após um trauma mínimo ou
fricção. Na EB distrófica dominante, as alterações bucais são mais leves como
algum eritema (vermelhidão) e sensibilidade na gengiva. Já na EB distrófica
recessiva os problemas bucais são mais graves, ocorrendo a formação de bolhas
por algum alimento mais áspero. Os ciclos repetidos de cicatrização causa
também um estreitamento grave do esôfago levando a uma alimentação pastosa.
Algumas
anormalidades dentárias estão associadas ao diferentes tipos de EB como
anodontia (ausência de dentes), dentes neonatais (que nascem ao nascimento),
atraso na erupção dos dentes e lesões graves de cárie dental, devido à dieta
pastosa, geralmente cariogênica. O comprimento da maxila e mandibula é menor
nos portadores de EB recessiva distrófica, contribuindo para o apinhamento
dental. Essa característica pode ser devido à redução da função mastigatória,
mediante a dieta pastosa e as deformidades causadas pela cicatrização na região
bucofacial.
O tratamento
odontológico requer um cuidado maior com a mínima manipulação e lubrificação
dos instrumentos. Procedimentos atraumáticos são preconizados, assim como a
ênfase a prevenção para reduzir a necessidade dos tratamentos restauradores. A
manutenção da dentição permite uma mastigação mais eficiente e melhor nutrição.
Os pais devem ser orientados sobre as
dificuldades da intervenção odontológica nesses pacientes. Devido à
sensibilidade da mucosa, e consequente dificuldade de realizar higiene bucal
diária, eles têm alto índice de placa bacteriana, lesões cariosas extensas e
restos radiculares.
Nos
procedimentos odontológicos, deve-se apoiar as mãos e os instrumentos nos
dentes para evitar traumatizar a mucosa e instrumentos lubrificados com
anestésicos tópicos em gel para evitar dor na região que está sendo manipulada.
Orientações devem ser feitas com relação ao uso de escovas especiais, flúor com
verniz, flúor caseiro sem corante ou álcool, uso de clorexidina oral a 0,12%
para os pacientes com higiene bucal deficiente, restrição de açucares na dieta
e visitas regulares ao dentista.
O serviço
odontológico da Casa Durval Paiva além dos pacientes oncológicos, atende também
os pacientes hematológicos com Epidermólise Bolhosa, oferecendo um tratamento
educativo, preventivo, com visitas mensais ao dentista para reduzir a
necessidade de tratamento restaurador e o atendimento com laserterapia de baixa
potência nos pacientes com bolhas extensas em mucosa oral, causando um maior
conforto, controle da dor e cicatrização das bolhas.
Como já foi
observado, a realização de procedimentos odontológicos em pacientes com EB
distrófica recessiva é muito difícil. Dessa forma, é de suma importância a
motivação constante da criança e seu núcleo familiar para a realização dos
procedimentos preventivos que promovam a saúde bucal e preservem a dentição, a
fim de ajudar o paciente quanto à nutrição e seu desenvolvimento emocional.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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