Bosta de
preá*
Por Ciduca
Barros**
Historicamente,
as cercas de pedra do sertão do Seridó têm um valor inestimável. Primeiramente,
são uma herança dos primitivos moradores – portugueses que receberam da Coroa
Portuguesa as históricas e enormes sesmarias. Ademais, as cercas também são
construídas com pedras (abundantes na região até os dias de hoje) pela
dificuldade (e o alto custo) que havia antigamente na aquisição de arame
farpado, além da sua durabilidade, é claro, pois muitas delas já têm mais de um
século. Precisamos ressaltar que as “cercas de pedra” não são uma criação
seridoense, pois existem também na velha Europa (mormente na Escócia).
As agências
do nosso Banco do Brasil de antigamente, na década de 1960, ainda financiavam a
construção de cercas de pedras para a sua clientela rural sertaneja.
A filial de
Caicó, cidade localizada no Seridó Potiguar, há alguns anos, financiou algumas
braças de cercas de pedras para determinado cliente. Algum tempo depois do
contrato realizado e do dinheiro liberado, mandou o seu fiscal para uma
vistoria.
Vistoria
realizada, o fiscal da Carteira Agrícola expediu o seu laudo com a seguinte
observação: "O empréstimo está irregular. Verificamos que a cerca de pedra
não é nova, pois constatamos, em algumas partes, bostas de preá".
O gerente da
agência, à vista do laudo de fiscalização, mandou chamar o fiscal e sapecou-lhe
a seguinte pergunta:
– Fiscal
Ambrósio! Em que instrução normativa do Banco do Brasil está determinado que
preá não pode cagar em cercas de pedra novas?
*Preá é um pequeno roedor de ampla
divulgação no Nordeste brasileiro.
**Texto publicado na página do Novo Bar de
Ferreirinha
Foto reproduzida da internet/
Canindé Soares
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