Por Laíse Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva - CRP 17-3166
psicologia2@casadurvalpaiva.org.br
A Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) é destinada à internação de pacientes graves, que
requerem atenção profissional contínua, materiais específicos e tecnologias
necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. Nesse espaço, se encontram
recursos materiais e tecnológicos para um melhor atendimento ao paciente;
equipe técnica qualificada composta por diversos profissionais de saúde, como
médicos intensivistas, enfermeiro-chefe, técnicos de enfermagem, psicólogo, fisioterapeuta,
nutricionista, assistente social, fonoaudiólogo, entre outros. É dada uma
atenção constante, 24h diárias de medicações, exames, testes e rotina.
Além de
apresentar um quadro clínico grave, o paciente internado na UTI exibe
especificidades quando comparado a outro, por estar submetido a situações que
podem originar ansiedade, dor, solidão, sofrimento e até mesmo o medo da morte
de maneira potencializada. Por ser um ambiente com atendimento contínuo, os
pacientes ficam expostos a uma luminosidade artificial permanente, aos ruídos e
bipes constantes dos aparelhos, a uma alteração dos ciclos circadianos (do
ciclo de sono e vigília), perdendo a percepção se é dia ou noite, por exemplo.
Além disso, são constantemente submetidos a procedimentos invasivos e têm a sua
privacidade invadida, ficando confinados ao leito. Todos esses fatores causam
incomodo aos pacientes.
Com relação
à invasão da privacidade, os pacientes também relatam que há uma privação da
autonomia, liberdade e uma maior dependência aos cuidados do outro (nesse caso,
da equipe de cuidado), o que desenvolve um estado de inatividade. O pensamento
de “não posso fazer nada sozinho” pode frustrá-los e gerar um sentimento de
impotência, diante da falta de controle de si mesmo.
Alguns
pacientes relatam que as conversas entre os profissionais que ali trabalham e o
restrito tempo de visita dos familiares e amigos também são fatores que os
incomodam, bem como, a falta de interação da equipe com os próprios pacientes,
não fornecendo as informações importantes. A sensação de abandono e o
sentimento de saudade, insegurança e vergonha contribuem para o aumento da
ansiedade. O medo da morte é outro aspecto importante a ser considerado, uma
vez que eles dividem o mesmo espaço com outros pacientes também graves, tendo,
geralmente, o seu leito separado do vizinho por uma cortina. Vivenciar e
partilhar o sofrimento do outro ou até mesmo a morte, pode provocar o medo do
que pode acontecer consigo, criando uma série de fantasias.
Nas
situações dos pacientes atendidos na Casa Durval Paiva, quando há a necessidade
de um suporte de UTI, eles são encaminhados para uma Unidade de Terapia
Intensiva Pediátrica (UTI-P), a qual é destinada à assistência de pacientes com
idade de 29 dias a 14 ou 18 anos, sendo este limite definido de acordo com as
rotinas hospitalares internas. Comumente, os familiares dos pacientes têm um
choque ao receber a notícia da necessidade da internação na UTI por ter em
algum momento da vida ouvido relatos de experiências traumáticas.
Diante de
tantas demandas, o paciente não precisa apenas de intervenções voltadas para o
cuidado da parte física/biológica. Para se ter uma assistência humanizada
dentro da UTI, é imprescindível que também existam ações voltadas para o
cuidado da saúde mental e bem estar deles e de seus familiares. Ao psicólogo
cabe realizar uma avaliação dos aspectos psicossociais do sujeito e manter uma
comunicação clara, segura e atenta para favorecer ao paciente a expressão de
emoções e sentimentos. É importante estimular que o individuo se expresse,
ainda que seja pela comunicação não verbal. Ajudá-lo a buscar recursos internos
para conseguir enfrentar as suas dificuldades, esclarecer fantasias, incentivar
o vínculo de confiança na equipe, estimular que eles perguntem quando tiver
dúvidas sobre os procedimentos, facilitar a aceitação de dependência e
fortalecer as motivações de sua vida são possibilidades terapêuticas
importantes que o psicólogo pode fazer.
Embora seja
um lugar com muitos sentimentos negativos e experiências traumáticas, a UTI é o
local do hospital mais seguro para o paciente grave, pois é onde ele terá uma
assistência especializada 24h por dia.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
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